quinta-feira, 31 de março de 2011

που παρασκευάζεται στην Ελλάδα

Ao ver o título deste post você acha que estou escrevendo grego? Como diria o Sílvio Santos, CERTA A RESPOSTA! Realmente, o título está em grego e significa basicamente "feito na Grécia". Aproveitando o aniversário na última terça feira, 29 de março, do compositor Vangelis (completou 68 anos), um dos grandes magos de trilhas sonoras para o cinema, vou falar sobre a biografia da banda que ele fez parte, o Aphrodite's Child ou como diriam os gregos παιδί της Αφροδίτης.

No princípio, vieram os americanos Bill Haley, Elvis Presley, Chuck Berry e todo o séquito de lendas da chamada Primeira Onda que fizeram surgir o Rock and Roll. Os ingleses Beatles, Rolling Stones e toda a constelação de astros da Grã-Bretanha assimilaram-no e fizeram uma revolução chamada Segunda Onda. O Rock se alastrou pelo Velho Continente e chegou à Grécia.

O Aphrodite's Child foi formado na Inglaterra em 1967 pelo vocalista e baixista Demis Roussos (nascido Artemios Ventouris Roussos no dia 15 de junho de 1946 em Alexandra, Egito), pelo tecladista Vangelis (nascido Evangelos Odysseas Papathanassiou no dia 29 de março de 1943 em Volos, Grécia) e pelo baterista e vocalista Loukas Sideras (nascido no dia 5 de dezembro de 1944 em Atenas, Grécia). O nome é uma referência à mitologia grega e significa "criança de Afrodite"(deusa do Amor).

Demis foi um dos muitos jovens gregos influenciados pelo Rock britânico e formou sua primeira banda The Idols aos 17 anos, tocando baixo e guitarra. Já como vocalista formou a banda We Five. Vangelis, de formação clássica, começou tocar aos 4 anos e se tornou hábil em tocar vários instrumentos. Não demorou para ele também ser fisgado pelo Rock, formando a banda The Formynx. Loukas começou a tocar bateria aos 13 anos e fez parte de algumas bandas em Atenas, sua cidade natal.

Os três músicos se encontraram em Londres e decidiram formar a banda, contando com o guitarrista Anargyros "Silver" Koulouris, que ficou pouco tempo na banda já que foi forçado a deixá-la para prestar serviço militar. Sem ocnseguir vistos de trabalho na Inglaterra, a banda mudou-se para a França, onde gravou seu primeiro álbum Rain and Tears pela gravadora Mercury. O disco foi um estrondoso sucesso e vendeu 1.000.000 de exemplares só na França. O mais engraçado da história era o fato de cantarem em inglês e não em francês. Não demorou muito e o Aphrodite's Child se tornou uma banda bem sucedida na Europa e fora dela. O disco foi um tremendo sucesso no Brasil, onde eles tinham um grande número de admiradores. Seu som psicodélico, que remetia a bandas como Procol Harum e Moody Blues, a banda conseguiu conquistar até o exigente mercado inglês. Em janeito de 1969, aproveitando uma turnê pela Europa, eles gravaram um single em italiano, Lontano dagli occhi/Quando l'amore diventa poesia para o famoso festival de música de Sanremo, do qual acabaram não participando. Em seguida, no mesmo ano, veio o single I Want to Live/Magic Mirror.

Em 1970, gravaram seu segundo álbum It's Five O' Clock no estúdio Trident na Inglaterra. Devido ao grande sucesso, fizeram uma nova turnê que não contou com Vangelis que preferiu ficar em Paris para continuar trabalhando na trilha sonora do filme Sex Power de Henri Chapier, que também contou com a participação de Demis. Foi sua primeira incursão no gênero. Para seu lugar, a banda contratou o músico de estúdio Harris Salkitis.

Em 1972, voltaram a se reunir em estúdio para gravar o derradeiro álbum da banda 666, inspirado pelo livro bíblico de Apocalipse (Revelação). O guitarrista Koulouris, que havia saído pouco antes do primeiro disco da banda, deu baixa no serviço militar e volou a se reunir com os companheiros. Só que nessa altura dos acontecimentos, a relação entre os membros do Aphrodite's Child estava se deteriorando a olhos vistos. O conceito do álbum foi bolado por Vangelis praticamente sozinho, o que teria desagradado seus colegas. Sideras e Roussos queriam que a banda seguisse um caminho mais pop, o oposto do pensamento de Vangelis, mais cerebral e tendendo ao Rock progressivo, que faria muito sucesso a partir da metade da década de 70. Assim, a banda optou por se separar.

Demis gravou seu primeiro álbum solo On the Greek Side of My Mind, onde contou com o colega Sideras na bateria. O single extraído desse álbum We Shall Dance fez um grande sucesso e ele se firmou como cantor popular, tendo uma legião de fãs (inclusive no Brasil). Pouco antes do fim do Aphrodite's Child, Demis havia cantado All is Vanity no disco de Martyn Ford The Bible Album, baseado no livro bíblico de Eclesiastes. Muito ligado ao Brasil, Demis gravou uma das mais conhecidas músicas do país, Asa Branca (de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) em inglês, que recebeu o título [óbvio] de White Wing. Mostrando que não exisitam rusgas com Vangelis, Demis trabalhou com o ex-colega em alguns de seus discos solo.

Após o trabalho no primeiro album solo de Roussos, Loukas começou a elaborar sua carreira individual gravando dois álbuns pela Polydor One Day (1972) e Pax Spray (1974). Com o fracasso desses discos, decidiu trabalhar apenas como produtor. No fim dos anos 80, formou a banda Diesel que chegou a gravar um álbum em 1995. 10 anos depois, formou a banda Los-Tres e em 2008, volotu a trabalhar individualmente, gravando o álbum Stay With Me de orientação fortememente influenciada pela World Music.

O guitarrista Anargyros "Silver" Koulouris formou com o ex-colega Vangelis a banda Earth, primeiro trabalho solo dele.

Após o fim do Aphrodite's Child, Vangelis formou a banda Earth, que contou com o ex-colega Koulouris. Depois de alguns trabalhos, ele foi cogitado como substituto de Rock Wakeman no Yes. Ele acabou recusando o convite para trabalhar com o ex-tecladista daquela banda, Patrick Moraz, que tocou posteriormente no Moody Blues . Embora não tenha ingressado naquela banda, um dos maiores nomes do Rock Progressivo, Vangelis desenvolveu um ótimo duo com o vocalista do Yes, Jon Anderson. O Jon & Vangelis fez muito sucesso nos anos 70 e 80. Um de seus maiores êxitos foi a canção Deborah, uma homenagem à filha do cantor. Além disso, Vangelis tornou-se um dos mais prolíficos compositores de música eletrônica (New Age) e de trilhas sonoras, muitas delas premiadas como Chariots of Fire (Carruagens de Fogo), 1492 - Em Busca do Paraíso e Blade Runner, o Caçador de Androides.

Para terminar, só posso desejar em grego que Ο Θεός να σας ευλογεί, όλες οι αγαπητοί αναγνώστες(Deus abençoe a todos, queridos leitores)

Fonte:
Wikipedia (em inglês porque não sei ler em grego)


Loukas Sideras, Demis Roussos e Vangelis: Crianças de Afrodite


quarta-feira, 30 de março de 2011

As doces Shirelles

Os Girls Groups surgiram nos anos 40 como parte das chamadas Big Bands. No final dos anos 50, com a explosão de grupos de Doo Wop, as mulheres não se fizeram de rogadas e começaram a aparecer grupos femininos desse estilo. Vamos falar de um deles.

The Shirelles surgiu em 1958, tendo sido formado por Shirley Owens Alston Reeves, Doris Coley Kenner Jackson, Addie "Micki" Harris McPherson e Beverly Lee, quatro amigas de Passaic, New Jersey. No início, elas se chamavam The Poquellos e começaram a participar de concursos de talentos em sua escola, cantando à capela uma canção de sua autoria chamada I Met Him on a Sunday. Florence Greenberg. mãe de uma amiga comum do grupo ficou impressionada com sua performance e se tornou sua empresária. O nome do grupo foi mudado para The Shirelles, combinando o nome da vocalista principal Shirley com o nome de um grupo contemporâneo chamado The Chantels.

A música do grupo foi licenciada pela Decca Records e chegou ao Top 50 das paradas. Outros singles chegaram a ser lançados mas Greenberg preferiu criar um selo próprio, Scepter Records, onde o grupo gravou em 1959 o single Dedicated to the One I Love, música que elas aprenderam "de cor" ao verem a performance do grupo The 5 Royales. Nessa época, começaram a trabalhar com o produtor Luther Dixon, que seria o responsável pelo som característico do grupo.

Em 1960, gravaram seu segundo single pela Scepter, Tonight's the Night. Tanto o single anterior como este chegaram ao modesto posto Top 20 e Top 40, respectivamente. No mesmo ano, veio o grande sucesso do grupo, Will You Love Me Tomorrow? (de Goffin & King) que chegou ao primeiro lugar nos EUA nas paradas pop e em segundo na parada de R & B. The Shirelles foi o primeiro grupo vocal feminino a conseguir esse feito, com músicas nos primeiros lugares. Na Inglaterra, elas alcançaram a segunda posição nas paradas britânicas.

Nos três anos seguintes (1961 a 1963), o grupo continuou lançando êxitos. Em 1961, uma reedição de Dedicated to the One I Love chegou ao Top 5 das paradas e o single Mama Said conseguiu o mesmo. O single Big John foi mais longe, chegando ao segundo lugar. Em 1962, o single Soldier Boy (composição de Luther Dixon e Florence Greenberg) alcançou o primeiríssimo lugar. Baby It's You (de Burt Bacharach, Mack David e Luther Dixon usando o pseudônimo Barney Williams). Em 1963, o single Foolish Little Girl alcançou o quarto posto das paradas de R & B e o nono posto das paradas pop.

Em 1964, a parceria bem sucedida entre o grupo e seu produtor chegou ao fim ao mesmo tempo em que seus singles sumiram das paradas musicais, especialmente por causa do advento da Beatlemania e consequente Invasão Britânica, a Segunda Onda. Ironicamante, algumas de suas músicas (alguns números obscuros e grandes hits) relembradas através de covers gravados pelas bandas inglesas como os Beatles, como sua Baby It's You e Boys (lado B do grande êxito do grupo Will You Love Me Tomorrow) em seu álbum de estréia Please Please Me (1963) e o Manfred Mann que gravou Sha la la (1964), que foi um de seus grandes hits. Isso sem falar no sucesso alcançado pela banda americana The Mamas & The Papas com sua versão de Dedicated to the One I Love (1965). Após uma disputa judicial ocorrida nesse ano entre o grupo e a gravadora que foi logo resolvido com uma acerto financeiro, elas gravaram algum material para a trilha sonora do clássico dos filmes de comédia It's a Mad, Mad, Mad, Mad World (Deu a Louca no Mundo). Também ajudaram a gravadora Scepter a lançar uma jovem cantora americana chamada Dionne Warwick, que chegou a atuar como substituta de suas componentes Shirley e Doris, cobrindo suas respectivas licenças-maternidade. Ela acabou fazendo muito sucesso e também terá sua história contada aqui no blog.

Em 1967, o grupo fez sua derradeira aparição com o single chamado ironicamente Last Minute Miracle. Um ano depois, tiveram uma baixa: Doris Jackson decidiu sair das Shirelles para se dedicar à sua família. As outras decidiram manter-se juntas como um trio chamado Shirley & The Shirelles e passaram, sem alcançar nenhum sucesso, pelo selo Bell Records e pelas gravadoras United Artists e RCA até 1971.

Na década de 70, apesar de nunca mais terem visitado as paradas de sucesso, elas continuaram atuando no circuito de bandas revival. Em 1973, apareceram no documentário sobre grandes nomes do Rock dos anos 50 e início dos 60 chamado Let the Good Times Roll. Em 1975, a líder Shirley Reeves deixou o grupo para seguir carreira solo ao mesmo tempo que o grupo contava com o retorno de Doris Jackson. Entre 1979 e 1982, Doris deixou novamente o grupo e foi substituída por Louise Bethune.

Em 1982, Doris voltou ao grupo mas  uma das integrantes originais das Shirelles, Micki Harris acabou morrendo devido a um ataque cardíaco durante uma apresentação. Louise acabou sendo sua substituta. Após idas e voltas, em 1983, elas participaram como banda de apoio na versão de Dionne Warwick para seu clássico Will You Love me Tomorrow e na música Get Ride of Him (uma resposta a outro clássico das Shirelles Foolish Little Girl). O grupo finalmente foi desfeito em 1986. Doris começou uma carreira  solo contando com duas integrantes do grupo The Blossoms, Fanita James e Gloria Jones, além da ex-Honey Cone Carolyn Willis que trabalhava de forma ocasional. Beverly também formou seu próprio grupo.

Shirley Reeves, que havia saído do grupo na década anterior, continuou trabalhando com a Scepter Records e seu selo Strawberry, usando seus dois sobrenomes  Alston e Reeves. Ela começou a trabalhar com o selo Prodigal, trabalho paralelo do produtor da Motown Barney Ales. Nesse ano, ela gravou o álbum With a Little Help of My Friends, onde contou com grandes nomes do Doo Wop como Shep & The Limelites, Danny & The Juniors, The Flamingos, Lala Brooks (membro das Crystals) e The Drifters. O sobrinho de Shirley, Gerald Alston, fez parte do conhecido grupo de Soul The Manhattans.

As Shirelles sobreviventes (Shirley, Doris e Beverly) voltaram a se reunir nos anos 90 para um evento em sua escola em Passaic, New Jersey, onde o grupo fora formado. Em 1996, se reuniram de novo para participar de um disco de Bo Diddley, atuando em algumas faixas. Nessa época, elas foram introduzidas no Rock and Roll Hall of Fame.

Doris Colley Kenner Jackson morreu em 2000, aos 58 anos, devido a um câncer de mama e suas companheiras Fanita e Gloria retomaram The Blossoms. Em 2004, o grupo escolhido pela  revista Rolling Stone como um dos 100 melhores artistas de todos os tempos, na 76ª posição e duas músicas das Shirelles foram escolhidas para figurarem na lsita das 500 melhores canções de todos os tempos: Will You Love Me Tomorrow (125ª colocação) e Tonight's the Night (401ª colocação). Sua cidade natal, em homenagem a suas ilustres cidadãs, deu o nome de Shirelles Boulevard ao encontro de algumas vias principais de Passaic.

Beverly Lee tornou-se dona dos direitos sobre o nome do grupo, sendo a única remanescente da formação original. Além de manter o legado do grupo, fazendo apresentações em revivals, ela tem lutado para que sejam implementadas leis para ajudar aos membros veteranos de grupos vocais e artistas do Rock esquecidos.

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
Site oficial: http://www.theshirelles.com/

The Shirelles: o grupo feminino que inaugurou a Era do Rock and Roll

terça-feira, 29 de março de 2011

A Rainha do Soul impera! - finale

Aretha entrava na década de 80 e seu vínvulo com a gravadora Atlantic, onde emplacou muitos sucessos, havia cheagdo ao fim em 1979. Ela assinou com a gravadora Arista onde gravou seu primeiro álbum da década chamado simplesmente Aretha, de onde saiu o single United Together, que chegou ao terceiro lugar no Top 5 das paradas americanas. Destacam-se no disco, também, o clássico de Otis Redding I Can't Turn You Loose e o super-hit dos Doobie Brothers What a Fool Believes. Nesse ano, Aretha participou do filme The Blues Brothers (Os Irmãos Cara de Pau), estrelado pro John Belushi e Dan Aykroid [um clássico daquela década] ao lado de grandes feras do Blues e do Soul como Ray Charles, James Brown, John Lee Hooker, Cab Calloway e Pinetop Perkins. No filme, Aretha fazia a esposa ranzinza do guitarrista da banda Blues Brothers Matt "Guitar" Murphy, que tinha se aposentado do showbizz para abrir uma lanchonete. A interpretação de seu clássico Think é um dos melhores momentos do filme que, de certa forma, apresentou Aretha para uma nova geração. Nesse ano, a sua antiga gravadora Columbia lançou a coletânea Aretha Sings the Blues.

Em 1981, veio seu álbum Love All the Hurt Away que apesar de não ter ido bem de vendas valeu à cantora mais um Grammy em sua  carreira (ela já tinha dois). Destaque para o dueto com George Benson na faixa-título e sua versão para o clássico Hold on I'm Coming do estupendo duo Sam & Dave.

Em 1982, veio o grande sucesso de Aretha na década Jump to It, uma parceria com o cantor e produtor Luther Vandross, álbum que frequentou as paradas de sucessos nos primeiros lugares e valeu à cantora mais um disco de ouro para sua coleção. Destacam-se a faixa-título, a versão de Aretha para It's Your Thing dos Isley Brothers e a composição de Smokey Robinson Just My Daydream. Nessa época, ela se mudou para Los Angeles para cuidar do pai C.L. Franklin, que veio a falecer em 1984, após 5 anos em coma.

Em 1983, nova parceria com Vandross, novo sucesso: o álbum Get it Right que emplacou, como o anterior os primeiros lugares nas paradas, com destaque para a faixa-título e I Wish It Would Rain (da dupla de compositores da Motown Barrett Strong e Norman Whitfield).

Em 1985, após um hiato de 2 anos recuperando-se da perda do pai, Aretha gravou o álbum Who's Zoomin' Who?, grande parceira com o produtor Narada Michael Walden, graças ao qual recebeu seu primeiro Disco de Platina. O disco é puxado pelo sucesso do single Freeway of Love.

Nos anos seguintes da década de 80, Aretha gravou os álbuns Aretha [de novo?] (1986), com destaque para sua versdão para o clássico dos Rolling Stones Jumpin' Jack Flash. Em 1987, veio o terceiro álbum gospel de sua carreira, One Lord, One Faith, One Baptism, onde contou com as irmãs Erma e Carolyn e a grande amiga Mavis Staple (dos Staple Singers). Nesse ano, ela foi introduzida no Rock and Roll Hall of Fame e graduada como Doutora em Musicologia pela Universidade de Detroit. Em 1989, veio o álbum Through the Storm com duetos maravilohosos com Elton John, James Brown, Whitney Houston e The Four Tops.

Nos anos 90, Aretha continuou sendo cultuada como grande diva do Soul. Após gravar um de seus únicos álbuns da década, What You See Is What You Sweat (1991), Aretha cantou, em 1992, para o então presidente americano Bill Clinton na Casa Branca e participou da trilha osnora do filme Malcolm X (estrelado por Denzel Washington), onde cantou a composição de Donny Hathaway Someday We'll All Be Free. Em 1993, veio a trilha sonora dos filmes Sister Act 2-Back to Habit (Mudança de Hábito 2 - Novas Loucuras no Convento), estrelado por Whoopi Goldberg, cuja faixa Deeper Love ficou em evidência nas paradas. Em 1994, sua parceria com o cantor Baby Face nas músicas Honey e Willing to Forgive alcançou o Top 40 das paradas americanas. Em 1995, participou da trilha sonora do filme Waiting to Exhale (Falando de Amor) com a música It Hurts Like Hell. Em 1998, gravou seu segundo álbum da década A Rose Is Still a Rose. Participou do filme Blues Brothers 2000 (Os Irmãos Cara de Pau 2000), repetindo seu papel da primeira película, onde cantou outro clássico Respect. Por essa atuação, Aretha participou  da entrega do Grammy daquele ano, onde faria uma parceria como o grande tenor italiano Luciano Pavarotti, que receberia o Grammy pelo conjunto da obra. Infelizmente, Pavarotti caiu doente e coube a Aretha cantar sozinha o dueto que fariam, a ária Nessun Dorma da ópera Turandot, numa versão bela e surpreendente. Participou do primeiro especial televisivo da série Divas Live junto com cantoras da nova geração como Celine Dion, Gloria Estefan e Shania Twain. Em 1999, ela foi condecorada com a Medallha Nacional de Artes pelo então presidente Clinton.

Na primeira década do século XXI, Aretha participou do Divas Live de 2001 junto com a veterana cantora cubana Celia Cruz e cantoras em evidência na última década como Mary S. Blidge e Nelly Furtado. Em 2003, após um hiato de 5 anos, gravou o álbum So Damn Happy que não foi bem de vendas mas garanitu mais um Grammy para Aretha pela música Wonderful. Foi seu último disco gravado pela Arista após 23 anos. Decidiu ir pelo caminho independente, criando o selo Aretha Franklin Records. Em 2007, gravou o álbum Jewels in the Crown: All Star Duets with the Queen que como o próprio nome diz é repleto de duetos entre a diva e cantores docmo George Michael, Annie Lennox, Elton John, Michael McDonald e até Frank Sinatra (!!!), entre outros. Em 2008, cantou na posse do presidente americano Barack Obama. No ano passado, Aretha nos deu um grande susto: a mídia dizia que ela estava com câncer no pâncreas e estava desenganada e que havia pasado por uma cirurgia em dezembro para a retirada de um tumor. Ela nunca confirmou se teve a doença de fato, mas admitiu que teve problemas de saúde.

Em 2011, nossa Rainha do Soul completou seu 69º aniversário e para maio próximo está marcado o lançamento de seu 38º álbum por seu selo. Além disso, após sua plena recuperação, estão confirmados grandes eventos para comemorar os 50 anos de uma grande carreira. Só posso fazer coro com os fãs dessa maravilhosa cantora dizendo Long Live to the Queen!

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.arethafranklin.com/

Aretha Franklin: a grande diva do Soul chega aos 69 anos
Foto: http://www.mwza.com/aretha-franklin-grammy-awards-2011-tribute/

segunda-feira, 28 de março de 2011

A Rainha do Soul impera! - parte 3

Em 1972, apesar da trágica perda do grande amigo e parceiro, Aretha conseguiu encontrar forças para gravar o álbum Young, Gifted and Black, também muito premiado. O título do álbum nomeia uma das canções gravadas, original de Nina Simone. Podemos destacar também Oh Me Oh My (I'm a Fool for You Baby), sucesso na voz de B.J. Thomas; The Long and Windong Road, um novo encontro com a música dos Beatles; Rock Steady, de autoria própria; I've Been Lovin' You Too Long, do mestre Otis Redding; Didn't I (Blow My Mind this Time), sucesso dos Delfonics; April Fools (Burt Bacharach) e Border Song (Holy Moses) de Elton John e Bernie Taupin. Nesse ano, Aretha gravou Amazing Grace, seu primeiro álbum gospel desde Songs of Faith (1956), o primeiro de sua discografia geral. Além da música-título, ela canta algumas músicas gospel como How I Got Over (Clara Ward), Old Landmark (tradicional), Mary Don't You Weep (Inez Andrews). Também fez um belo medley juntando um gospel, Take My Hand Precious Lord (Dorsey-Frazier) e uma música popular, You've Got a Friend (Carole King) e o clássico de Rodgers & Hammerstein You'll Never Walk Alone (sucesso com Gerry & The Pacemakers). O pai de Aretha, Rev. C.L. Franklin participa do disco. Em 1999, foi lançada uma compilação com as sessões do álbum completas.

Em 1973, foi a vez do álbum Hey Now Hey (The Other Side of the Sky), com produção de Quincy Jones, que apesar do bom reperttório foi um grande fracasso comercial. Destaque para faixa-titulo, uma composição de Aretha e Somewhere do musical West Side Story de Leonard Bernstein.

Em 1974, lançou o álbum Let Me in Your Life, um disco bem sucedido para apagar a má fase do anterior. O sucesso se deveu ao single, homônimo, uma composição de Bill Withers que alcançou altos podtos nas paradas. Destacam-se também a versão de Aretha para o clássico de Leon Russell A Song For You (um successo com The Carpenters), Ain't Nothing Like the Real Thing (Ashford & Simpson) e I'm In Love (Bobby Womack). Em seguida veio o malsucedido With Everything I Feel in Me que apesar de ter ótimos compositores como Burt Bacharach (Don't go Breakin' My Heart, que nada tem a ver com a música, homônima cantada por Elton John & Kiki Dee) e Stevie Wonder (I Love Every Little Thing About You),  ficou aquém das expectativas da gravadora.

Da metade da década de 70 em diante, Aretha experimentou fracassos e perdas tanto na carreira artística como na pessoal. Em 1975, veio o desastroso álbum You. Em 1976, chegou ao fim de sua relação com Ken Cunningham. Veio um pequeno alento com o álbum Sparkle, com produção e composições de Curtis Mayfield, trilha sonora do filme homônimo que chegou ao Top 40 das paradas graças à música Something He Can Feel.  Em 1977, outro fracasso comercial êxito com o álbum Sweet Passion, uma parceria com o premiado compositor Lamont Dozier, cujo single e principal carro-chefe, Break It to Me Gently passou longe do Top 70. Em 1978, o fracssao ainda era uma constante com o álbum Almighty Fire, que teve a pífia vendagem de 100.000 exemplares. Nem a atmosfera Disco Music do álbum, em voga na época o salvou de ser um fiasco. Em 1979, veio o último disco da década de 70, La Diva também foi um fracasso retumbante, mesmo tendo a parceria de Van McCoy, um dos mais proeminentes astros da Disco Music, que acabou falecendo no final daquele ano. Nesse ano, seu pai, C.L. Franklin foi alvejado por tiros após uma tentativa de roubo e ficou anos em estado de coma.

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.arethafranklin.com/

Live at Fillmore West: um dos maiores êxitos de Aretha Franklin

A Rainha do Soul impera! - parte 2

Como vimos no post anterior, Aretha havia começado a cantar no meio gospel e a partir de 1961 ela assinou contrato com a Columbia Records onde começou a gravar música secular. Em 1967, ela assinou com a Atlantic Records.

Em 1968, gravou o álbum Lady Soul, continuando a bem sucedida carreira no cast da Atlantic, sempre contando com a ótima seção rítmica do lendário estúdio Muscle Shoals, suas irmãs Erma e Carolyn Franklin e o grupo vocal Sweet Inspirations (que já contou em seu line up com grandes cantoras Dionne Warwick, Dee Dee Warwick e Cissy Houston), além da direção musical do grande amigo e parceiro King Curtis e a banda de apoio The Kingpins. O álbum tem alguns destaques como a super-acachapante Chain of Fools, a maravilhosa (You Make me Feel Like a) Natural Woman e (Sweet Sweet Baby) Since You've Been Gone (todos clássicos de La Franklin). As músicas citadas foram Top 5 e Top 10 nas paradas R & B e Pop americanas e o álbum ficou entre os primeiros lugares daquele ano. Também podemos citar o clássico de Curtis Mayfield People Get Ready, Groovin' (da banda The Rascals), Come Back Baby (Ray Charles) e Money Won't Change you (James Brown). Nesse ano, ainda foi gravado ainda o álbum Aretha Now, que ganhou o Disco de Ouro. E tome clássicos: a estonteante Think, a deliciosa I Say a Little Prayer (que já tinha sido gravada por Dionne Warwick), See Saw (Steve Cropper), You Send me (Sam Cooke) e Night Time is The Right Time (Big Bill Broonzy).

Em 1969, foi lançado seu primeiro álbum ao vivo Aretha in Paris, com todo o repertório dos discos feitos pela Atlantic Records. Em seguida veio o álbum Soul'69 que obteve o primeiríssimo lugar nas paradas de   R & B e ficou no Top 20 das paradas populares e obteve ótimas críticas, especialmente da revista Rolling Stone. aqui podemos destacar Ramblin' (da lendária Big Maybelle), Bring it on Home to Me (Sam Cooke), The Tracks of My Tears (Smokey Robinson & The Miracles) e If You Gotta Make a Fool of Somebody (Rudy Clark). Nesse ano, Aretha se engajou na luta pelos direitos humanos dos negros, coisa que se refletia em suas apresentações ao vivo. Seu casamento com Ted White chegou ao fim (eles tiveram um filho, Ted White Jr., hoje guitarrista da cantora) e ela começou a ter um relacionamento com Ken Kuningham, road manager da sua banda.

A década de 70 começou com a gravação e o lançamento do álbum This Girl's in Love with You onde o flerte com composições de grandes nomes do Rock se torna mais evidente em versões do mais alto quilate do Soul para clássicos dos Beatles (Let It Be e Eleanor Rigby) e The Weight (The Band). Aliás, a versão de Aretha para Let It Be foi lançada antes da  versão dos Beatles. Há outra músicas de destaque no álbum como o clássico Son of a Preacher Man (original de Dusty Springfield), com uma levada mais gospel; The Girl's In Love With You (Burt Bacharach) e a belíssima The Dark End of Street. O álbum Spirit in the Dark também foi lançado nesse ano, tendo uma boa receptividade. Destacam-se The Thrill is Gone (um clássico do mestre do Blues B.B. King), Don't Played That Song (You Lied), original de Ben E. King; Oh No Not My Baby (Goffin-King), original de Maxine Brown e Honest I Do de Jimmy Reed e que figurou no primeiro álbum dos Rolling Stones. Nesse ano, nasceu o filho de Aretha e Ken Cunningham, Kecalf.

Em maio de 1971, Aretha fez um show histórico na lendária sala de concertos Fillmore West, contando com o velho amigo King Curtis, Billy Preston e The Memphis Horns, que rendeu o premiado álbum Aretha Live at Fillmore West. Nesse show, ela cantou vários de seus grandes sucessos e sua versão para o clássico Bridge Over Troubled Waters, já cantado por Simon & Garfunkel e Elvis Presley. Uma versão mais extensa do álbum (4 cds) foi lançada em 2005 com tiragem limitada. Este seria o derradeiro trabalho em parceria com King Curtis, assassinado após um assalto em agosto daquele ano. Foi lançada, ainda, a primeira coletânea da cantora Aretha Franklin Greatest Hits.

Continua no próximo post

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.arethafranklin.com/

73992188,  /Michael Ochs Archives
Encontro de lendas do Soul: King Curtis, Aretha Franklin e Joe Tex
Foto: Getty Images

sexta-feira, 25 de março de 2011

A Rainha do Soul impera! - parte 1

Geralmente, as biografias deste blog terminam com a data de falecimento das personalidades de quem contamos a história. Neste post, a coisa vai ser diferente pois hoje nossa biografada está completando hoje 69 anos. Happy Birthday, Aretha Franklin!


Aretha Louise Franklin nasceu no dia 25 de março de 1942 em Memphis, Tennessee, filha do grande ministro batista e ativista dos direitos civis C.L. Franklin e Barbara Siggers Franklin, pianista e cantora de gospel contemporânea da maravilhosa Mahalia Jackson, de quem falaremos num futuro post. A menina aprendeu a tocar piano de ouvido e também cantava no coro de sua igreja. Cresceu cercada de grandes nomes do gospel americano como a já citada Mahalia Jackson, Clara Ward  e Albertina Hunter com seu grupo The Caravans. Essas três grandes cantoras foram as influências mais importantes de Aretha. A trágica morte da mãe em 1952 foi uma perda muito sentida. Ainda uma garotinha, Aretha conheceu o  cantor e futuro Pai do Soul Sam Cooke (ver biografia aqui), que ainda estava no grupo vocal The Soul Stirrers e era uma amigo de seu pai. Os dois ficaram muito amigos


Aos 14 anos, ela começou a fazer suas primeiras incursões no meio gospel, gravando e atuando nas comunidades cristãs. Essa faceta da cantora pode ser encontrada no álbum Songs of Faith (1956). Aretha, nessa altura já era mãe de duas crianças, Clarence e Edward e sua avó Rachel ficou encarregada de cuidar deles enquanto a neta cuidava da carreira.


Em 1961, Aretha conheceu o produtor John Hammond, que trabalhou com Sam Cooke e conseguiu contrato com a Columbia Records, onde gravou seu primeiro álbum fora do meio gospel intitulado simplesmente Aretha, onde contou com a Ray Bryant Combo. No disco, onde Aretha canta com a influência que teve de cantoras como Dinah Washington e Billie Holiday. O destaque fica por conta de Won't Be Long e sua versão para o clássico Over the Rainbow (do filme O Mágico de Oz). Foi nessa época que ela se casou com Ted White, seu empresário.


Em 1962, vieram os álbuns The Electrifying Aretha Franklin (com destaque para Rock-a-Bye Your Baby With a Dixie Melody) e The Tender, the Moving, the Swinging Aretha Franklin (com destaque para Try a Little Tenderness, que se tornou posteriormente um grande sucesso com Otis Redding e God Bless the Child, um clássico de Billie Holiday), seu primeiro álbum a alcançar um certo êxito comercial, chegando ao Top 70 das paradas.


Em 1963, veio o álbum Laughing on the Outside, com uma orientação mais jazzística, onde ela canta compsoições de Johnny Mercer, Irving Berlin e Duke Ellington, entre outros.


Em 1964, ela gravou o álbum Unforgettable: A Tribute to Dinah Washington. É preciso dizer algo mais? Aretha interpreta canções de sua influência-mor, a grande cantora falecida nesse ano, com destaque para a sempre bela canção, já interpretada por Nat King Cole, Unforgetable e um clássico de Dinah What A Difference The Day Makes. Gravou também o álbum Runnin' Out of Fools, onde Aretha intepreta músicas no melhor estilo Girls Group como Mockingbird (de Inez Foxx) e The Shoop Shoop Song (de Betty Everett). Foi nesse ano que ela foi coroada simbolicamente a Rainha do Soul num programa de TV americano.


Em 1966, foi gravado o álbum Soul Sister (com destaque apara dois clássicos Ol' Man River (já gravada pro Ray Charles e Frank Sinatra) e Swanee. Este disco começou sa preparar terreno para o grande sucesso que ela faria nos anos subsequentes. Foi seu penúltimo álbum pela Columbia.


Em 1967, ela gravou o álbum Take it Like You Give it  e após assinar com a Atlantic Records, gravou o álbum I Never Loved a Man the Way I Love You [hoje um clássico] que colocou Aretha no topo .Aqui, só a faixa título já vale o disco. Essa é a Aretha que ficaria para sempre na memória dos fãs de um Soul mais quente e recheado de metais (com o lendário grupo Muscle Shoals Rhythm Section) e backing vocals deliciosos (ora contando com o grupo vocal Swett Inspirations ora com as irmãs de Aretha Erma e Carolyn Franklin). Aqui começou a grande parceria dela com o lendário saxofonista e músico de sessão King Curtis (veja biografia aqui). A banda de Curtis, The Kingpins tornou-se a partir deste álbum, a banda de apoio da cantora. Fora a música que dá nome ao álbum, o disco conta com Dr. Feelgood, Soul Serenade e o clássico Respect (de Otis Redding), que se tornou uma de suas canções-chave no resto de sua carreira. Não é a toa que alguns chamam Aretha de Miss Respect. Não podemos esquecer de A Change is Gonna Come, uma homenagem singela ao grande amigo Sam Cooke que morrera em 1964. No mesmo ano, veio o álbum Aretha Arrives onde ela canta alguns clássicos do Rock sessentista como a versão de La Franklin para o clássico dos Rolling Stones (I Can't Get no) Satisfaction e 96 Tears do obscuro grupo ? & The Mysterians. Também canta uma das músicas mais conhecidas do século XX, You Are My Sunshine e um clássico da cantora, Baby I Love You. A Columbia lançou um último disco de Aretha antes dela sair da gravadora chamado Take a Look.


Continua no próximo post


Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.aretha-franklin.com/

Aretha e Sam Cooke: uma grande amizade



quinta-feira, 24 de março de 2011

The Beatles Saga: Introdução

Dizer que os Beatles são uma referência para qualquer músico na face da Terra é chover no molhado. Além de revolucionar a cultura ocidental os Beatles derrubaram um muro que existia entre o que se convencioava chamar de música erudita e música popular. Contar a história dos Beatles é um trabalho meticuloso e que demanda muito tempo. Por isso, resolvi contar a biografia da melhor banda de todos os tempos em forma de episódios periódicos numa série intitulada The Beatles Saga. Espero que vocês gostem e se houver alguma coisa a acrescentar, estão todos convidados a fazê-lo a partir dos comentários. Será dado o devido crédito.

O ano de 1956 foi importante para o Rock and Roll nos dois lados do Atlântico. Vivia-se a fase mais efervescente da chamada Primeira Onda. Nos EUA, artistas como Elvis Presley e Bill Haley já haviam consolidado uma firme carreira dentro do mercado fonográfico. Na Inglaterra, foi deflagrada uma verdadeira febre musical quando o Lonnie Donegan Skiffle Group gravou  Rock Island Line (composição de Leadbelly. O disco fez um grande sucesso entre os jovens britânicos. Da noite para o dia, forma formadas milhares de bandas

O Skiffle, que virou uma tendência musical forte naquela segunda metade da década de 50, era um estilo de Jazz muito em voga nos anos 20 nos EUA. Primava pelo uso de instrumentos musicais disponíveis (violão, banjo) e artesanais bateria com panelas, baixo de caixa de chá, baixo de bacia, tábua de lavar roupa.

Em Liverpool, um jovem de 15 anos chamado John Winston Lennon (nascido em 9 de outubro de 1940 em Liverpool) não ficou de fora dessa onda. Ao ganhar de presente de aniversário de 16 anos um disco de Elvis Presley (Hound Dog/Don't Be Cruel), decidiu que iria formar uma banda também. No final de 1956, ele já tinha o esboço de um grupo, contando com seu melhor amigo de infância Pete Shotton e uns colegas da escola onde estudava. Começava uma lenda.

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.beatlesbible.com/history/
Livro O Jovem Lennon de Jordi Sierra i Fabra (1988)


Alunos e docentes da Quarry Bank High School:
alguém consegue identificar John?


quarta-feira, 23 de março de 2011

Lendas do Blues: Pinetop Perkins

A nação de admiradores e intérpretes de Blues está de luto. Morreu na segunda feira, dia 21 de março, um dos últimos grandes representantes da vertente do Mississipi Delta Blues ainda vivos, o agora saudoso Pinetop Perkins.

Joseph Williams "Pinetop" Perkins nasceu no dia 7 de julho de 1913 em Belzoni, Mississipi. Quando começou a tocar, nos idos dos anos 20, seu primeiro instrumento foi a guitarra. No entanto, após uma briga com uma corista em Helena, Arkansas, teve o tendão do braço esquerdo lesionado o que o impediu de tocar o instrumento. Passou então a se dedicar ao piano e começou a tocar em um programa de rádio local chamado King Biscuit Time, sob direção do Bluesman Robert Nighthawk. Lá, ele acompanhava grandes firguras do Blues como Sonny Boy Williamson e a banda de Nighthawk, The Hawks. Continuou trabalhando com Robert até o início dos anos 50, inclusive em algumas turnês. Ele foi o primeiro a ensinar noções de piano a Ike Turner [biografia aqui].

No início da década de 50, juntou-se à banda de Earl Hooker com a qual excursionou por diversos lugares. Parou de viajar para gravar no estúdio de Sam Phillips a música Pine Top's Boogie Woogie de Clarence "Pinetop" Smith (1904-1929), cuja versão original havia sido gravada em 1928 quando Joseph tinha apenas 15 anos. De qualquer forma, isso valeu pelo apelido [Pinetop] que Joseph acabou ganhando por causa dessa música. Sempre presente naquele circuito do Blues, Pinetop largou a música e mudou-se para Illinois.

Em 1968, o velho amigo Earl Hooker conseguiu convencê-lo a voltar à ativa. No ano seguinte, substituiu Otis Spann na banda de Muddy Waters onde ficou até o final da década de 70, quando os músicos que acompanhavam Waters resolveram formar The Legendary Blues Band, que contava com Pinetop (piano), Willie "Big Eyes" Smith (bateria), Louis Meyer (harmônica e guitarra), Calvin "Fuzz" Jones (baixo) e Jerry Portnoy (harmônica). A banda gravou vários discos e serviu como apoio ao legendário John Lee Hooker no filme The Blues Brothers (Os Irmãos Cara de Pau) de 1982. Pinetop é o único da banda a aparecer em evidência no filme mais do que os outros, junto com Hooker. Quem assistiu ao filme deve lembrar daquela cena em que John Lee Hooker clama para si a autoria do clássico Boom Boom (que realmente era uma composição dele) e Pinetop replica dizendo que ele havia feito a música, começando uma "briga". Pinetop e sua turma ainda fariam turnês com alguns discípulos como Bob Dylan, Eric Clapton e os Rolling Stones. Perkins saiu para trabalhar como músico de apoio em outras gravações e em 1988 (quando estava com 75 anos) gravou seu primeiro álbum solo chamado After Hours, cuja turnê contou com feras como Jimmy Rogers e Hubert Sumlin. A banda terminou em 1993.

Em 1992, com fôlego de garoto aos 77 anos, Pinetop gravou diversos grandes temas de Blues no álbum On Top, onde contou com seu velho colega da banda de Muddy Waters e Legendary Blues Band, o gaitista Jerry Portnoy (que não tinha nada de velho, pois era o caçula da banda, tendo nascido em 1943). Em 1998, gravou o álbum Legends ao lado do já citado Hubert Sumlin.

Em 2004, Pinetop estava dirigindo seu carro pelo estado de Indiana quando foi colhido por um trem que deixou o carro em pedaços. Mas o vigoroso pianista, então com 91 anos sofreu ferimentos superficiais. Nessa época, decidiu viver o resto de seus dias em Austin, Texas. Se apresentava informalmente num clube da região. Em 2005, foi premiado com o Grammy Achievement Award, uma espécie de prêmio pelo conjunto da obra, o que lhe permitiu um lugar no Grammy Hall of Fame. Quatro anos depois, em 2008, recebeu ainda o Grammy como Melhor Álbum Tradicional de Blues por Last of the Great Mississippi Delta Bluesmen: Live In Dallas lançado naquele ano e que contava com músicos entre 89 e 94 anos (Pinetop era o mais velho da banda). Nada mal para alguém que foi testemunha da história do Blues no século 20. A coisa não acaba aí: de 2008 para cá continuou tocando incesantemente e em fevereiro deste ano, Pinetop ganhou outro Grammy de Melhor Álbum Tradicional de Blues por Joined at the Hip (2010), que contou com seu parceiro de Legendary Blues Band Willie "Big Eyes" Smith. Em uma de suas últimas entrevistas, Pinetop teria dito: "Eu não posso tocar piano como eu costumava fazer (...). Peço ao Senhor Deus, por favor, que perdoe-me pelas coisas que eu fiz tentando arranjar uns trocados".

Infelizmente, esse veterano guerreiro havia lutado sua última batalha e agora tem o descanso merecido. Finalizo este post com um versículo bíblico que penso ter tudo a ver com a trajetória de Pinetop Perkins: "Combati o bom combate, terminei a carreira, mantive a fé" (2 Timóteo 4:7).

Fonte:
Wikipedia (em inglês)

Pinetop Perkins (dir.) ao lado do grande amigo
Muddy Waters nos anos 70

terça-feira, 22 de março de 2011

Dançando com as Sombras

Os baixistas do mundo inteiro fazem um minuto de silêncio. Morreu na última sexta feira, dia 18 de março, Jet Harris, que mandou ver nas quatro cordas de um dos mais lendários grupos de Rock Instrumental da história: The Shadows. Neste post, vamos falar sobre essa estupenda banda.

Tudo começou no distante ano de 1958 quando o cantor inglês Cliff Richard emplacou um single de sucesso, Move It. Naquele momento, ele precisava urgentemente de uma banda de apoio para realizar uma turnê divulgando o disco. Para tanto, responderam ao chamado os guitarristas Hank Marvin (nascido Brian Robson Rankin no dia 28 de outubro de 1941 em New Castle) e Bruce Welch (nascido Bruce Cripps no dia 2 de novembro de 1941 em Sussex), egressos da banda The Railroaders, especializada em Skiffle e baseada em New Castle. Também fecharam com o cantor o baixista Terence "Jet" Harris (nascido em 6 de julho de 1939 em Londres) e o baterista chamado Terry Smart (nascido em 1942), que havia tocado na banda anterior de Richard, The Drifters, que acabou não ficando muito tempo. Então Jet sugeriu o amigo Tony Meehan (nascido  Daniel Joseph Anthony Meehan em 2 de março de 1943 em Londres), que tocou com ele na banda The Vipers, banda londrina de Skiffle. Como intuito era divulgar o single, atribuído a Cliff Richard & The Drifters, decidiram manter nome para os os compromissos assumidos.

Hank e Bruce eram amigos de infância e iam participar de um concurso de bandas quando conheceram o empresário de Cliff Richard que lhes fez uma boa proposta. Como estavam precisando de uma boa grana, os dois amigos toparam. Jet e Tony também tinham um elo de amizade desde a infância. Talvez o amálgama dessas duas duplas tão completas entre si sejam o segredo para a eficiência da banda que viriam a formar.

Em 1959, a banda gravou mais dois singles bem sucedidos, Feelin' Fine/Don't Be A Fool With Love) e Jet Black/Driftin'. Contudo, a banda americana de Rhythm & Blues The Drifters (de quem falaremos em outro post) queria processar a banda pelo uso do nome. Para evitar problemas mais sérios, usaram temporariamente o nome The Four Jets mas precisavam urgentemente de um nome, já que o single Living Doll era um estrondoso sucesso.

Enquanto Jet e Hank descansavam e bebericavam algo num pub chamado Six Bells em Ruislips, eles ficavam sugerindo nomes até que o baixista perguntou: "e The Shadows [as sombras]? Hank teve um estalo mental e achou o nome bacana. Assim ficou decidido que o nome da banda seria Cliff Richard & The Shadows, apesar de saberem depois que o cantor americano Bobby Vee tinha uma banda de apoio com o mesmo nome. Mesmo assim decidiram arriscar. Uma caracterísitica peculiar da banda (e sua principal marca registrada) era a coreografia que faziam muito bem sincronizada chamada de "shadow walk". Era algo notável, se considerarmos que além de executar passos de dança eles também estavam tocando instrumentos. Ainda nesse ano, os Shadows continuaram a manter seu compromisso como banda de apoio de Cliff Richard mas tinham seu trabalho paralelo como banda instrumental quando assinaram com a EMI.

Em 1960, os Shadows emplacaram seu primeiro grande sucesso na Inglaterra o clássico Apache, um dos números de Rock Instrumental mais tocados de todos os tempos. Apesar de toda a fama que obtiveram em seu país, nem Cliff Richard nem os Shadows conseguiram conquistar o mercado norte-americano, apesar da bem sucedida turnê promovida naquele ano. As gravadoras americanas não se interessaram por eles. O visual impecável dos Shadows deixava outras bandas inglesas emergentes com uma certa inveja. Reza a lenda que uma dessas bandas teria feito até um tributo instrumental a eles. A banda? Uns tais de Beatles de Liverpool. A música? Cry For a Shadow!

Em 1961, mudanças à vista: Tony Meehan saiu dos Shadows e foi substituído por Brian Laurence Bennett (nascido em 9 de fevereiro de 1940 em Londres). No ano seguinte, Jet Harris também deixou a banda, sendo subsituído por Brian "Licorice" Locking (nascido em 22 de dezembro de 1938 em Warwickshire), que havia tocado com Bennett na banda de apoio do cantor inglês Marty Wilde, The Wildcats. Essa formação durou apenas um ano e meio pois Locking saiu para de dedicar às Testemunha de Jeová (igreja da qual Hank Marvin se tornou membro posteriormente). Voltou à banda em 1967 enquanto seu substituto, John Rostill (nascido em 16 de junho de 1942 em Hestfordshire) esteve afastado por doença. Rostill e Bennett conseguriam ,com sucesso, repetir a cozinha da banda feita pela dobradinha Harris/Meehan. Atuaram ao lado de Cliff Richard em diversos filmes estrelados pelos cantor como The Young Ones e Summer Holiday.

A partir de 1963, Cliff e os Shadows foram ofuscados pelo advento da Beatlemania e deixaram de trabalhar juntos. Richard construiria uma sólida carreira como cantor nos anos 70 e os Shadows continuaram gravando discos com seus temas instrumentais. Em 1968, aquela formação chegou ao fim com a saída do fundador Bruce Welch, pouco depois do lançamento do álbum de 10 aniversário da banda The Established. Veio uma tunê ao Japão, onde contaram com o tecladista Alan Hawkshaw (nascido em 27 de março de 1937 em Yorkshire). Após o lançamento do disco que mostrava essa turnê Live is Japan, 1969 e em seguida Shades of Rock (1970), os Shadows voltaram a trabalhar momentaneamente com Cliff Richard num show para TV. Em 1970, decidiram por um fim à banda.

Após um lapso de 3 anos onde Hank e Bruce trabalharam juntos com o cantor John Farrar (nascido em 8 de novembro de 1946 em Melbourne, Austrália) num [pasmem!] grupo vocal chamado Marvin Welch & Farrar, a simples presença de dois Shadows num palco fazia antigos fãs quererem o retorno da banda. Em 1973, os Shadows voltaram à tiva, contando com Farrar nos vocais e em uma das turnês fazendo a guitarra rítmica. O baixista John Rostill e o baterista Bennett também voltaram à banda. Infelizmente no fim desse ano, John morreu eletrocutado e sua baixa foi preenchida por músicos de estúdio como Dave Richmond e Alan Tarney que havia trabalhado com eles no MW&F. A parceria ocasional com o velho amigo Cliff Richard foi retomada em discos de ambos e o MW&F também continuou ativo.

Em 1975, a banda foi escolhida para representar a Inglaterra no Festival da Canção Eurovision e scolheram 6 possíveis músicas candidatas àquele evento, todas tocadas em programas da rádio BBC tendo a cantora Lulu como apresentadora. A música escolhida foi Let Me Be the One, uma das raras músicas cantadas de uma banda considerada instrumental. Ficaram com o segundo lugar naquele festival.

Em 1977, fizeram uma turnê para divulgar o grande hit da banda naquele ano, Don't Cry For me Argentina, versão da banda para a composição de Andrew Lloyd Weber para o musical Evita, contando com o tecladista Francis Monkman da banda Sky que só tocou na turnê. O time formado por Marvin, Welch e Bennett foi compeltado pelo tecladista Cliff Hall e o baixista Alan Jones.

Os anos 80 vieram com a mudança da banda para a gravadora Polydor após o período de sucesso com a EMI. Nessa época, o baixista Jones se acidentou e foi substituído por Mark Griffiths (ex-Plainsong e Matthew Southern Comfort). Hank Marvin pôde tocar um projeto solo sem prejuízo aos Shadows.

Nos anos 90, ficaram em recesso e sua discografia foi lançada em compact disc tanto pela EMI quanto pela Polydor.

Decidiram voltar à ativa em 2004, quando foram condecorados com a Ordem do Império Britânico. Marvin recusou a sua por causa de sua devoção aos preceitos das Testemunhas de Jeová quanto à não aceitação de honrarias dadas a seres humanos. Estavam de volta à banda os mesmos Marvin, Welch e Bennett com seus músicos da década de 70 Hall e Griffiths. No ano seguinte, Hall saiu e o filho do batera Warren Bennett assumiu os teclados. Em 2008, tocarama junto com o velho companheiro Cliff Richard no Royal Variety Performance comemorando o cinquentenário da banda, seguida de uma grande turnê, que seria sua última. Em 2010, gravaram em DVD e Blu Ray a turnê com o nome The Shadows Farewell Tour.
Os Shadows saíram de cena como uma das mais respeitáveis bandas de Rock da história.

Os fundadores Jet Harris e Tony Meehan fizeram uma bem sucedida parceria, seja como dupla seja individualmente. Nos anos 60, contaram com os futuros fundadores do Led Zeppelin Jimmy Page e John Paul Jones em seus trabalhos conjuntos.

Meehan teria produzido a sessão onde os Beatles fizeram o famigerado teste para a Decca Records, onde a banda acabou sendo rejeitada. Chegou a tocar com os Shadows quando Brian Bennett esteve hospitalizado nos anos 60. Deixou a música no início dos anos 90 e acabou falecendo em 2005 aos 62 anos.

Harris também teve bem sucedida ótima carreira solo no decorrer dos anos 60 até 90, tendo sido concecorado como Membro do Império Britânico. Como dito no início deste post, faleceu no dia 18 de março de 2011.

Fonte:
Wikipedia (em inglês)

The Shadows com Cliff Richard: sem sombra de dúvidas
uma das melhoes bandas dos anos 60
Foto: Harry Hammond

segunda-feira, 21 de março de 2011

A Imperatriz do Blues

Grandes cantoras fizeram seu nome cantando Blues e até hoje são reverenciadas não só por intérpretes atauais como também por um séquito fiel de admiradores. Vamos falar da grande e maravilhosa Bessie Smith, a Imperatriz do Blues.

Nascida no dia 15 de abril de 1894 em Chattanooga, Tennessee, Bessie era filha de William Smith, um  pastor batista e Laura Owen Smith, uma dona de casa. Quando houve o censo americano de 1900, Laura informou que a filha teria nascido em julho de 1892. Só que no censo ocorrido em 16 de abril de 1910, após divergências entre a data de nascimento de Bessie e sua irmã mais velha Viola, o fiscal do recenseamento concordou em fixar a data de nascimento da menina como 15 de abril de 1894. Bessie mal conheceu o pai, que acabou falecendo quando ela era muito pequena e perdeu a mãe aos nove anos. Viola ficou incumbida de criar seus irmãs e irmãs.

Bessie começou a cantar e dançar nas ruas para ganhar uns trocados, acompanhada do irmão Andrew, que tocava violão. Em 1904, irmão mais velho de Bessie, Clarence havia saído de casa para seguir uma trupe itinerante e quando retornou à cidade, oito anos depois, conseguiu um teste para a irmãzinha, já com 18 anos. Bessie acabou sendo aceita, primeiramente como dançarina porque a compánhia já tinha uma cantora, a lendária Ma Rainey (que também vai ter sua história contada aqui). Com o tempo, Bessie começou a se firmar como cantora da trupe, tendo Ma como sua mentora, ensunando-lhe tudo sobre presença de palco. Bessie aprendeu a cantar de forma autodidata.

Ela deixou a companhia em 1915 e juntou-se ao Theater Owners Bookers Association ( T.O.B.A.), um grupo que tinha em seu elenco muitos afro-americanos. Foi sua atuação no grupo que começou a torná-la popular junto à comunidade negra americana. Em 1920, após atuar no musical How Come, que chegou a ser apresentado na Broadway, ela se desentendeu com o produtor e deixou a T.O.B.A., sendo substituída por Alberta Hunter (outra grande cantora que também vai ser biografada aqui). De volta à Philadelphia, onde foi criada e onde morou por muito tempo, Bessie conheceu o agente de segurança Jack Gee, com quem veio a se casar, continuando a se apresentar e manter fama de grande cantora.

Em 1920, com a crescente demanda por vozes negras no mercado fonográfico, Bessie foi à luta e em 1923, conseguiu um contrato com a gravadora Columbia Records, que tinha atmbém sua divisão "racial". Sua canção Cemetery Blues foi a primeira a ser lançada. O estouro em sua carreira veio com Gulf Coast Blues e Downhearted Blues, ambas composições de Albert Hunter. Essas duas músicas foram grandes hits da cantora.

Naquele momento, Bessie estava se tornando uma das cantoras negras mais bem pagas de sua época e a Columbia passou a chamá-la de Rainha do Blues. Só que o setor de Realações Públicas da gravadora a chamava de Imperatirz do Blues e assim ficou para a posteridade. A parceria com a Columbia rendeu 160 gravações feitas pela cantora, que sempre esteve cercada de grandes músicos acompanhantes do calibre de Louis ArmstrongJames P. Johnson, Joe Smith, Charlie Green and Fletcher Henderson. Se na vida profissional e musical Bessie estava por cima, não podia-se dizer o mesmo de sua vida pessoal. Seu marido não sabia lidar com o galomour da fama de Bessie e nem com a bissexualidade da cantora. Após flagrar o marido tendo um caso com Gertrude Saunders, uma outra cantora, acabou com o casamento. Não houve divórcio formal e para não haver problemas legais com o ex, ela teve que se casar com o amigo Richard Morgan (tio do músico Lionel Hampton) nos termos da Lei de Direito Comum em voga nos EUA, com quem viveu até a morte.

A década de 30 mostrou-se inclemente com a carreira de Bessie graças à da Grande Depressão, ocorrida em 1929 com a Queda da Bolsa de Nova York. Como se não bastasse isso o advento do cinema falado que deu um trio de misericórdia no vaudeville, atingindo muitos artistas que viviam daquele estilo. Bessie tinha participado de um musical mal sucedido chamado Pansy e fez sua única aparição no cinema, no filme St. Louis Blues, baseado na música homônima de W.C. Handy.

Em 1933, ela foi contratada pelo executivo John Hammond para uma série de gravações para a gravadora Okeh, que tinha sido comprada pela Columbia. Seriam seu derradeiro registro fonográfico, acompanhada por músicos da chamada Era do Swing como Jack Teagarden (trombone), Frank Newton (trumpete), Chu Berry (sax tenor), Buck Washington (piano), Bobby Johnson (guitarra) e Billy Taylor (baixo). Cosnta que o bandleader Benny Goodman teve uma participação quase discreta no projeto. Só que Hammond não estava gostando dessa sofisticação na música de Bessie e a queria cantando os bons e velhos Blues de outrora.

Bessie morreu no dia 26 de setembro de 1937, vitimada por um acidente de carro. Durante anos acreditou-se que ela tivesse morrido por omissão de um hospital "exclusivo para brancos" que não quis atendê-la por ser negra e essa aura de lenda inspirou uma peça de teatro de Edward Albee chamada A Morte de Bessie Smith. Os funerais da cantora mobilizou 10.000 pessoas sensibilizadas com a tragédia e admiradores de sua música. Embora seu ex-marido tenha tentado comprar uma lápide para homenagear Bessie, seus forços foram em vão e ela foi enterrada num tútlo comum. Em 1970, a cantora Janis Joplin, que tinha em Bessie sua maior influência, custeou a lápide, um memorial digno da grande intérprete que se foi de forma tão prematura.

Hoje, Bessie é uma referência entre as grandes cantoras de Jazz e Blues que sempre a citam como grande influência e ela foi introduzida ao Blues Hall of Fame.

Fonte:
Wikipedia (em inglês)

Bessie Smith, grande voz do Blues
 

sexta-feira, 18 de março de 2011

Barulho de Grilos

A banda foi formada como grupo de acompanhamento para o lendário rocker Buddy Holly (guitarra, vocais) mas sobreviveu à morte de seu destemido líder. Vamos falar de The Crickets. A biografia de Buddy foi postada aqui.

Tudo começou em 1956 quando Buddy Holly um guitarrista e cantor texano (nascido na pequena cidade de Lubbock no dia 7 de setembro de 1936) havia firmado um contrato com a Coral, subsidiária da Decca Records pois o pessoal do selo gostou da performance de Buddy ao fazer a abertura do show de Bill Haley & His Comets em Lubbock.  Para tanto, Buddy procurou recrutar uma banda que pudesse acompahá-lo em tempo integral já que o pessoal que o acompanhava em shows na rádio KDAV e eventos locais não podia dispor desse tempo. Acabou fechando com o baterista Jerry Ivan Allison (nascido em 31 de agosto de 1939 em Hillsboro, Texas) já tocava com Buddy nesse shows ocasionais. O contrabaixista Joseph (Joe B.) Benson Maudlin Jr. (nascido em 8 de julho de 1940 em Lubbock, Texas) e o guitarrista Niki M. Sullivan (nascido em 23 de junho de 1937 em South Gate, California) completaram a formação.

Ao pensar num nome para a banda, o consenso era descartar nomes de pássaros, algo muito comum à época. "Bom, já que pássaros estavam descartados que tal Spiders (aranhas)?", sugeriu um deles. Não, ainda não era isso, mas estavam no caminho. Pensaram em insetos e um deles até levou um livro de estudos de insetos para mais sugestões. Gostaram de Crickets (grilos), insetos barulhentos. E barulho era como os pais consideravam as músicas de seus filhos na época. Uma lenda recorrente, que dizia que o nome da banda foi dado porque haviam grilos incomodando um ensaio deles, surgiu após a exibição do filme Buddy Holly Story em 1979 que conta essa versão.

Em 1956, entrou em cena Norman Petty (nascido em 25 de maio de 1927 em Clovis, Novo México), que conheceu os Crickets durante uma sessão de gravação da banda em seu estúdio. Buddy e ele se tornaram grandes amigos e essa parceria foi muito produtiva para ambos. Astutamente, Petty criou duas denominações para as gravações da banda. Todas aquelas que tinham preponderância dos vocais do líder, ele vendia como Buddy Holly. As gravações com arranjos e overdubs que tinham a colanboração da banda era vendido como The Crickets. Petty, inclusive tinha crédito como coautor em algumas composições da banda.

Os Crickets gravaram seu primeiro álbum batizado The Chirpin' Crickets (1957) que tinha os clássicos That'll Be the Day, Oh Boy, Not Fade Away, You've Got Love, I'm Lookin' for Someone to Love, Maybe Baby, Tell me How e Send me Some Loving (um cover de Little Richard), que gerou uma série de singles que fizeram a fama da banda.

Em 1958, Buddy e os Crickets fizeram a histórica turnê à Inglaterra onde já influenciavam uma geração inteira de futuros músicos. Paul McCartney, que revolucionaria a música com os Beatles e Mick Jagger que lideraria os Rolling Stones foram dois dos muitos espectadores que viram a banda americana atuando.

De volta aos EUA, Buddy começou a discordar da forma como Norman estava produzindo a banda e rompeu com ele. Já que Petty era dono do nome dos Crickets, Buddy deixou a banda, mudando-se para Nova York, onde começou sua bem sucedida carreira solo interrompida após a morte dele em 2 de fevereiro de 1959 num acidente de avião, evento que a posteridade conhece como O Dia em Que a Música Morreu. Nesse ano, contaram com o reforço de Sonny Curtis (nascido no dia 9 de maio de 1937 em Meadow, Texas), um amigo de infância de Buddy que havia tocado com ele antes da formação dos Crickets e em algumas sessões de gravação da banda. Gravaram a composição de Curtis I Fought the Law, que fez sucesso em 1965 com a banda Bob Fuller Four.

Apesar da saída de seu líder e mentor, os Crickets continuaram atuando agora tendo como frontman o guitarrista e cantor David Box, nascido em Lubbock e que tinha uma voz muito parecida com a de Buddy. Em 1960, com essa formação, lançaram o álbum In Style with The Crickets, de onde foi extraído o single Don' Cha Know (que tinha no lado B uma composição de Buddy, Peggy Sue Got Married, lançada postumamente)

Em 1962, lançaram o single Don't Ever Change (composição de Goffin & King) que foi um grande sucesso sobretudo na Inglaterra onde chegou ao Top 5 das paradas britânicas. Nesse ano, gravaram como banda de apoio ao cantor Bob Vee no álbum Bob Vee Meets The Crickets.Em 1963, veio o álbum Something Old, Something New e em 1964 os álbuns The Crickets, onde fazem uma homenagem a seus discípulos, os Beatles tocando grandes sucessos dos Fab 4 como I Want to Hold Your Hand, She Loves You, From Me to You e Please Please Me. Nesse ano, nova tragédia se abateu sobre o grupo: David Box, substituto de Buddy Holly morreu também num acidente de avião. Em 1965,  lançaram um álbum chamado A Collection, com um interssante cover de La Bamba de Ritchie Valens. Do final da década de 60 em diante, os Crickets fizeram aparições em discos de outros artitas até o fim da banda em 1971. Em 1975,  trio se reuniu acompanhando o guitarrista Albert Lee num tributo a Buddy Holly no álbum Live at Lubbock e se tornaram figuras constantes no evento criado por Paul McCartney, que tem acontecido anualmentedesde os anos 70 chamado Buddy Holly Day. Após gravarem com amigos e discípulos o álbum The Crickets & Their Buddies (2004), eles permanecem na ativa até os dias de hoje.

Niki Sullivan, membro fundador dos Crickets faleceu após sofrer uma ataque cardíaco no dia 6 de abril de 2004.

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.menziesera.com/people/holly_lps.shtml
The Crickets em três momentos distintos

quarta-feira, 16 de março de 2011

Músicos de Apoio: King Curtis

Iniciamos uma série contando um pouco sobre a biografia de músicos de apoio que, em muitos caos não compartilharam o spotlight das grandes lendas da música mas que marcaram seu nome na história. Vamos começar com o grande saxofonista King Curtis.

Curtis Ousley nasceu no dia 7 de fevereiro de 1934 em Fort Worth, Texas. Começou a aprender a tocar sax quando tinha 12 anos. Sempre preferiu sax tenor, alto e soprano e ainda estudante de música, recusou bolsas de estudo para se juntar à banda do bluesman Lionel Hampton, onde começou a a prender a compor e fazer arranjos. Suas principais influências eram  Lester Young, Louis Jordan, Illinois Jacquet, Earl Bostic e Gene Ammons. Mudou-se para Nova York e depois do tempo tocando com Hampton, começou a formar seus próprios grupos de Jazz e Rhythm & Blues.

Na década de 50, com a explosão do Rock and Roll, começou a oferecer seus préstimos como músico de sessão e apoio em concertos. Trabalhou com The Coasters em 1958, deixando sua marca no clássico do grupo Yakety Yak, onde fez o solo de sax. Com Clyde McPhatter (ex-Drifters) mostrou novamente seu talento como solista instrumental em Lover's Question. Na mesma época, foi contratado por Buddy Holly para algumas sessões e teve seu nome creditado na composição Reminiscing, que só foi lançada três anos após a morte de Holly. Trabalhou ainda com Andy Williams, Nat Adderly e Wynton Kelly.

Também como intérprete solo, King Curtis deixou sua marca. Em 1962, seu single Soul Twist alcançou o topo das paradas de R & B dos EUA. Nessa década trabalhou com grandes nomes do Soul e do Rock como The Shirelles (tocou sax em Boys), Wilson Pickett, Don Covay, Solomon Burke, Bobby Darin e muitos outros. Em 1965, começou a trabalhar na gravadora Atlantic Records, onde gravou dois singles bem sucedidos, Ode To Billy Joe e Memphis Soul Stew. Formou a banda The Kingpins que fez a abertura do memorável show dos Beatles no Shea Stadium. A banda converteu-se em grupo de apoio da cantora Aretha Franklin, de quem Curtis era um grande amigo além de diretor musical.

Em 1970, foi laureado com o Grammy pela performance instrumental em Games People Play, cover do cantor Joe South (em parceria com Duanne Allman), participou de um dos melhores discos de Aretha Franklin naquela década: Aretha Live at Fillmore West, onde trabalhou com uma formação incrementada dos Kingpins que contava com Billy Preston (teclados), Jerry Jemmott (baixo), Cornell Dupree (guitarra), Pancho Morales (percussão, Bernard "Pretty" Purdie (bateria) e os metais acachapantes do grupo The Memphis Horns. Tendo trabalhado com The Band e Allman Brothers, Curtis ficou muito amigo daquelas bandas. Nesse mesmo ano, ele trabalhou nas sessões do álbum Imagine de John Lennon e participou das faixas It's So Hard e I Don't Wanna Be a Soldier Mama I Don't Wanna Die. Também compôs e tocou na música tema do programa Soul Train com o grupo The Rimshots.

No dia 13 de agosto de 1971, Curtis voltava para seu apartamento com o aparelho de ar condicionado que havia comprado e foi abordado por dois viciados que tentaram rendê-lo anunciando um assalto. O músico reagiu e levou uma facada no peito. Ainda consegiu render um dos atacantes mas teve um colapso e foi levado ao hospital, onde morreu horas depois. No seu funeral, os amigos Aretha, Cissy Houston, Duane Allman e Stevie Wonder prestaram a ele uma linda homenagem. Sua morte foi tão sentida que Aretha Franklin ficou anos sem se apresentar, chocada com a perda violenta do grande amigo. Apesar do trabalho como músico de sessão, ele deixou uma vasta discografia como artista solo.

King Curtis foi introduzido no Rock and Roll Hall of Fame em 2000.

Fontes:
Wikipedia (em inglês)
http://rockhall.com/inductees/king-curtis/bio/

King Curtis
King Curtis, um dos melhores saxofonistas do
Rock and Roll, Jazz e Rhythm & Blues
Crédito da foto: http://rockhall.com/inductees/king-curtis/bio/

terça-feira, 15 de março de 2011

Brasileiro até no nome

Neste post falaremos sobre um dos maiores compositores da Música Popular Brasileira, o inesquecível Tom Jobim. Grande músico, arranjador, maestro e intérprete, ele era um dos pais da Bossa Nova.

Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim nasceu no dia 25 de janeiro de 1927 no Rio de Janeiro, filho do diplomata Jorge de Oliveira Jobim e Nilza Brasileiro de Almeida Jobim. A família, que morava na Tijuca por ocasião do nascimento de Antônio, mudou-se para Ipanema em 1931. Lá, o menino passou sua infância e adolescência. O apelido foi dado pela irmã mais nova, Helena. A ausência do pai, que morreu em 1935 quando Tom tinha apenas sete anos, criou nele um profundo sentimento de tristeza, o que talvez tenha contribuído para se dedicar mais à música. Sua mãe casou-se de novo com Celso Frota Pessoa, que foi um grande pai para Tom e Helena, sempre dando uma força nos momentos de apuro. Em 1941, Hans-Joachim Koellreutter, grande compositor e musicólogo alemão foi contratado família de Tom para ser seu professor de piano e harmonia. Tom teve outros mestres que o ensinaram o caminho musical: Lúcia Branco que o convenceu a desistir de ser concertista e Paulo Silva, que aporfundaria seus conhecimentos em harmonia.

Ao se casar com Theresa em 1949, ele tencionava se formar arquiteto e até chegou a cursar o primeiro ano da faculdade e trabalhar num escritório de aqruitetura. A música, no entanto falou mais alto e Antônio desistiu da ideia para tocar piano em bares do Rio, como o famoso Beco das Garrafas no início da década de 50, numa época em que se dizia que "música não dava camisa a ninguém". Com Theresa, Tom teve dois filhos, Paulo e Elizabeth.

Em 1952, com a ajuda do padrasto, foi contratado como arranjador na gravadora Continental, onde conheceu o grande Radamés Gnatalli, de quem se trnou afilhado musical. Além dessa função, transcrevia pautas de melodias para compositores que não sabiam fazer isso. Foi nessa época que começou a compor. Incerteza, uma parceria com Newton Mendonça foi uma de suas primeiras composições. Algum tempo depois, começou a trabalhar na Odeon brasileira (uma subsidiária da EMI inglesa), mas faltava-lhe tempo para se dedicar à composição que era o que mais o fascinava. Ao deixar a gravadora, apesar dos pedidos insistentes para que ficasse, compôs algumas coisas como Teresa da Praia, uma parceria com Billy Blanco que foi gravada por Lúcio Alves e Dick Farney. Solidão, Sinfonia do Rio de JaneiroSe é Por Falta de Adeus, parceria com Dolores Duran para a cantora Dóris Monteiro, foram outras composições desse período.

Em 1956, Tom conheceu aquele que seria seu mais constante parceiro musical, o poeta Vinícius de Moraes. Os dois começaram a parceria a partir de Orfeu da Conceição, uma peça escrita por Vinícius e musicada por Tom que tem como destaque o clássico da MPB Se Todos Fossem Iguais a Você.

Em 1958, Tom e Vinícius compuseram músicas para o álbum Canção do Amor Demais da cantora Elizeth Cardoso que contava com o violonisa então desconhecido João Gilberto. Esse disco inaugurava um marco na história da MPB: a Bossa Nova com clássicos como Chega de Saudade, Canção do Amor Demais e Eu Não Existo Sem Você.

Em 1959, a interpretação de João Gilberto para Chega de saudade veio pavimentar o caminho da Bossa Nova como estilo musical. Vieram outras composições, ora com Vinícius (A Felicidade), ora com Aloísio de Oliveira (Dindi), ora com seu primeiro parceiro, Newton Mendonça (Samba de Uma Nota Só, Desafinado). Nesse final de década, Tom tinha um programa de entrevistas na TV Paulista chamado Bom Tom.

Em 1960, por ocasião da inauguração de Brasília, Tom e Vinícius participaram na elaboração de uma sinfonia dedicada à nova capital brasileira chamada Brasília, Sinfonia da Alvorada. Tom contribuiu para o novo disco de João Gilberto com três composições, entre elas o clássico Insensatez. Mas 1960 não foi um ano feliz de todo  para Tom, pois o amigo e parceiro Newton Mendonça faleceu nesse ano.

1962 marcou a volta de Tom aos palcos no show Encontro, que teve as presenças de Vinícius (que cantou pela primeira vez em público), Os Cariocas e João Gilberto. Nesse show, surgiram clássicos da Bossa Nova como Só Danço Samba, Samba do Avião, Samba da Bênção, O Astronauta e uma das músicas brasileiras mais gravadas no planeta: Garota de Ipanema. No mesmo lugar onde aconteceu o show, Tom conheceu os músicos americanos Stan Getz e Charlie Byrd que encantados com a Bossa Nova gravaram o álbum Jazz Samba, que introduziu o estilo no mercado americano. Logo, a nata de músicos americanos de veia jazzística, tais como Lalo Schiffrin (de origem argentina, radicado nos EUA), Coleman Hawkins e Quincy Jones estava gravando composições de Tom e Vinícius. Nesse ano, Tom e amigos como Sérgio Ricardo, João Gilberto e Aloísio de Oliveira fizeram um memorável show no Carnegie Hall em Nova York. Convites eram feitos aos montes mas Tom não via a cor do dinheiro, razão pela qual ele criou (após a insistência da esposa Theresa) a editora Corcovado Music. Nesse ano, Tom gravou seu primeiro disco nos EUA chamado Antonio Carlos Jobim - The Composer of Desafinado Plays acompanhado de grande orquestra. Foi muito bem recebido pela crítica daquele país. Sua editora começoua a auxiliar compositores americanos interessados em lançar clássicos da Bossa Nova na língua inglesa. Astrud Gilberto foi a primeira a interpretar Garota de Ipanema em inglês.

Entre 1963 e 1967, aconteceram muitas coisas com Tom. Ele teve sua estréia como cantor no disco Caymmi Visita Tom (1963), que marcou um verdadeiro encontro de titãs entre Tom e o memorável compositor baiano Dorival Caymmi e seus filhos Danilo, Dory e Nana. Em 1964, recebeu três grammys (foi o primeiro brasileiro a ganhar tal honraria). Em 1965, voltou aos EUA para participar do programa do cantor Andy Williams e conheceu o arranjador de Frank Sinatra, Nelson Riddle. Em 1967, Tom gravou com o próprio Sinatra o álbum Albert Francis Sinatra & Antonio Carlos Jobim. De volta à terrinha, Tom gravou o disco Wave com a faixa-título, grande clássico bossanovista, Triste e Lamento, entre outras. Começou uma parceria com o então iniciante Chico Buarque de Holanda. Sabiá, uma composição da dupla concorreu no III Festival Internacional da Canção, defendida por Cynara e Cybele (do Quarteto em Cy). Apesar de ter vencido o festival, Tom ficou ressentido com as vaias recebidas pelo público que preferia Pra Não Dizer que Não Falei de Flores de Geraldo Vandré. Naquela época, o Regime Militar impunha sua força e a composição de Vandré era o hino dos descontentes com a situação. Sabiá também tinha uma mensagem de protesto velado mas o público não entendeu.

Entre 1968 e 1972, o meio musical brasileiro era um verdadeiro campo minado. Descontentes com a censura imposta pelo governo militar aos meios de comunicação que estavam usando o Festival para alcançar seus objetivos, grandes vultos da cultura nacional como Vinícius, Chico, Edu Lobo, Ruy Guerra, Caetano Velloso, Gilberto Gil, José Carlos Capinam, Milton Nascimento, Baden-Powell e Egberto Gismonti, entre outros decidiram boicotar o evento. Tom decide aderir ao boicote e entra na lista negra do regime, chegando a ser preso em 1970 para "prestar esclarecimentos". Alguns de seus amigos como Caetano e Gil partiram para o exílio, mas Tom preferiu ficar e inaugurou sua chamada fase ecológica (que durou de 1972-1976) a partir dos discos Matita Perê e Urubu, onde compôs clássicos como Águas de Março Lígia, entre outros. É desta época também o memorável disco Elis e Tom, uma parceria com a grande cantora Elis Regina. A partir daí, faria parcerias com Miúcha e Edu Lobo.

No final dos 70, seu casamento com Theresa acabou ele se casou com a fotógrafa Ana Beatriz Lontra de apenas 19 anos (união que só foi oficializada em 1986). Ana fez parte do coral familiar criado pelo marido para um show no Canecão que contou com estrelas como Vinícius, Miúcha e Toquinho, além da filha de Tom, Beth e as irmãs de Chico Buarque Pii, Cristina e Bahia. O espetáculo fez um grande sucesso no Rio. Teve com Ana dois filhos, João Francisco e Maria Luíza.
Nos anos 80, Chico estava consagrado como grande compositor brasileiro, recebendo inúmeras honrarias e também perdendo amigos queridos como Vinícius que morreu em 1980. Compôs os clássicos Luíza para a novela Brilhante e Passarim para a minissérie O Tempo e o Vento ambas produções da TV Globo. É dessa época, também o especial da TV Manchete A Música Segundo Tom Jobim (1984). Teve incursões no cinema compondo para os filmes Gabriela , Para Viver Um Grande Amor, Eu Te Amo e Fonte da Saudade. Em 1985, participou, ao lado de grandes nomes da MPB da campanha Nordeste Já, uma espécie de We Are The World tupiniquim. Nesse ano, voltou ao Carnegie Hall onde fez outro show memorável, viajou pelos EUA, Canadá e Japão. De volta ao Brasil, participou junto ao grande compositor argentino Astor Piazzolla de um especial de TV comandado pelos amigos Chico e Caetano. Em 1987, compôs Anos Dourados para a minissérie homônima da TV Globo e em 1988 foi homenageado por aquela emissora com o especial Antônio, Um Brasileiro. No ano seguinte, apesar do grande show em comemoração aos 25 anos da gravação de Garota de Ipanema em inglês por Astrud Gilberto no Carnegie Hall, Tom teve que amargar a perda da mãe, dona Nilza e do tio Marcelo.

Os anos 90 prometiam ainda mais honrarias a esse grande compositor brasileiro. Além de grandes shows no Brasil e no exterior, do lançamento de seu Songbook, Tom foi laureado com a introdudção do Hall of Fame da Música Popular dos EUA, um grande feito para um artista não nascido naquele país, panteão esse composto por grandes pilares como Cole Porter, Irving Berlin e os irmãos George e Ira Gershwin. Em 1991, fez uma memorável show no dia 25 de janeiro, aniversário da cidade de São Paulo num Ginásio do Ibirapuera lotado com 28.000 pessoas. Curiosamente, naquele dia Tom estava fazendo 64 anos. Compôs a canção Querida para a novela global O Dono do Mundo. No ano seguinte, foi homenageado pela Escola de Samba Mangueira sendo tema daquela agremiação. Tom devolveu a homenagem, compondo, em parceria com o amigo Chico Buarque, o samba Piano da Mangueira. Em 1993, faria mais show no Carnegie Hall, seu último em vida, e seria muito homenageado.

Em 1994, foi detectado um tumor malígno em sua bexiga e então foi marcada uma cirurgia para retirá-lo. Tudo correu bem mas quando Tom estava se recuperando, teve uma parada cardíaca, seguida de uma embolia pulmonar e veio a falecer no dia 8 de dezembro daquele ano. O Brasil perdia um de seus mais ilustres filhos e o mundo ficava órfão de mais um gênio musical.

Fonte:
Wikipedia
Site oficial: http://www2.uol.com.br/tomjobim/index_flash.htm

Tom Jobim, um dos maiores compositores populares
do século XX
Crédito da foto: Site Oficial

segunda-feira, 14 de março de 2011

Casamentos Musicais: Ike & Tina Turner

Vamos começar uma série dentro do nosso blog retratando a biografia dos mais famosos casais da história da música. Para inaugurar a série, falaremos de um dos mais explosivos casais da Soul Music. Estou falando de Ike e Tina Turner.

Isaac Wister "Ike" Turner nasceu em 5 de novembro de 1931 na cidade de Clarksdale, Mississipi. Seus pais eram Isaac Luster Turner, um pastor da igreja batista e Beatrice Cushenberry Turner, uma costureira e ele tinha três irmãos. Começou a trabalhar numa emissora de rádio local aos oito anos e na adolescência começou a trabalhar com o bluesman Robert Hawks carregando os instrumentos e o equipamento de sua banda. Hawks tocava frequentemente na rádio onde Ike trabalhava e o som de sua banda deixava o jovem atraído, o que o inspirou a aprender a tocar piano. Outras lendas do Blues como Pinetop Perkins (seu primeiro professor de piano), Muddy Waters, Little Walter e Sonny Boy Williamson também foram suas influências.

Anna Mae Bullock nasceu no dia 26 de novembro de 1939 em Nutbush, Tennessee e seus pais eram Floyd Richard Bullock, diácono batista e operário e Zelma Currie Bullock, também operária. Ela tinha uma irmã mais velha, Ruby Alline de quem foi separada quando os pais se mudaram para St. Louis, Missouri. Anna Mae passou a adolescência com a avó até seu falecimento. Então, voltou a reencontrar os pais e a irmã mais velha.

A carreira de Ike como músico começou no final dos anos 40 quando ele formou a banda Kings of Rhythm, que no dia 3 (ou 5) de março de 1951 foi ao estúdio de Sam Phillips em Memphis, Tenessee para uma gravação histórica que até hoje é considerada como a sessão de gravação que deu origem ao primeiro Rock and Roll gravado, Rocket 88, que teve como crédito o nome Jackie Brenston (saxofonista da banda) & His Delta Cats. Até hoje não se sabe se usaram esse nome porque houve receio por parte de Ike em não emplacar o single mas o que conta é que ele participou dessa lendária gravação.

Foi tocando por clubes noturnos de St. Louis em meados da década de 50 que Ike conheceu a espevitada Anna Mae (então chamada Little Annie), uma cantora de apenas 18 anos, convidando-a para alguns números ocasionais nos Kings of Rhythm. Claro que antes ele ficou com o pé atrás com a garota não botando fé no seu cacife. Nascia ali, meio sem querer, uma das maiores parcerias conjugais da história da música. Com o tempo, Ike colocou mais três garotas na banda, às quais chamou Ikettes [uma refrência às Raellettes de Ray Charles], contando com Little Annie como vocalista principal.

Em 1960, Ike havia escrito uma canção chamada Fool In Love que pretendia dar a algum cantor dos Kings of Rhythm já que Little Annie estava grávida do prmeiro filho do casal. A cantora bateu pé firme e quis interpretar a tal música, peitando o marido, que foi obrigado a cedere ficoi impressionado coma interpertação selvagem da mulher. Resultado: Fool In Love chegou ao segundo lugar nas paradas de Rhythm & Blues, o que deu fama á banda. Por sugestão de Ike, Little Annie mudou seu nome para Tina, uma alusão à personagem de quadrinhos Sheenna, a rainha das Selvas. O nome dos Kings of Rhythm foi alterado para Ike & Tina Turner Revue. Já começavam as homéricas brigas de casal que ocasionou hematomas e fraturas a Tina, que era constantemente espancada por Ike.

Os anos 60 foram o ápice do casal Turner e eles participaram de inúmeras gravações e programas de TV americanos. Tina e as Ikettes levavam uma figurino sensual e uma performance prá lá de picante para a época. Gravaram grandes hits como It's Gonna Work Out Fine, River Deep Mountain High, onde começou a parceria com o produtor Phil Spector, I Want to Take You Higher (de Sly & Family Stone) e uma canção escrita por Tina Nutbush City Limits, para ficarmos só em algumas. Os quebra-paus continuaram acontecendo, não só porque Ike era violento mas porque Tina ficava flertando com músicos da banda e convidados. Reza a lenda que em 1968, ela e o líder dos Rolling Stones, Mick Jagger foram às "vias de fato" durante um concerto que contava com a banda britãnica e a trupe do casal Turner.

Em 1970, veio o grande sucesso da dupla: sua versão de Proud Mary (Creedence Clearwater Revival) que obteve inúmeros prêmios, inclusive um Grammy.

Em 1976, as brigas chegaram ao seu ápice quando Ike bateu em Tina e ela quebrou a clavícula. Ela decidiu deixar Ike de uma vez por todas. Quando a tumultuada vida íntima do casal veio à tona, Ike foi relegado ao limbo. Após o divórcio em 1978, ele ficou com o estigma de marido violento e seus problemas com drogas só pioraram a situação e ele foi preso algumas vezes.

 Nos anos 70, Tina Tina se tornou uma bem sucedida cantora e estrela do Rock e teve momentos memoráveis, como por exemplo, sua atuação na Ópera Rock Tommy da banda The Who, vivendo a fatal Acid Queen. Ela entrou os anos 80 na crista da onda gravando inúmeros sucessos como Private Dancer (de Mark Knopfler do Dire Straits), Typical Male, Help! (dos Beatles), The Best, Better Be Good to Me, entre muitas outras. Ela também se aventurou no cinema, especialmente no filme Mad Max Além da Cúpula do Trovão, onde também cantou o tema principal We don't Need Another Hero.

Ike tentou, durante os anos 70 a 90, retomar a carreira com outras cantoras que tentaram evocar Tina mas a lembrança de seu passado ficaram na mente das pessoas, especialmente depois que o drama do casal ganhou as telas do cinema no filme Tina (What's Love Got to Do with It), estrelado por Angela Basset no papel de Tina e Laurence Fishburne no papel de Ike. Ele faleceu em 2007 após uma overdose de cocaína.

Ike & Tina Turner foram introduzidos no Rock and Roll Hall of Fame em 1991.

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.history-of-rock.com/ike_and_tina_turner

Ike & Tina Turner
Ike & Tina: um dos mais explosivos duos do Rock and Roll
Crédito da foto: http://www.lastfm.com/