terça-feira, 15 de março de 2011

Brasileiro até no nome

Neste post falaremos sobre um dos maiores compositores da Música Popular Brasileira, o inesquecível Tom Jobim. Grande músico, arranjador, maestro e intérprete, ele era um dos pais da Bossa Nova.

Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim nasceu no dia 25 de janeiro de 1927 no Rio de Janeiro, filho do diplomata Jorge de Oliveira Jobim e Nilza Brasileiro de Almeida Jobim. A família, que morava na Tijuca por ocasião do nascimento de Antônio, mudou-se para Ipanema em 1931. Lá, o menino passou sua infância e adolescência. O apelido foi dado pela irmã mais nova, Helena. A ausência do pai, que morreu em 1935 quando Tom tinha apenas sete anos, criou nele um profundo sentimento de tristeza, o que talvez tenha contribuído para se dedicar mais à música. Sua mãe casou-se de novo com Celso Frota Pessoa, que foi um grande pai para Tom e Helena, sempre dando uma força nos momentos de apuro. Em 1941, Hans-Joachim Koellreutter, grande compositor e musicólogo alemão foi contratado família de Tom para ser seu professor de piano e harmonia. Tom teve outros mestres que o ensinaram o caminho musical: Lúcia Branco que o convenceu a desistir de ser concertista e Paulo Silva, que aporfundaria seus conhecimentos em harmonia.

Ao se casar com Theresa em 1949, ele tencionava se formar arquiteto e até chegou a cursar o primeiro ano da faculdade e trabalhar num escritório de aqruitetura. A música, no entanto falou mais alto e Antônio desistiu da ideia para tocar piano em bares do Rio, como o famoso Beco das Garrafas no início da década de 50, numa época em que se dizia que "música não dava camisa a ninguém". Com Theresa, Tom teve dois filhos, Paulo e Elizabeth.

Em 1952, com a ajuda do padrasto, foi contratado como arranjador na gravadora Continental, onde conheceu o grande Radamés Gnatalli, de quem se trnou afilhado musical. Além dessa função, transcrevia pautas de melodias para compositores que não sabiam fazer isso. Foi nessa época que começou a compor. Incerteza, uma parceria com Newton Mendonça foi uma de suas primeiras composições. Algum tempo depois, começou a trabalhar na Odeon brasileira (uma subsidiária da EMI inglesa), mas faltava-lhe tempo para se dedicar à composição que era o que mais o fascinava. Ao deixar a gravadora, apesar dos pedidos insistentes para que ficasse, compôs algumas coisas como Teresa da Praia, uma parceria com Billy Blanco que foi gravada por Lúcio Alves e Dick Farney. Solidão, Sinfonia do Rio de JaneiroSe é Por Falta de Adeus, parceria com Dolores Duran para a cantora Dóris Monteiro, foram outras composições desse período.

Em 1956, Tom conheceu aquele que seria seu mais constante parceiro musical, o poeta Vinícius de Moraes. Os dois começaram a parceria a partir de Orfeu da Conceição, uma peça escrita por Vinícius e musicada por Tom que tem como destaque o clássico da MPB Se Todos Fossem Iguais a Você.

Em 1958, Tom e Vinícius compuseram músicas para o álbum Canção do Amor Demais da cantora Elizeth Cardoso que contava com o violonisa então desconhecido João Gilberto. Esse disco inaugurava um marco na história da MPB: a Bossa Nova com clássicos como Chega de Saudade, Canção do Amor Demais e Eu Não Existo Sem Você.

Em 1959, a interpretação de João Gilberto para Chega de saudade veio pavimentar o caminho da Bossa Nova como estilo musical. Vieram outras composições, ora com Vinícius (A Felicidade), ora com Aloísio de Oliveira (Dindi), ora com seu primeiro parceiro, Newton Mendonça (Samba de Uma Nota Só, Desafinado). Nesse final de década, Tom tinha um programa de entrevistas na TV Paulista chamado Bom Tom.

Em 1960, por ocasião da inauguração de Brasília, Tom e Vinícius participaram na elaboração de uma sinfonia dedicada à nova capital brasileira chamada Brasília, Sinfonia da Alvorada. Tom contribuiu para o novo disco de João Gilberto com três composições, entre elas o clássico Insensatez. Mas 1960 não foi um ano feliz de todo  para Tom, pois o amigo e parceiro Newton Mendonça faleceu nesse ano.

1962 marcou a volta de Tom aos palcos no show Encontro, que teve as presenças de Vinícius (que cantou pela primeira vez em público), Os Cariocas e João Gilberto. Nesse show, surgiram clássicos da Bossa Nova como Só Danço Samba, Samba do Avião, Samba da Bênção, O Astronauta e uma das músicas brasileiras mais gravadas no planeta: Garota de Ipanema. No mesmo lugar onde aconteceu o show, Tom conheceu os músicos americanos Stan Getz e Charlie Byrd que encantados com a Bossa Nova gravaram o álbum Jazz Samba, que introduziu o estilo no mercado americano. Logo, a nata de músicos americanos de veia jazzística, tais como Lalo Schiffrin (de origem argentina, radicado nos EUA), Coleman Hawkins e Quincy Jones estava gravando composições de Tom e Vinícius. Nesse ano, Tom e amigos como Sérgio Ricardo, João Gilberto e Aloísio de Oliveira fizeram um memorável show no Carnegie Hall em Nova York. Convites eram feitos aos montes mas Tom não via a cor do dinheiro, razão pela qual ele criou (após a insistência da esposa Theresa) a editora Corcovado Music. Nesse ano, Tom gravou seu primeiro disco nos EUA chamado Antonio Carlos Jobim - The Composer of Desafinado Plays acompanhado de grande orquestra. Foi muito bem recebido pela crítica daquele país. Sua editora começoua a auxiliar compositores americanos interessados em lançar clássicos da Bossa Nova na língua inglesa. Astrud Gilberto foi a primeira a interpretar Garota de Ipanema em inglês.

Entre 1963 e 1967, aconteceram muitas coisas com Tom. Ele teve sua estréia como cantor no disco Caymmi Visita Tom (1963), que marcou um verdadeiro encontro de titãs entre Tom e o memorável compositor baiano Dorival Caymmi e seus filhos Danilo, Dory e Nana. Em 1964, recebeu três grammys (foi o primeiro brasileiro a ganhar tal honraria). Em 1965, voltou aos EUA para participar do programa do cantor Andy Williams e conheceu o arranjador de Frank Sinatra, Nelson Riddle. Em 1967, Tom gravou com o próprio Sinatra o álbum Albert Francis Sinatra & Antonio Carlos Jobim. De volta à terrinha, Tom gravou o disco Wave com a faixa-título, grande clássico bossanovista, Triste e Lamento, entre outras. Começou uma parceria com o então iniciante Chico Buarque de Holanda. Sabiá, uma composição da dupla concorreu no III Festival Internacional da Canção, defendida por Cynara e Cybele (do Quarteto em Cy). Apesar de ter vencido o festival, Tom ficou ressentido com as vaias recebidas pelo público que preferia Pra Não Dizer que Não Falei de Flores de Geraldo Vandré. Naquela época, o Regime Militar impunha sua força e a composição de Vandré era o hino dos descontentes com a situação. Sabiá também tinha uma mensagem de protesto velado mas o público não entendeu.

Entre 1968 e 1972, o meio musical brasileiro era um verdadeiro campo minado. Descontentes com a censura imposta pelo governo militar aos meios de comunicação que estavam usando o Festival para alcançar seus objetivos, grandes vultos da cultura nacional como Vinícius, Chico, Edu Lobo, Ruy Guerra, Caetano Velloso, Gilberto Gil, José Carlos Capinam, Milton Nascimento, Baden-Powell e Egberto Gismonti, entre outros decidiram boicotar o evento. Tom decide aderir ao boicote e entra na lista negra do regime, chegando a ser preso em 1970 para "prestar esclarecimentos". Alguns de seus amigos como Caetano e Gil partiram para o exílio, mas Tom preferiu ficar e inaugurou sua chamada fase ecológica (que durou de 1972-1976) a partir dos discos Matita Perê e Urubu, onde compôs clássicos como Águas de Março Lígia, entre outros. É desta época também o memorável disco Elis e Tom, uma parceria com a grande cantora Elis Regina. A partir daí, faria parcerias com Miúcha e Edu Lobo.

No final dos 70, seu casamento com Theresa acabou ele se casou com a fotógrafa Ana Beatriz Lontra de apenas 19 anos (união que só foi oficializada em 1986). Ana fez parte do coral familiar criado pelo marido para um show no Canecão que contou com estrelas como Vinícius, Miúcha e Toquinho, além da filha de Tom, Beth e as irmãs de Chico Buarque Pii, Cristina e Bahia. O espetáculo fez um grande sucesso no Rio. Teve com Ana dois filhos, João Francisco e Maria Luíza.
Nos anos 80, Chico estava consagrado como grande compositor brasileiro, recebendo inúmeras honrarias e também perdendo amigos queridos como Vinícius que morreu em 1980. Compôs os clássicos Luíza para a novela Brilhante e Passarim para a minissérie O Tempo e o Vento ambas produções da TV Globo. É dessa época, também o especial da TV Manchete A Música Segundo Tom Jobim (1984). Teve incursões no cinema compondo para os filmes Gabriela , Para Viver Um Grande Amor, Eu Te Amo e Fonte da Saudade. Em 1985, participou, ao lado de grandes nomes da MPB da campanha Nordeste Já, uma espécie de We Are The World tupiniquim. Nesse ano, voltou ao Carnegie Hall onde fez outro show memorável, viajou pelos EUA, Canadá e Japão. De volta ao Brasil, participou junto ao grande compositor argentino Astor Piazzolla de um especial de TV comandado pelos amigos Chico e Caetano. Em 1987, compôs Anos Dourados para a minissérie homônima da TV Globo e em 1988 foi homenageado por aquela emissora com o especial Antônio, Um Brasileiro. No ano seguinte, apesar do grande show em comemoração aos 25 anos da gravação de Garota de Ipanema em inglês por Astrud Gilberto no Carnegie Hall, Tom teve que amargar a perda da mãe, dona Nilza e do tio Marcelo.

Os anos 90 prometiam ainda mais honrarias a esse grande compositor brasileiro. Além de grandes shows no Brasil e no exterior, do lançamento de seu Songbook, Tom foi laureado com a introdudção do Hall of Fame da Música Popular dos EUA, um grande feito para um artista não nascido naquele país, panteão esse composto por grandes pilares como Cole Porter, Irving Berlin e os irmãos George e Ira Gershwin. Em 1991, fez uma memorável show no dia 25 de janeiro, aniversário da cidade de São Paulo num Ginásio do Ibirapuera lotado com 28.000 pessoas. Curiosamente, naquele dia Tom estava fazendo 64 anos. Compôs a canção Querida para a novela global O Dono do Mundo. No ano seguinte, foi homenageado pela Escola de Samba Mangueira sendo tema daquela agremiação. Tom devolveu a homenagem, compondo, em parceria com o amigo Chico Buarque, o samba Piano da Mangueira. Em 1993, faria mais show no Carnegie Hall, seu último em vida, e seria muito homenageado.

Em 1994, foi detectado um tumor malígno em sua bexiga e então foi marcada uma cirurgia para retirá-lo. Tudo correu bem mas quando Tom estava se recuperando, teve uma parada cardíaca, seguida de uma embolia pulmonar e veio a falecer no dia 8 de dezembro daquele ano. O Brasil perdia um de seus mais ilustres filhos e o mundo ficava órfão de mais um gênio musical.

Fonte:
Wikipedia
Site oficial: http://www2.uol.com.br/tomjobim/index_flash.htm

Tom Jobim, um dos maiores compositores populares
do século XX
Crédito da foto: Site Oficial

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