terça-feira, 22 de março de 2011

Dançando com as Sombras

Os baixistas do mundo inteiro fazem um minuto de silêncio. Morreu na última sexta feira, dia 18 de março, Jet Harris, que mandou ver nas quatro cordas de um dos mais lendários grupos de Rock Instrumental da história: The Shadows. Neste post, vamos falar sobre essa estupenda banda.

Tudo começou no distante ano de 1958 quando o cantor inglês Cliff Richard emplacou um single de sucesso, Move It. Naquele momento, ele precisava urgentemente de uma banda de apoio para realizar uma turnê divulgando o disco. Para tanto, responderam ao chamado os guitarristas Hank Marvin (nascido Brian Robson Rankin no dia 28 de outubro de 1941 em New Castle) e Bruce Welch (nascido Bruce Cripps no dia 2 de novembro de 1941 em Sussex), egressos da banda The Railroaders, especializada em Skiffle e baseada em New Castle. Também fecharam com o cantor o baixista Terence "Jet" Harris (nascido em 6 de julho de 1939 em Londres) e o baterista chamado Terry Smart (nascido em 1942), que havia tocado na banda anterior de Richard, The Drifters, que acabou não ficando muito tempo. Então Jet sugeriu o amigo Tony Meehan (nascido  Daniel Joseph Anthony Meehan em 2 de março de 1943 em Londres), que tocou com ele na banda The Vipers, banda londrina de Skiffle. Como intuito era divulgar o single, atribuído a Cliff Richard & The Drifters, decidiram manter nome para os os compromissos assumidos.

Hank e Bruce eram amigos de infância e iam participar de um concurso de bandas quando conheceram o empresário de Cliff Richard que lhes fez uma boa proposta. Como estavam precisando de uma boa grana, os dois amigos toparam. Jet e Tony também tinham um elo de amizade desde a infância. Talvez o amálgama dessas duas duplas tão completas entre si sejam o segredo para a eficiência da banda que viriam a formar.

Em 1959, a banda gravou mais dois singles bem sucedidos, Feelin' Fine/Don't Be A Fool With Love) e Jet Black/Driftin'. Contudo, a banda americana de Rhythm & Blues The Drifters (de quem falaremos em outro post) queria processar a banda pelo uso do nome. Para evitar problemas mais sérios, usaram temporariamente o nome The Four Jets mas precisavam urgentemente de um nome, já que o single Living Doll era um estrondoso sucesso.

Enquanto Jet e Hank descansavam e bebericavam algo num pub chamado Six Bells em Ruislips, eles ficavam sugerindo nomes até que o baixista perguntou: "e The Shadows [as sombras]? Hank teve um estalo mental e achou o nome bacana. Assim ficou decidido que o nome da banda seria Cliff Richard & The Shadows, apesar de saberem depois que o cantor americano Bobby Vee tinha uma banda de apoio com o mesmo nome. Mesmo assim decidiram arriscar. Uma caracterísitica peculiar da banda (e sua principal marca registrada) era a coreografia que faziam muito bem sincronizada chamada de "shadow walk". Era algo notável, se considerarmos que além de executar passos de dança eles também estavam tocando instrumentos. Ainda nesse ano, os Shadows continuaram a manter seu compromisso como banda de apoio de Cliff Richard mas tinham seu trabalho paralelo como banda instrumental quando assinaram com a EMI.

Em 1960, os Shadows emplacaram seu primeiro grande sucesso na Inglaterra o clássico Apache, um dos números de Rock Instrumental mais tocados de todos os tempos. Apesar de toda a fama que obtiveram em seu país, nem Cliff Richard nem os Shadows conseguiram conquistar o mercado norte-americano, apesar da bem sucedida turnê promovida naquele ano. As gravadoras americanas não se interessaram por eles. O visual impecável dos Shadows deixava outras bandas inglesas emergentes com uma certa inveja. Reza a lenda que uma dessas bandas teria feito até um tributo instrumental a eles. A banda? Uns tais de Beatles de Liverpool. A música? Cry For a Shadow!

Em 1961, mudanças à vista: Tony Meehan saiu dos Shadows e foi substituído por Brian Laurence Bennett (nascido em 9 de fevereiro de 1940 em Londres). No ano seguinte, Jet Harris também deixou a banda, sendo subsituído por Brian "Licorice" Locking (nascido em 22 de dezembro de 1938 em Warwickshire), que havia tocado com Bennett na banda de apoio do cantor inglês Marty Wilde, The Wildcats. Essa formação durou apenas um ano e meio pois Locking saiu para de dedicar às Testemunha de Jeová (igreja da qual Hank Marvin se tornou membro posteriormente). Voltou à banda em 1967 enquanto seu substituto, John Rostill (nascido em 16 de junho de 1942 em Hestfordshire) esteve afastado por doença. Rostill e Bennett conseguriam ,com sucesso, repetir a cozinha da banda feita pela dobradinha Harris/Meehan. Atuaram ao lado de Cliff Richard em diversos filmes estrelados pelos cantor como The Young Ones e Summer Holiday.

A partir de 1963, Cliff e os Shadows foram ofuscados pelo advento da Beatlemania e deixaram de trabalhar juntos. Richard construiria uma sólida carreira como cantor nos anos 70 e os Shadows continuaram gravando discos com seus temas instrumentais. Em 1968, aquela formação chegou ao fim com a saída do fundador Bruce Welch, pouco depois do lançamento do álbum de 10 aniversário da banda The Established. Veio uma tunê ao Japão, onde contaram com o tecladista Alan Hawkshaw (nascido em 27 de março de 1937 em Yorkshire). Após o lançamento do disco que mostrava essa turnê Live is Japan, 1969 e em seguida Shades of Rock (1970), os Shadows voltaram a trabalhar momentaneamente com Cliff Richard num show para TV. Em 1970, decidiram por um fim à banda.

Após um lapso de 3 anos onde Hank e Bruce trabalharam juntos com o cantor John Farrar (nascido em 8 de novembro de 1946 em Melbourne, Austrália) num [pasmem!] grupo vocal chamado Marvin Welch & Farrar, a simples presença de dois Shadows num palco fazia antigos fãs quererem o retorno da banda. Em 1973, os Shadows voltaram à tiva, contando com Farrar nos vocais e em uma das turnês fazendo a guitarra rítmica. O baixista John Rostill e o baterista Bennett também voltaram à banda. Infelizmente no fim desse ano, John morreu eletrocutado e sua baixa foi preenchida por músicos de estúdio como Dave Richmond e Alan Tarney que havia trabalhado com eles no MW&F. A parceria ocasional com o velho amigo Cliff Richard foi retomada em discos de ambos e o MW&F também continuou ativo.

Em 1975, a banda foi escolhida para representar a Inglaterra no Festival da Canção Eurovision e scolheram 6 possíveis músicas candidatas àquele evento, todas tocadas em programas da rádio BBC tendo a cantora Lulu como apresentadora. A música escolhida foi Let Me Be the One, uma das raras músicas cantadas de uma banda considerada instrumental. Ficaram com o segundo lugar naquele festival.

Em 1977, fizeram uma turnê para divulgar o grande hit da banda naquele ano, Don't Cry For me Argentina, versão da banda para a composição de Andrew Lloyd Weber para o musical Evita, contando com o tecladista Francis Monkman da banda Sky que só tocou na turnê. O time formado por Marvin, Welch e Bennett foi compeltado pelo tecladista Cliff Hall e o baixista Alan Jones.

Os anos 80 vieram com a mudança da banda para a gravadora Polydor após o período de sucesso com a EMI. Nessa época, o baixista Jones se acidentou e foi substituído por Mark Griffiths (ex-Plainsong e Matthew Southern Comfort). Hank Marvin pôde tocar um projeto solo sem prejuízo aos Shadows.

Nos anos 90, ficaram em recesso e sua discografia foi lançada em compact disc tanto pela EMI quanto pela Polydor.

Decidiram voltar à ativa em 2004, quando foram condecorados com a Ordem do Império Britânico. Marvin recusou a sua por causa de sua devoção aos preceitos das Testemunhas de Jeová quanto à não aceitação de honrarias dadas a seres humanos. Estavam de volta à banda os mesmos Marvin, Welch e Bennett com seus músicos da década de 70 Hall e Griffiths. No ano seguinte, Hall saiu e o filho do batera Warren Bennett assumiu os teclados. Em 2008, tocarama junto com o velho companheiro Cliff Richard no Royal Variety Performance comemorando o cinquentenário da banda, seguida de uma grande turnê, que seria sua última. Em 2010, gravaram em DVD e Blu Ray a turnê com o nome The Shadows Farewell Tour.
Os Shadows saíram de cena como uma das mais respeitáveis bandas de Rock da história.

Os fundadores Jet Harris e Tony Meehan fizeram uma bem sucedida parceria, seja como dupla seja individualmente. Nos anos 60, contaram com os futuros fundadores do Led Zeppelin Jimmy Page e John Paul Jones em seus trabalhos conjuntos.

Meehan teria produzido a sessão onde os Beatles fizeram o famigerado teste para a Decca Records, onde a banda acabou sendo rejeitada. Chegou a tocar com os Shadows quando Brian Bennett esteve hospitalizado nos anos 60. Deixou a música no início dos anos 90 e acabou falecendo em 2005 aos 62 anos.

Harris também teve bem sucedida ótima carreira solo no decorrer dos anos 60 até 90, tendo sido concecorado como Membro do Império Britânico. Como dito no início deste post, faleceu no dia 18 de março de 2011.

Fonte:
Wikipedia (em inglês)

The Shadows com Cliff Richard: sem sombra de dúvidas
uma das melhoes bandas dos anos 60
Foto: Harry Hammond

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