sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O Dia em que a Música Morreu: Buddy Holly

O título acima, que faz parte de American Pie, a pungente ode ao Rock and Roll interpretada por Don McClean relembra o fatídico dia 3 de fevereiro de 1959, quando três grandes lendas morreram num acidente de avião. Neste post e nos dois seguintes falaremos de suas notáveis biografias.
Charles Hardin Holley nasceu no dia 7 de setembro de 1936 na cidade de Lubbock no Texas, filho de um casal de cantores de country, Laurence Odell e Ella Pauline Holley. Seus irmãos mais velhos  incentivaram-no a aprender a tocar diversos instrumentos como violão, banjo e guitarra. Aos cinco, Buddy (como sempre foi chamado em família) venceu um concurso de talentos vocais cantando Have You Ever Gone Sailing (Down the River of Memories). Aos 12, aproveitando sua voz de sopranino (que perderia com o avanço da puberdade), ele gravou num gravador caseiro uma canção de Hank Snow chamada My Two Timin' Woman. Em 1952, Buddy conheceu seu grande parceiro Bob Montgomery com quem formou o duo Buddy & Bob que fez um certo sucesso no circuito colegial de Lubbock e em algumas rádios locais. Em 1955, teve a honra de fazer a abertura do show do [então] futuro Rei do Rock Elvis Presley quando da visita dele em Lubbock. Aquilo acabou causando uma grande mudança no garoto com óculos fundo de garrafa (Buddy tinha uma miopia muito aguçada desde a mais tenra infância). Como se não bastasse, no final daquele ano, Buddy ainda faria a abertura para outra lenda do Rock Bill Haley e Seus Cometas. Isso acabou chamando a atenção da Decca Records, gravadora da banda e Buddy foi contratado. O erro de grafia usado pelo pessoal da gravadora para seu sobrenome (Holly), acabou sendo adotado como nome artístico. Surgia assim, Buddy Holly!

O próximo passo foi reunir uma boa banda de acompanhamento. Jerry Allison (bateria), Joe P. Maudlin (baixo) e Nikki Sullivan (guitarra) responderam ao chamado. Jerry e Joe já haviam participado de uma gravação com Buddy. Para nomear o grupo, teve-se a ideia de quebrar o paradigma existente de chamar as bandas com nomes de pássaros. Pensaram em insetos e aí veio The Crickets. Logo de cara, a banda enfrentou uma baixa: o guitarrista Sullivan deixou a banda para se dedicar aos estudos. Mesmo assim, decidiram continuar como trio.

Quando o produtor Norman Petty convidou a banda para uma série de sessões de gravação em seu estúdio situado em Clovis, Novo México em 1957, começou uma sólida parceria que traria grandes sucessos como That'll Be The Day, Not Fade Away, Peggy Sue, Rave On, Maybe Baby e Oh Boy. Em agosto, aconteceu um fato inusitado coma banda. Eles haviam sido contratados para tocar no lendário Apolo Theater, verdadeiro templo da música negra norte-americana. Imagina-se que os produtores acreditavam que um nome como The Crickets só poderia ser de uma banda negra. Agora imaginem o quadro: na plateia, negros amantes de Blues e Rhythm & Blues e no palco uma banda de Rockabilly. Embora não tenham ocorrido protestos mais acalorados, custou muito para aquela plateia exigente aceitar os primeiros brancos a pisarem no Apolo. Os Crickets ainda apareceram em rede nacional no Ed Sullivan Show.

Em 1958, Buddy encontrou aquela que seria o grande amor de sua vida, Maria Elena Santiago, com quem se casou pouco depois (fato que era desconhecido dos fãs até a morte de Holly). Foi nesse ano também que Buddy Holly fez sua histórica turnê à Inglaterra onde ele era simplesmente venerado pelos jovens, dentre os quais, futuras lendas do Rock and Roll (John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Mick Jagger, Allan Clarke, Graham Nash e outros). De volta aos EUA, Buddy rompe a parceria com Petty, insatisfeito com os contratos envolvendo seu nome e o dos Crickets. O empresário ficou com os Crickets e Buddy começou sua carreira solo.

Em 1959, decidiu se juntar a alguns artistas como Ritchie Valens, Big Bopper e Dion & The Belmonts num evento chamado Winter Dance Party. Após um show em Iowa em 2 de fevereiro, o ônibus da trupe quebrou e Buddy alugou um jatinho para levar alguns deles para outro lugar. Como só havia três lugares, fora o do piloto, houve um sorteio entre todos e Buddy, Ritchie e Bopper foram vencedores, deixando o resto do pessoal chateado. Numa brincadeira bem mórbida, Buddy brincou com o músico Waylor Jennings, que fazia parte da comitiva: "espero que esse ônibus congele". Jennings devolveu: "E eu espero que esse maldito avião caia!". Dito e feito: poucas horas após decolar, o avião com os músicos caiu vitimando a todos os tripulantes. Jennings disse num depoimento que a tal piada de mal gosto o assombrou por décadas.

No funeral de Buddy, o casamento do músico veio à tona e a família ficou conhecendo sua esposa grávida de seis meses, Maria Elena. Infelizmente, o fruto de tão belo amor não vingou, pois Maria teve um aborto espontâneo [enquanto escrevo isso, as lágrimas afloram de meus olhos...].

The Crickets continuou atuando como banda e teve diversas alterações em sua formação, vindo a terminar nos anos 70. Nos anos 90, a partir de um evento chamado Buddy Holly Day, seus membros originais voltaram a se reunir e a banda está junta até hoje.

Norman Petty continuou a atuar como empresário mas nunca mais encontrou um parceiro como Buddy Holly. Ele faleceu em 1984.

Nos anos 70, foi feito um filme para TV contando a história de Buddy Holly, The Buddy Holly Story, com Gary Busey no papel de Buddy. Maria Elena se casou novamente e teve três filhos. Hoje é uma avó coruja e é a guardiã de tudo o que se refere ao seu inesquecível amado: sua música, seus direitos, sua imagem. Tudo isso ela alcançou graças a um grande admirador de Buddy Holly como forma de agradecimento por tudo o que ele conquistou como grande artista e ser humano. Seu nome? Paul McCartney.

Para conhecer mais sobre Buddy Holly, visite: http://www.buddyhollyandthecrickets.com/

Buddy Holly, uma estrela que jamais vai deixar de brilhar

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