quarta-feira, 6 de abril de 2011

O Rebelde e a sua causa

Se estivesse vivo, ele estaria completando na última segunda feira, dia 4 de abril seu 53º aniversário. Rebelde, poeta, contestador são só algumas palavras usadas para descrevê-lo. Hoje vamos falar da voz de uma geração. Viva Cazuza!

Agenor de Miranda Araújo Neto nasceu no Rio de Janeiro no dia 4 de abril de 1958, filho de João Araújo, divulgador da gravadora Emi Odeon e de Lucinha Araújo. Seu apelido foi dado pela mãe desde que ela soube que estava grávida de um menino. É o nome dado a uma espécie de vespa e também o personagem central de um livro de mesmo nome do grande escritor Viriato Correa, contando suas histórias de infância.Seu nome de batismo foi imposto pela avó, Dona Alice, como homenagem ao avô, o Agenor de Miranda Araújo original. Cazuza nunca gostou de seu nome de batismo. Isso até descobrir que um de seus compositores prediletos, Cartola também se chamava Agenor.

Tendo nascido e crescido em Ipanema, Cazuza frequentava uma escola cara para os padrões de seus pais que não eram ricos mas queriam o melhor para o filho. Como os pais trabalhavam, Cazuza passava os dias com Dona Alice e talvez por ser muito solitário, era um menino muito quieto e comportado. Sua capacidade de compor era precoce. Aos 7 anos, já se aventurava em escrever letras que só a avó conhecia. Entre suas influências estavam Cartola, Dalva de Oliveira, Dolores Duran, Noel Rosa e Lupiscínio Rodrigues, com suas músicas cheias de carga dramática

Quando chegou a adolescência, porém, sua rebeldia começou a aflorar. Fã incondicional de roqueiros da pesada como Rolling Stones, Led Zeppelin, Janis Joplin e Jimi Hendrix, os quais conheceu quando de suas férias em Londres, o jovem vivia na boemia com amigos do Baixo Leblon. "Seo" João tentou colocá-lo nos eixos, chegando a fazer um acordo com ele para que se formasse em alguma coisa. Se fosse aprovado, ganharia um carro. O jovem escolheu estudar Comunicação. Irrequieto que ele só, Cazuza ficou pouco tempo no curso e voltou à sua vida transgressora de jovem roqueiro carioca, mergulhado no mundo regido pelo trinômio sexo, drogas e rock and roll. Metia-se em confusões e lá estava sempre o pai e a mãe sempre livrando-o das barras mais pesadas.

Para evitar mais problemas, o pai arrumou-lhe um trabalho na gravadora Som Livre, onde era presidente. Cazuza estava fazendo 18 anos mas seu espírito ainda estava perturbado. fez diversas coisas na gravadora, estudou fotografia nos EUA, mas ele ainda não estava sossegado. Isso só veio a aocntecer quando ele começou a estudar teatro com Perfeito Fortuna do lendário grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, de onde emergiram futuros nomes da TV e da música como Evandro Mesquita, Regina Casé, Patrícia Travassos e Luiz Fernando Guimarães, entre outros. Não que Cazuza quisesse ser um ator. Cazuza queria cantar e o fez quando concluiu o curso num musical montado por aluo chamado Pára-quedas do Coração. A convivência com grandes nomes da MPB como Elis Regina, Caetano Veloso, Gal Costa, João Gilberto, Novos Baianos, entre outros, que eram amigos de seus pais valeu a pena. Também gostava muito de Rita Lee e até chegou a escrever uma letra que ela musicou.

Em 1981, sua grande chance de encontrar uma turma adequada para suas pretensões veio quando o amigo Leo Jaime, o indicou para uma banda que estava sendo formada na Zona Sul. O próprio Leo havia sido convidado a integrar aquela banda mas seu estilo de cantar não era o ideal. A banda era formada por Roberto Frejat (guitarra), Maurício Barros (teclados), Dé (baixo) e Guto Goffi (bateria). O vocal gritado/vomitado de Cazuza combinou com o som proposto pela banda. Nascia assim, o Barão Vermelho (o nome já existia antes de Cazuza integrar o time). No início, eles faziam alguns covers e quando Cazuza estava bem familiarizado com seus novos amigos, mostrou-lhe suas letras.

Em 1982, a banda chamou a atenção do produtor Ezequiel Neves que ouviu a fita demo dos meninos e gostou. Convenceu o produtor da Sim Livre Guto Graça Melo a gravar um disco da banda mas eles esbarraram num problema: o veto do pai de Cazuza que não queria trabalhar com o filho com receio da pecha de nepotiismo. Depois de algumas conversas, João concordou em gravar o Barão. O primeiro disco chamado simplesmente Barão Vermelho tinha alguns clássicos da banda como Todo Amor que Houver Nesta Vida, Bilhetinho Azul, Down em Mim e Billy Negão. Havia mescla de músicas bem básicas e juvenis e alguns Blues mais contundentes e densos. Apesar da energia do disco, ele teve uma vendagem muito modesta.

Em 1983, veio o segundo álbum Barão Vermelho 2 e a parceria de Cazuza e Frejat ficou mais madura e coesa, dominando quase todo o disco, que tem o clássico do barão Pro Dia Nascer Feliz. A vendagem foi boa e a banda começou a fazer shows. A banda contava com alguns padrinhos de peso como Caetano veloso que apontava Cazuza como o poeta da nova geração e Ney Matogrosso (interesse amoroso do cantor) que ao gravar uma versão de Pro Dia Nascer Feliz abriu o intersse das rádios da época na música do Barão. Até então, eles tinham a pecha de banda maldita.

O estouro da banda veio em 1984 quando eles gravaram seu terceiro álbum Maior Abandonado, cuja faixa título e Por Que que a Gente é Assim? garantiam presença nas paradas. Outra faixa famosa, o clássico da banda, Bete Balanço foi usada no filme homônimo, estrelado por Debora Bloch e Lauro Corona.

Em 1985, começaram alguns desentendimentos internos no Barão por conta da vontade que Cazuza tinha de se dedicar a compor e criar e não ficar seguindo agendas de shows, visto que a banda tinha ssumido inúmeros compromissos. Mesmo assim, fizeram um show impecável no primeiro Rock In Rio, tendo sido uma das bandas mais destacadas daquele festival. Nesse ano também, houve um boom de bandas nacionais criando o advento do Rock Brazil, onde destacaram o Barão, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e Titãs. Num show controverso da banda, Cazuza acabou anunciando sua saída do Barão, o que abalou sua amizade com Frejat por anos. Após uma breve parada para tratar uma pneumonia, Cazuza empreendeu seu primeiro vôo solo no álbum Exagerado, lançado no final daquele ano. Além da faixa título, outros destaques eram Codinome Beija Flor e Só as Mães são Felizes que teve problemas com a censura.

Até o final da década de 80, Cazuza foi trabalhando seus discos solo e shows. Em 1986, saiu o segundo álbum Só se For a Dois, o primeiro fora da Som Livre, que havia dissolvido seu cast. Fechou assim com a Polygram, por recomendação do pai. O disco destaca a faixa título e O Nosso Amor  Gente Inventa (Uma Estória Romântica), destaque de uma novela da TV Globo. Em 1987, começou a ter problemas de saúde que o fizeram procurar o médico para um novo exame de HIV já que o primeiro feito em 1985 tinha dado negativo. Ele era bissexual e tinha uma vida muito promíscua e desregrada. Infelizmente, os temores de Cazuza se concretizaram: ele era soropositivo. Começou um tratatamento a bse de AZT nos EUA. De volta ao Brasil em 1988, gravou seu trabalho mais significativo, o álbum Ideologia, com letras políticas profundas, como se pode comprovar na faixa título e Brasil, que se tornou um hino contra a corrupção no país e foi um grande sucesso na voz de Gal Costa. Ainda se destacam o Blues da Piedade e o lirismo de cazuza em Faz Parte do Meu Show, uma homenagem a João Gilberto. Em 1989, veio o álbum ao vivo O Tempo Não Para, com destaque para a faixa título e outras dos discos anteriores. Mesmo sentindo os problemas acarretados pela AIDS, Cazuza mostrou disposição e coragem nunca vistos. Ao invés de se entregar à autopiedade, começou a lutar como podia para se manter vivo, sempre apoiado pela família, sobretudo dona Lucinha, sua mãe. Nesse ano, gravou seu derradeiro álbum Burguesia, onde sua crítica política era muito mais corrosiva a partir da faixa título. Cazuza já estava na fase terminal da doença e gravou as faixas numa cadeira de rodas. Sua voz já não tinha a força que o caracterizava como intéprete.

No primeiro ano da década de 1990, os problemas se agravaram ainda mais e Cazuza foi muitas vezes internado. No dia 7 de julho, o Brasil perdia um de seus jovens mais talentosos e os amantes do Rock brasileiro ficavam órfãos de um de seus grandes intépretes que deixou um acervo de composições considerável, sendo muitas músicas inéditas.

Lucinha Araújo, sua mãe passou a se engajar na luta pela melhora de vida dos portadores do vírus da AIDS e contra a discriminação que muitos deles sofriam através da associação Viva Cazuza. Se houvesse no Brasil um Rock and Roll Hall of Fame, Cazuza com certeza estaria lá ao lado de outro ilustre roqueiro que também tombou vítima da AIDS, Renato Russo.

Fonte:
Wikipedia
http://www.cazuza.com.br/sec_biografia.php?language=pt_BR&page=6


Melhores musicas Cazuza
O irrequieto e rebelde Cazuza em sua melhor fase
Foto: O Globo

Um comentário:

  1. Não gostei do livro psciografado, achei ele incompleto, mas tem essa "verdadeira psicografia do cazuza" de 1996 que muito mais interessante que o livro: http://www.4shared.com/document/qvQupRbL/PSICOGRAFIA_-_CAZUZA.html

    ResponderExcluir