terça-feira, 5 de abril de 2011

O Grande Poeta do Soul finale

Após a morte da grande parceira Tammi Terrell, Marvin ficou devastado e não queria mais fazer outro disco de duetos, tamanha foi a comoção da perda. Pensou por um momento até em desistir da carreira para jogar futebol americano (acredite se quiser). Mas como o tempo cura todas as dores, Marvin levou 3 meses para começar a voltar a tocar o barco. The life must go on.

Entrou em estúdio para gravar algumas músicas, entre as quais What's Goin' On, uma de suas composições mais reflexivas e um verdadeiro clássico. Contando com a parceria de Renaldo "Obie" Benson dos Four Tops e Al Cleveland para escrever a letra, era a primeira vez que ele saía do lugar comum sobre o sentimento entre um homem e uma mulher para falar coisas sobre a ecologia, brutalidade policial e sentimentos contra a guerra, realidades duras de sua época. Isso gerou um certo mal estar com Berry Gordy que o conselhou a não lançar a música. Não que ele fosse contra um artista do cast da Motown fazer críticas ao status quo. The Temptations e Edwin Starr já haviam feito isso antes. O problema era que Marvin era um artista com uma imagem de cantor romântico e sensual e tal inclinação política poderia comprometer a carreira do cantor.

Com o veto do chefe, Marvin recusou-se agravar o que fosse para a gravadora. Essa queda de braço entre Marvin e Berry durou até 1971, quando o big boss da Motown deixou que a música fosse gravada, tendo como lado B God is Love. Surpreendido pelo sucesso e o retorno comercial, Gordy pediu que Marvin fizesse um álbum com outras músicas assim. Aí, foi gravado What's Goin' On, o álbum, que além da música que fez um imenso sucesso tinha outras músicas que falavam de abuso de drogas, apelo contra a violência e a guerra, poluição e eoclogia. São deataque nesse álbum as músicas Mercy Mercy Me (um hino negro à Ecologia), Inner City Blues (Make Me Wanna Holler), What's Happenning Brother? e Save The Children, entre outras. O álbum foi um dos mais importantes da carreira de Marvin Gaye e um divisor de águas na história da música negra dos EUA.

Em 1972, Marvin gravou a trilha sonoroa do filme de blaxpolitation The Trouble Man, a exemplo do que Isaac Hayes (com Shaft)e Curtis Mayfield (com Super Fly), dois nomes de peso do Soul já haviam feito. Esse é um dos álbuns com músicas assinadas por Marvin sozinho. Ele faz uma ponta no filme.

Em 1973, ele gravou o álbum Let's Get It On, onde Marvin vira o jogo e deixa de ser o típico romântico que gosta de andar de mãos dadas e dar uns beijinhos na testa da namorada para ser um pouco mais, digamos, levadinho, no sentido erótico da coisa, querendo ir direto às vias de fato (o título do álbum significa numa tradução mais literal "vamos transar"). Além da faixa título, podemos citar Please Stay (Once You Go Away), Keep Get It On (muito mais sugestiva) e Just to Keep You Satisfied. Ele acabou conhecendo uma garota de 17 anos chamada Janis Hunter por quem ficou muito interessado. Nesse ano, Marvin gravou com a cantora Diana Ross o álbum Diana & Marvin, seu derradeiro disco de dueto com cantoras, onde se destacam, entre outras coisas You Are Everything e Stop, Look Listen (que foram sucessos com The Stylistics), My Mystake e uma releitura linda e emocionante de Pledging My Love de Johnny Ace.

De 1974 até o fim da década, Marvin voltou a fazer turnês, o que não fazia desde 1970, quando estava ás voltas com sua depressão por causa da saúde da parceira Tammi Terrell. Isso acabou gerando Marvin Gaye Live! (1974), o segundo álbum ao vivo do cantor em quase onze anos (o último havia sido Marvin Gaye Live on Stage de 1963). Marvin e Janis estavam muito apaixonados e tiveram uma filha, Nona. Desse relacionamento extraconjugal, nasceu-lhe, em 1975, o segundo filho, Frankie. Em 1976, veio o álbum I Want You que não teve um grande êxito comercial. Seu casamento com Anna estava chegando a um nível insuportável por causa da relação com Janis e então eles acabaram se separando. Em 1977, veio o último álbum ao vivo de Marvin chamado Live at London Palladium, de onde saiu o clássico Got to Give It Up, ao mesmo tempo em que o divórcio entre Marvin e Anna se consolidava. Em 1978, tendo Janis por esposa, com quem se casara no final do ano anterior, gravou o álbum duplo Here My Dear com destaque para a faixa título, Everybody Needs Love e Falling in Love Again, que não tem nada a ver com o clássico dos anos 30 interpretado pela atriz alemã Marlene Dietrich no filme Der Bleue Angel (O Anjo Azul). Seu relacionamento com Janis também começoua desandar, pois Marvin havia se tornado um mulherengo contumaz.

Chega a década de 80 e com ela o fim do relacionamento de Marvin com a Motown. O álbum In Our Lifetime de 1981 é o derradeiro trabalho dele com a gravadora após 20 anos. Destaque para Praise e Ego Tripping Out. Nesse ano, Marvin e Janis se divorciaram

Em 1982, vida nova, gravadora nova. Marvin fechou contrato com a Columbia Records, onde gravou o álbum Midnight Love (que seria seu último disco em vida), com destaque para faixa título, Joy e seu grande clássico Sexual Healling, uma de suas músicas que segue a linha de Let's Get It On. A divulgação desse álbum e a elaboração da campanha para Sexual Healling através da veiculação através de videoclips fizeram com que Marvin se reaproximasse do velho amigo e mentor Harvey Fuqua. Essa música acbou sendo a antrada de Marvin Gaye nos anos 80, dando-lhe grande prestígio e seus dois primeiros e únicos Grammy Awards, sendo um deles pela Melhor Performance Masculina.

Em 1983, ganhou alguns prêmios e cantou Star Spangled Banner, o Hino Nacional dos EUA durante um jogo da NBA. Teve sua última performance durante as comemorações dos 25 anos da Motown, quando reencontrou o velho amigo e ex-chefe Berry Gordy, numa prova que qualquer rusga entre eles não mais existia. Na ocasião, Marvin cantou seu grande sucesso What's Goin' On. Durante esse ano, Marvin começou a apresentar sintomas de problemas de desgaste mental, aliado a uso de drogas, o que o fez entrar numa pane (dizem que até tentou o suicídio). Ficou recluso na casa dos pais para se reabilitar.

Em 1º de abril de 1984, um dia antes de completar 45 anos, veio a fatalidade: ele foi alvejado com um tiro pelo próprio pai e morreu. Após anos de desentendimento com o pai, Marvin entrou numa acalorada discussão com ele sobre alguns documentos perdidos e o saldo foi trágico. Uma das mais belas vozes da música era calada por uma arma de fogo, tal qual John Lennon em 1980. Marvin Sr. foi preso e condenado a seis anos de prisão pelo crime, sentença alterada quando se descobriu que ele estava com um tumor cerebral. Acabou morrendo em 1998 após contrair uma pneumonia. Que Deus tenha piedade de sua psicótica alma.

Marvin tinha admiradores tanto no Soul quanto no Rock e sua morte foi muitíssimo sentida. Nos anos seguintes, sua memória foi mantida através do lançamento de muitas coletâneas e discos póstumos. Ele foi intrduzido ao Rock and Roll Hall of Fame em 1987 e recebeu uma estrela na Calçada da Fama em Hollywood em 1990.

Em duas ocasiões diferentes, seus colegas de Motown prestaram-lhe lindas homenagens: Diana Ross com a música Missing You ( de autoria de Lionel Ritchie)  de 1984 e The Commodores com Nighshift, de 1985, onde também homenagearam outro grande Soulman que também havia morrido em 1984, Jackie Wilson.

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.history-of-rock.com/marvin_gaye.htm


Marvin e Diana Ross: outro grande dueto


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