segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Que rolem as pedras - parte 1

Creio que se o leitor for um stonemaníaco convicto sabe que vou falar de uma das mais longevas bandas do Rock and Roll que por quase cinco décadas tem abalado as estruturas da música. vamos falar de The Rolling Stones, aproveitando o "gancho" de mais um aniversário do saudoso guitarrista e co-fundador da banda, Brian Jones que se estivesse vivo estaria completando 69 anos.

Tudo começou no início dos anos 60 quando Alexis Korner e Cyril Davies abriram um clube em Londres que era o ponto de encontro dos amantes do blues elétrico de Muddy Waters, T-Bone Walker e afins. Execrados pelos puristas do jazz e do Blues mais tradicionais, os dois músicos e sua banda Blues Incorporated tinham no Marquee o seu porto seguro, sua forma de manifestar sua musicalidade. Muitos músicos da cidade iam no clube para eletrizantes jam sessions. Muitas bandas que fizeram história no Rock Britânico dos anos 60 tiveram origem nesses encontros musicais.

Entre os frequentadores assíduos estavam Mick Jagger (vocais, gaita) e Keith Richards (guitarra), grandes amigos de infância que tiveram na música de Chuck Berry um ponto em comum. Ao conhecerem o baixista Dick Taylor começaram a por em prática sua vontade de formar uma banda de Rhythm & Blues. Numa das apresentações do Blues, Inc., conheceram o guitarrista slide  ocasional da banda Brian Jones, que também tocava gaita e sax como ninguém. Conversa vai, birita vem, os quatro descobriram afinidades e decidiram formar uma banda juntos, chamando o pianista da casa Ian Stewart e o baterista Tony Chapman. Começaram a ensaiar juntos e logo estavam tocando no Marquee. faltava um nome para a banda, que foi sugerido por Brian: The Rollin' Stones, em citação a um blues de Muddy Waters. Assim, em algumas apresentações, a banda era conhecida como Micky Jagger & Brian Jones & The Rollin' Stones. Mesmo havendo uma certa incompatibilidade no repertório (Jones e Stewart eram aficcionados pelo genuíno Blues de Chicago e Jagger e Richards seguiam a cartilha de Chuck Berry e Bo Diddley), a banda começou a chamar atenção. Foi aí que Giorgio Gomelski, dono do Crawdaddy contratou abanda para ser residente em seu clube. Ele foi o primeiro empresário da banda. Dick Taylor deixou a banda para se dedicar ao estudo de artes e mais tarde formou outra grande banda britânica, The Pretty Things. Chapman foi outro que saiu para formar sua própria banda [The Preachers que se tornou mais conhecida na história por ser a primeira banda do futuro rockstar britânico Peter Framptom], não antes de apresentar ao grupo Bill Wyman, um baixista veterano que acabou sendo aceito para o lugar de Dick Taylor por um motivo banal: ele tinha dois amplificadores. Uma coisa que poucos sabem sobre Wyman é que ele criou ao acaso o baixo elétrico sem trastes. Para a vaga de Chapman, Mick e Brian chamaram o baterista do Blues Incorporated Charlie Watts, que tinha sido cogitado quando da formação da banda mas devido ao compromisso com o Blues Inc. acabou recusando de início.

Não demorou para a fama dos Rolling Stones (decidiram usar o nome desta forma) correu pela Inglaterra. Foi aí que entrou em cena o secretário de Brian Epstein, o empresário dos Beatles. Andrew Loog Oldham, que cuidava da publicidade dos Fab 4, tinha ouvido falar que o Crawdady havia uma banda com ótimo potencial. Apesar dos tenros 19 anos de idade, Oldham tinha um tino inato para os negócios. Como era menor para as leis britânicas, teve que ter um "testa de ferro" chamado Eric Easton que assinava documentos até que Andrew atingisse a maioridade legal. Ele acabou assinando um contrato com a banda, mesmo sem consultar Gomelski, que não tinha nenhum tipo de contrato formal com os Stones.

Oldham criou uma imagem marginal para os Stones, uma antítese à pose de bons moços dos Beatles, usando o fato de que Brian tinha vários filhos bastardos. Foi nessa época (1963) que os Beatles apesar da fama consolidada eram assíduos frequentadores da cena londrina conheceram seus "rivais" [outro golpe publicitário de Oldham]. Outra providência no novo empresário foi a saída de Ian Stewart como membro efetivo da banda, pois sua imagem não condizia com os Stones [falando no popular: o pianista era muito feio]. Mas poderia atuar como road manager e músico ocasional. Uma espécie de "sexto Stone".

Eles fizeram um teste para a Decca Records e foram contratados [reza a lenda que George Harrison teria aconselhado os executivos da gravadora a não cometerem o mesmo erro do passado ao recusarem os Beatles]. A raposa Oldham tornou-se produtor da banda e fez com que a gravadora aceitasse uma cláusula contratual que permitisse que os Stones utilizassem material de outras gravadoras. Ele queria que o som da banda soasse o mais precário possível, fora da atmosfera clean da Decca.

O primeiro single da banda foi lançado em 1963 e consistia de um cover de Chuck Berry, Come On e no lado B I Want To Be Loved de Willie Dixon, que chegou pertinho do Top 20 britânico.

O segundo single da banda, gravado no mesmo ano, I Wanna Be Your Man foi escrito por ninguém menos que Lennon & McCartney, principais compositores dos Beatles. O lado B foi Stoned, uma composição de Mick e Keith assinada com o pseudônimo Nanker Phelge. Aliás, quanto a este disco cabe uma história história interessante. A música teria sido feita por Paul e oferecida aos Stones, que acharam que ela estava meio incompleta. Enquanto John e Paul andavam com os Stones, os dois completaram a canção, o que deixou Mick e Keith impressionados. Reza a lenda que a parceria Jagger/Richards como compositores nasceu naquele momento. Resumo da ópera: o single chegou perto do Top 10 das paradas. Nos EUA, ela foi lado B do single Nor Fade Away (um cover de Buddy Holly com uma levada bem ao estilo de Bo Diddley).

Continua no próximo post

Tirem as crianças da sala! Chegaram os Rolling Stones!

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