segunda-feira, 18 de abril de 2011

Os Esquisitos Kinks - finale

Os Kinks entraram nos anos 80 mais incensados do que nunca, sendo uma das principais bandas dos anos 60 ainda ativas, junto com os Rolling Stones e The Who. Para inaugurar a década, um álbum ao vivo, One for the Road  (1980) com músicas de diversas fases da banda. Em 1981, veio o inédito Give the People What They Want que fez os jovens dos anos 80 redescobrirem a banda, granjeando muitos novos fãs. As faixas de destaque são Destroyer (seu primeiro grande hit da década), Around the Dial e Killer Eyes além da faixa título. No fim desse ano e durante todo o ano de 1982, a banda pôs a cara na estrada e fez uma mega turnê, visitando países como Austrália, Japão, Inglaterra e EUA com um supreendente gran finale na cidade de San Bernardino, Califórnia onde tocaram para um público de 205.000 pessoas.

No final de 1982, terminada a turnê, os caras foram descansar, certo? Errado! Entraram em estúdido para gravar o álbum State of Confusion, lançado em 1983, que tinha como destaque para seu clássico Come Dancing, a primeira música dos Kinks a figurar no topo das paradas americanas desde Tired of Waiting for You (1965). Don't Forget to Dance e a faixa título são outros destaques do álbum. Enquanto a banda voltava á crista da onda, Ray estava ás volta com um ambicioso projeto, a trilha sonora do filme Return to Waterloo, onde despontou o hoje famoso ator Tim Roth. Era o primeiro trabalho solo do líder dos Kinks, o que começou a causar tensões com Dave . Falando em problemas, a banda virou um verdadeiro barril de pólvora: o desentendimento dos irmãos Davies, a volta das rixas entre Dave e Mick e o tumultuado fim do relacionamento de Ray com a líder dos Pretenders Chrissie Hynde. Foi nesse clima que lançaram, em 1984, o álbum World of Mouth, de onde foi extraído o single Do it Again que ficou no Top 50 das paradas americanas. A instabilidade entre o guitarrista líder e o baterista dos Kinks fez com que Ray chamasse Bob Henrit (nascido Robert John Henrit em 2 de maio de 1944 em Hertfordshire), que já havia tocado bateria com a banda Argent para as sessões de estúdio. Foi o último trabalho de Avory como Kink. A pedido de Ray, Mick continuou trabalhando para a banda nos bastidores como produtor e contato.

Após um lapso de quase dois anos, os Kinks assinaram com a gravadora MCA nos EUA e a London Records na Inglaterra, onde gravaram o álbum Think Visual, lançado em 1986. Apesar de destaques como Lost and Found and Working at the Factory, o disco não foi bem de vendagens como seu predecessor. Nesse mesmo ano, foi lançada a coletânea dupla Come Dancing with the Kinks cobrindo o período em que eles gravaram na Arista (1977-1983). Três anos depois desse fiasco, lançaram seu segundo álbum ao vivo da década UK Jive que foi outro retumbante fracasso comercial. Eles não conseguiam emplacar mais sucessos porque seus "rivais" Stones e Who chamavam mais atenção da mídia com novos álbuns e peformances elétricas. Ian Gibbons, tecladista de longa permanência, deixou o grupo nesse ano. Para completar a desdita da banda, a gravadora MCA rescindiu o contrato com a banda.

Os Kinks adentraram os anos 90 com o formato original (quatro membros) mas com muitas incertezas pairando no ar. Assinaram com a Columbia Records e passaram quase dois anos gravando o primeiro álbum para a nova casa. Nesse ano de 1990, eles foram introduzidos no Rock and Roll Hall of Fame. Em 1993, saiu finalmente o álbum Phobia, que acabou sendo o último trabalho em estúdio da banda. Em 1994, veio To the Bone, uma compliação de um show recente e sobras de estúdio do último álbum. Este foi o derradeiro álbum da banda. Comercialmente, a banda era um barco furado mas do lado musical, tinham muitos seguidores que lhes pagaram tributo. Bandas do emergente Brit-Pop dos anos 90 como Oasis e Blur listaram os Kinks como influências marcantes. Em 1996, Ray e Dave decidiram que era hora de cada um seguir seu caminho e assim, uma emblemática banda dos anos 60 deixava de existir. Houve um burburinho em 1999 em torno da volta da banda, mas Ray e Dave desmentiram tais notícias. A verdade é que os dois já não se bicavam há muito tempo e não queriam mais tocar juntos.

Os irmãos Davies e os outros ex-Kinks passaram, cada um do seu jeito, a tocar o barco em projetos individuais. Ray gravou o seu álbum solo Storyteller em 1998 e passou a se dedicar a outros trabalhos como Kinks Choral Collection, uma coletânea de músicas dos Kinks gravadas com arranjos corais. Em 2004, ele foi condecorado pela Rainha Elizabeth II com a Ordem do Império Britânico por sua contribuição à música. Em 2010, ele gravou See My Friends, um álbum com colaborações de alguns grandes nomes do Rock como Jon Bon Jovi, Metallica, Jackson Browne e Bruce Springsteen, entre outros, que deverá ser lançado ainda nesse primeiro semestre de 2011. Já Dave lançou Bug, seu primeiro disco solo em 2002, após 35 anos seu single Death of a Clown de 1967 (única música de um disco solo nunca gravado chamado A Hole in the Sock of Dave Davies). Mas desde os anos anos 80, ele gravava discos individuais. Em 2004, Dave teve um acidente vascular cerebral que o deixou incapacitado por dois anos. De 2005 a 2006, iniciou um duro processo de reabilitação e voltou aos palcos em 2007. Fez alguns shows intimistas no ano passado.

Em 1994, os ex-membros dos Kinks, John Dalton (baixo) e John Gosling (teclados) se uniram ao batera fundador dos Kinks Mick Avory e o cantor e guitarrista Dave Clarke (nada a ver com o  baterista e líder da fantástica banda contemporânea dos Kinks, Dave Clark Five)  formaram uma dissidência da banda chamada Kast Off Kinks que tem atuado até o presente em concertos beneficentes e congressos de fãs dos Kinks. Peter Quaife (baixista fundador dos Kinks) e Bob Henrit (último baterista da banda) chegaram a tocar junto com eles. Dalton e Gosling se aposentaram e saíram da banda, sendo substituídos por outros ex-Kinks, Jim Rodford e Ian Gibbons, respectivamente. Peter Quaife, já citado, infelizmente faleceu vítima de câncer em 23 de junho de 2010 [que descanse em paz]. Dias depois, Ray Davies fez um show em Glastonbury e triste com a perda do grande amigo, dedicou-lhe a apresentação.

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
The Kinks (foto recente): introdução ao Rock and Roll Hall of Fame
Foto: Getty Images

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Os Esquisitos Kinks - parte 3

Em 1968, a banda lançou o álbum conceitual The Kinks Are the Village Green Preservation Society, considerado um dos 500 discos mais importantes da História do Rock, embora tenha sido um fracasso de vendas por não apresentar singles. A banda levou quase dois anos para elaborá-lo e ele acabou sendo o último trabalho de Pete Quaife na banda.

Na primeira metade de 1969, Pete Quaife informou aos colegas que estava deixando os Kinks, fato que eles não deram muita importância até ver um anúncio da nova banda do baixista, Maple Oak num anúncio da  Melody Maker, Ray tentou demover Pete da ideia de deixar a banda mas não logrou êxito. O jeito foi chamar John Dalton (nascido em 21 de maio de 1943 em Middlesex, Inglaterra), que já havia subsituído Pete este havia sofrido um acidente de carro em 1966.

Com essa mudança no line up mais a adição do tecladista John Gosling (nascido em 6 de fevereiro de 1948 em Devon, Inglaterra), os Kinks gravaram o álbum Arthur (Or the Decline and Fall of the British Empire), cujo conceito é considerado como precursor da Opera Rock, pois do início ao fim conta uma história, embora muitos atribuam tal status à obra prima do The Who Tommy. Na verdade, Ray Davies tencionava produzir a trilha sonora para uma novela televisiva, contando com o auxílio do escritor Julian Mitchell. O personagem da trama era Arthur Morgan, baseado no cunhado de Ray, Arthur Anning. Com o cancelamento do projeto, Ray resolveu transformá-lo num álbum conceitual, muito bem recebido pela crítica britânica e até pela americana. Se destacam no álbum as músicas Shangri-la, Drivin' e Victoria.

Em 1970, os Kinks gravaram o álbum Lola Versus Powerman and the Moneygoround, Part One, também conceitual mas com viés satiríco misturando Hard Rock e Music Hall. Desse álbum é o clássico absoluto da banda Lola, música que fala de um travesti. Além dessa música, destacam-se no disco Get Back in Line, A Long Way From Home, Rats, Powerman e Moneygoround. A banda teve problemas com a BBC em veicular Lola por causa da citação da marca Coca Cola numa frase, razão pela qual tiveram que mudar para Cherry Cola. Outra coisa curiosa é o nome do álbum seguido de "parte um" como se eles fossem lançar subsequentemente uma "parte dois". Isso se deu porque a banda tinha a intenção de lançar o álbum em formato duplo o que acabou não ocorrendo.

Em 1971, o próximo álbum da banda foi Percy, trilha sonora do filme homônimo, que fala de um transplante de pênis (!!). Este disco foi o último da banda na gravadora Pye e tem como destaque as músicas God's Children, Moments e The Way Love Used to Be. Em seguida, eles assinaram com a RCA e gravaram seu primeiro álbum por aquela gravadora Muswell Hillbillies, título que é uma referência a Muswell Hill, subúrbio londrino onde os irmãos Davies cresceram e onde formaram o núcleo de uma banda que daria origem aos Kinks. Ele tem como tema o caos e as tensões da vida moderna. Essa estréia dos Kinks pela RCA foi um dos maiores fiacsos comerciais da banda.

Em 1972, eles gravaram o álbum Everybody's in Show-Biz, o primeiro álbum duplo da banda que teve uma parte gravada em estúdio e a outra ao vivo no Carnegie Hall. A partir desse álbum, Ray Davies inauguraria um estilo mais teatral nde compor nos discos dos Kinks, sempre contando as desventuras dos Rock Stars e do mundo do show-bizz. Destacam-se as músicas Here Comes Yet Another Day, Celluloid Heroes e um cover de um sucesso de Harry Belafonte Banana Boat Song Day O.

Entre 1973 e 1976, Ray e os Kinks entraram de sola no estilo mais levado à teatralidade a partir de álbuns conceituais que não visavam a tendência comercial. Um pouco antes disso, porém, a Reprise Record (responsável pela discografia da banda nos EUA) lançou o disco The Great Lost Kinks Album, cheio de gravações da banda entre 1966 e 1970 que não haviam sido lançadas nos discos correntes. Destaque para Plastic Man, I'm Not Like Everybody Else e Till Death Do Us Part. Nesse ano e no seguinte vieram os álbuns Preserved Act 1 e 2. Em 1975, gravaram os derradeiros álbuns de sua fase teatral Soap Opera e Schoolboys in Disgrace, últimos gravados pela RCA.

A partir de 1977 até o final da década, a banda voltou a gravar álbuns de apelo comercial pela sua nova gravadora Arista. O álbum de estréia na nova casa foi Sleepwalker, com destaque para a faixa título e Mr. Big Man. Pouco antes de finalizar as gravações do novo trabalho, a banda teve uma baixa: o baixista John Dalton resolveu sair dos Kinks. Seu substituto foi Andy Pyle (nascido em 1946), que já havia tocado com as bandas Bloodwin' Pigs e Savoy Brown. Com a adição de Pyle, a banda terminou as gravações saiu em turnê. Em 1978, veio o álbum Misfits (destaque para A Rock and Roll Fantasy e Black Messiah). Durante a turnê, o tecladista Gosling e o novo baixista Pyle deixaram os Kinks, sendo subsituídos por Gordon John Edwards (ex-Pretty Things) e pelo velho colega John Dalton que atendeu ao chamado de Ray para terminar a turnê e algumas faixas do álbum. Para o álbum de 1979, Low Budget, a banda tinha uma nova formação: além dos irmãos Davies e do batera Avory, veio o novato Jim Rodford (nascido no dia 7 de julho de 1941 em Hertfordshire, Inglaterra), baixista que tinha atuado na banda Argent (do ex-Zombies Rod Argent). Para o disco, Ray Davies gravou os teclados. Para a subsequente turnê, a banda contou com o reforço do tecladista Ian Gibbons (que havia formado a banda Life), que acabou sendo efetivado como membro.

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The Kinks na turnê do disco Low Budget (1979)

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Os Esquisitos Kinks - parte 2

Em 1964, com o advento da Segunda Onda ou Invasão Britânica, os Kinks também participaram da "conquista da América" capitaneada pelos Beatles e Rolling Stones. O quarto single da banda All Day and All of the Night, outro clássico da banda que tinha como lado B I Gotta Move continuou mantendo os Kinks na crista da onda, participando de inúmeros programas televisivos como Ready Steady Go!.

No início de 1965, fizeram uma turnê pela Austrália e Nova Zelândia junto com o Manfred Mann e The Honeycombs. De volta à Inglaterra, gravaram o segundo álbum Kinks-Size que também foi muito bem comercialmente e desfilou no alto das paradas britânicas e americanas. Ali se destacam o clássico kinkiano Tired of Waiting for You (que foi lançado como single, tendo como lado B Come on Now e alcançando ótimas colocações nas paradas) e um cover de Louie Louie, um clássico de Richard Berry & The Pharoahs (que foi um grande sucesso com The Kingsmen) e a já citada All Day and All of the Night. Num show que faziam na Inglaterra, houve um desentendimento sério entre Dave e Mick que começarama discutir e o guitarrista chutou o kit da bateria de Avory que respondeu batendo um prato em sua cabeça. Ao ver o colega desacordado, tamanha foi a violência do golpe, Avory achou que o havia matado. Quando a polícia chegou, para evitar maiores complicações, o baterista e a banda disseram que aquilo fazia parte do Stage Act da banda. A verdade é que o entrevero foi sério pois o guitarrista levou uns 17 pontos na cabeça.

Veio a turnê asiática da banda e o lançamento do terceiro álbum Kinda Kinks que tinha as músicas Got My Feet on the Ground (dos irmãos Davies) e o clássico de Martha & The Vandellas Dancing in the Streets. Só que a banda detestou o resultado final, alterando o disco quando de seu lançamento nos EUA. Na versão americana tinha os clássicos da banda Everybody's Gonna Be Happy (que também foi um bem sucedido single com Who'll Be the Next on the Line como lado B) e Set me Free (outro single com I Need You de lado B).

O álbum Kinkdom foi lançado apenas nos EUA (é o único da discografia da banda exclsivamente lançado lá) por conta da insatisfação d banda com a versão britânica do álbum anterior (a Inglaterra só foi lançado o EP Kwiet Kinks). Os destaques são A Well Respect Man e o flerte com a música indiana de See my Friends, num ano em que os Beatles (com Norwegian Wood), os Rolling Stones (com Paint It Black) e os Yardbirds (Heart Full of Soul) também aderiram à tendência. Depois de alguns problemas com membros da banda (Ray Davies esteve a ponto de ficar com estafa e Pete Quaife sofreu um acidente de carro), o terceiro álbum britânico da banda, também lançado em 1965 foi Kinks Kontroversy com as músicas I'm on a Island, Till the End of the Day e o clássico do Rockabilly com arranjo dos Kinks Milk Cow Blues (já interpretado por Eddie Cochran). Nesse disco, o tarimbado pianista Nicky Hopkins (qua já havia tocado em sessões com Rolling Stones e Jeff Beck) fazia as vezes de 5º membro da banda

Em 1966, a banda lançou seu quarto álbum Face to Face com destaque paras músicas Too Much on My Mind e o clássico Sunny Afternoon, do qual foi extraído um singel bem sucedido (com I'm not Like Everybody Else de lado B) que teve como proeza desbancar o classico dos Beatles Paperback Writer das paradas britânicas (para saber sobre a música, clique aqui). Nesse ano, eles tocaram num especial da rádio BBC (que acabou gerando o álbum The Kinks Live at BBC) e lançaram o single Dead End Street/Big Black Smoke, sendoi a primeira um clássico muito irreverente da banda.

Em 1967,iniciou-se o chamado período dourado da banda com a gravação do álbum Something Else by The Kinks que apresenta seu clássico Waterloo Sunset (também lançada como single, tendo por lado B a música Act Nice and Gentle [na versão britânica]). Como a grande maioria das bandas nos dois lados do Atlântico, os Kinks começaram a trabalhar com músicas mais conceituais ao invés de coisas pop que os caracterizavam até o ano anterior. Além da já citada Waterloo Sunset, o álbum tem ótimas músicas como Death of a Clown (que foi lançada nos EUA como um single solo de Dave Davies), Tin Soldier Man e Lazy Old Sun. O álbum tem a presença de Nicky Hopkins e a esposa de Ray Rasa Davies nos backing vocals. É desse ano o clássico dos Kinks Autumn Almanac (com Mr. Pleasant como lado B).

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The Kinks: desbancando os Beatles das paradas


quarta-feira, 13 de abril de 2011

Os Esquisitos Kinks - parte 1

Eles foram uma das principais bandas de Rock dos anos 60 e um dos grandes nomes da Segunda Onda. Formado em seu núcleo pelo polêmico Ray Davies e seu irmão Dave Davies, The Kinks escreveram uma importante página da História do Rock.

Os irmãos Ray (nascido Raymond Douglas Davies no dia 21 de junho de 1944) e Dave (nascido David Russell Gordon Davies no dia 3 de fevereiro de 1947), ambos nascidos e criados em Londres, Inglaterra tocavam, respectivamente, guitarra rítmica e líder, tendo tido sua primeira banda em 1959, fase final do fenômeno do Skiffle.

Por volta de 1961, eles formaram com o baixista e colega de escola Pete Quaife (nascido Peter Alexander Greenlaw Quaife em 31 de dezembro de 1943) o núcleo de uma banda chamada Ray Davies Quartet, que contava ainda com o baterista John Start. Durante um curto período, a banda contou com uma série de vocalistas, entre os quais Rod Stewart que tocou com a banda pelo menos uma vez no início de 1962 e acabou formando uma banda chamada Rod Stewarts & The Moonkrakers que rivalizava no bairro com o Ray Davies Quartet.

Sem que a banda desse um retorno, Ray começou a estudar na Hornsey College of Art, fazendo parte da banda profissional de jazz baseada no Soho chamada Dave Hunt Band, onde adquiriu experiência como guitarrista. Aí bateu uma saudade da velha turma e ele voltou ao velho subúrbio e formou com o irmão Dave e o amigo Pete uma nova banda que teve diversos nomes como Peter Quaife Band, The Bo-Weevils, The Ramrods até chegarem ao nome The Ravens.

Em 1963, sendo uma banda inexperiente, eles contrataram os préstimos dos empresários Grenville Collins e Robert Wace, time acrescido no final do ano pelo cantor e empresário Larry Page. O produtor americano Shel Talmy e o promotor de shows dos Beatles Arthur Howes também estavam no staff procurando gravadoras e fechando shows para The Ravens, que fazia um estilo mais focado nos Fab 4 de Liverpool. Após negativas de várias gravadoras, Talmy conseguiu um contrato com a Pye Records. Nesse curto período de tempo, o baterista Mickey Millet tocou com eles e saiu tão logo o contrato com a Pye foi assinado. Para seu lugar, a banda fechou com Mick Avory (nascido Michael Charles Avory no dia 15 de fevereiro de 1944 em Surrey, Inglaterra), após verem seu anúncio na Melody Maker procurando uma banda. Avory tinha uma formação mais ligada ao Jazz e Blues e havia tocado numa jam com os então inexperientes Rolling Stones.

Em 1964, Os irmãos Davies e o amigo Pete, de comum acordo com seus empresários e produtores decidiram mudar o nome da banda mais uma vez. Após inúmeras sugestões, fecharam com The Kinks, que na gíria inglesa quer dizer esquisito, pervertido. O próprio Ray Davies declarou num depoimento que ele nunca havia gostado do nome. A banda gravou em fevereiro desse ano seu primeiro single com as músicas Long Tall Sally (cover de Little Richard) tendo como lado B uma composição de Ray Davies I Took My Baby Home. O resultado foi decepcionante assim como o segundo single da banda You Still Want Me/You do Something to Me (ambas escritas por Ray), o que fez a Pye reconsiderar o contrato firmado com a banda. O que salvou a lavoura (e a relação entre a banda e a gravadora) foi o terceiro single com o bombástico clássico You Really Got Me que teve como lado B It's All Right. Além de ter sido um grande sucesso, o single se tornou o cartão de visitas da banda.

Para muitos estudiosos, You Really Got Me, com seu caráter irreverente e garageiro, foi um dos marcos iniciais do Hard Rock que se tornaria uma tendência no final da década. A música ainda foi o cerne de um dos maiores mitos recorrentes da História do Rock. Costumava-se creditar a guitarra líder ao então músico de estúdio Jimmy Page (que se tornaria célebre com The Yardbirds e Led Zeppelin), fato rebatido pelo líder dos Kinks. Page teria, de fato, trabalhado nas sessões do primeiro álbum da banda como guitarrista rítmico e negou que tivesse tocado o solo de You Really Got Me. Mas a lenda pegou e foi propagada durante décadas entre os aficcionados por Rock and Roll. O álbum de estréia, chamado simplemente Kinks (nos EUA foi chamado You Really Got Me) tinha como destaque, além do já citado clássico dois covers de Chuck Berry, Beautiful Delilah e Too Much Monkey Business e uma versão de Cadillac de Bo Didley. Foi com esse álbum que os Kinks chegaram aos EUA através do advento da Segunda Onda.

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The Kinks: um dos grandes nomes da Invasão Britânica

terça-feira, 12 de abril de 2011

Stuart Sutcliffe, o Beatle Perdido - finale

Em julho de 1960, Allan Williams havia conseguido um teste para a banda com o produtor Larry Parnes, que estava em Liverpool procurando uma banda para dar apoio ao cantor Billy Fury, um do muitos clones britânicos de Elvis Presley. Os Silver Beatles não conseguriam passar no teste porque Parnes não teria gostado do baixista, chamando-o de farsante. Mas impressionado com o jeito que seus colegas o defenderam, arrumaram-lhe um show como banda de apoio do cantor Johnny Gentle numa turnê à Escócia. Pouco depois, acrescidos do baterista Pete Best, eles chegaram a Hamburgo, Alemanha para uma série de shows em bares como Indra Club e Der Kaiserkeller.

Em sua estada em Hamburgo, os Beatles conseguiram uma certa fama pela performance sempre energética da banda e pelas imitações de Hitler que John fazia.  Stu era chamado de "James Dean de Liverpool" pelo seu estilo meio beatnik que lembrava aquele ícone do cinema dos EUA. Seu spotlight nos shows era cantar o clássico de Elvis Presley Love Me Tender. Foi nessa rotina de shows noturnos no cavern Club que Stu e os Beatles conheceram Klaus Voormann, um artista plástico que trabalhava na elaboração de capas de discos. Voormann havia se tronado um fã dos Silver Beatles e num dos shows apresentou aos amigos sua namorada, a fotógrafa Astrid Kirchherr (1938). Stu se apaixonou à primeira vista por aquele seu anjo alemão e a recíproca era verdadeira. Astrid fez amizade com os Beatles, sobretudo Stu, e é considerada a fotógrafa que registrou para posteridade essa fase da banda. Ela também revolucionou o corte de cabelo da banda que deixou os topetes com gomalina em favor do penteado chamado Hamlet que se tornou a marca registrada dos Beatles. A convivência com Klaus e Astrid fez com que Stu e os Beatles fizessem amizade com os aficcionados do Existencialismo (chamados simplesmente "exis"), corrente filosófica que teve como representantes os pensadores franceses Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir e Albert Camus. A paixão que Stu tinha por Astrid e vice versa acabou explodindo e os dois começaram um relacionamento firme.

Em dezembro de 1960, George (por ser menor de idade), Paul e Pete (por envolvimento num incêndio)foram deportados de volta para a Inglaterra, seguidos por John e aquela primeira iagem a Hamburgo terminou de forma turbulanta. Stu havia ficado um pouco mais com sua amada e acabou tendo que voltar a Liverpool.

Em 1961, os Beatles começaram a a granjear a admiração dos jovens liverpudlianos e logo eles acabaram se tornando uma das melhores bandas da cidade. Foi mais ou menos nessa época que ele e John se envolveram numa briga feia e Stu levou golpes e chutes na cabeça. A oportunidade de matar as saudades  sua amada Astrid veio quando os Beatles resolveram retornar à Alemanha para uma série de shows no Top Ten Club de Hamburgo e para uma sessão de gravação com o cantor inglês Tony Sheridan pela gravadora Polydor. Nessa oportunidade, Stu mandou a banda às favas e só queria ficar com seu grande amor. Ele acabou não participando dessa histórica gravação. Em julho, Stu decidiu deixar os Beatles para se dedicar á pintura, sua grande paixão. Ele havia começado a estudar na Inglaterra com o hoje renomado pintor escocês Eduardo Paolozzi (1924-2005). Stu se espcializou na Escola de Arte de Hamburgo com a tutela do mestre Paolozzi. Ele seguia o estilo abstrato de mestres como John Hoyland e Nicolas de Stäel (durante a turnê na Escócia com os Beatles, ele usava o codinome Stu de Stäel). Stu se casou com Astrid.

Em 1962, trabalhando incessantemente com suas criações artísticas, Stu começou a reclamar de fortes dores de cabeça. Embora Astrid recomendasse ao amado que procurasse ajuda médica, ele sempre se recusava. Certo dia, desmaiou enquanto estava trabalhando. Voltou à Inglaterra para fazer exames mas acabou voltando achando que não tinha nada, só cansaço. No fim de março de 1962, veio uma boa notícia: em alguns dias, ele veria os velhos colegas de banda pois os Beatles iriam tocar em Hamburgo. Infelizmente, no dia 10 de abril daquele ano, Stu teve um colapso fatal e morreu enquanto a ambulância o levava ao hospital. A  causa da morte foi hemorragia cerebral, talvez ocasionada pelos golpes que recebera na cabeça durante a briga em Liverpool.

Sua morte causou forte comoção nos Beatles assim que chegaram para seus shows em Hamburgo e ele nunca foi esquecido por seus amigos, que o homenagearam incluindo sua figura na capa de seu revolucionário álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967). Astrid jamais se casou novamente e até hoje tem o respeito e o carinho de fãs dos Beatles por todo o mundo. Klaus Voorman acabou se tornando um exímio baixista (atuou na banda britânica Manfred Mann e com John em sua carreira solo) e artista plástico (pintou a capa do álbum Revolver  e da série Anthology dos Beatles).

Sua triste história ganhou vulto nos filmes The Birth of The Beatles (Beatles: Nasce um Sonho), interpretado por David Wilkinson; Backbeat (Os Cinco Rapazes de Liverpool), vivido por Stephen Dorff (o melhor) e In His life: The John Lennon History (John Lennon, o Mito), vivido por Lee Williams.

Fonte:

Wikipedia (em inglês)
http://stuartsutcliffeart.com/ (neste site há obras pintadas por ele em vida)
http://www.liverpoolmuseums.org.uk/mol/exhibitions/sutcliffe/



Stu e sua amada Astrid


segunda-feira, 11 de abril de 2011

Stuart Sutcliffe, o Beatle Perdido - primeira parte

Ontem, 10 de abril, lembramos uma grande perda, ocorrida há 49 anos atrás. Naquele dia, morria Stuart Sutcliffe. Para muitos, ele pode ter sido só o quinto membro dos Beatles em seus primórdios. Para outros, ele não teria muito a acrescentar como músico. Para a grande massa de admiradores e fãs dos Beatles, no entanto, Stuart vai ser sempre lembrado por ter participado da história da melhor banda de todos os tempos. É como aquele parente que nossos pais vivem citando com nostalgia e que nunca viemos a conhecer.

Stuart Ferguson Victor Sutcliffe nasceu no dia 29 de junho de 1940 em Edinburgo, Escócia e era filho de Charles Sutcliffe, um oficial da Marinha Britânica e Millie Sutcliffe, uma professora. Stu tinha duas irmãs, Pauline (hoje detentora do espólio do irmão) e Joyce. A família mudou-se para a Inglaterra em 1943 e o pai de Stu estava sempre viajando, nunca tendo tenpo de ficar com os filhos. De 1946 a 1950, Stu cursou os primeiros anos de escola na Park View Primary School em Huyton. Terminou o curso secundário na Prescott Grammar School em 1956, indo estudar no Liverpool Art College, onde começou a se tornar um excelente pintor. Nesses primeiros anos, Stuart trabalhava como gari (lá chamado de bin man), carregando os caminhões de coleta de lixo nas ruas da cidade.

Em 1958, ele foi apresentado a John Lennon por um amigo comum, Bill Harry (que mais tarde seria um dos maiores divulgadores da cena musical chamada Mersey Beat). Os dois eram grande amigos com interesses diferentes. Enqnto Stu se aperfeiçoava como artista plástico, John estava às voltas com sua banda, The Quarrymen. Os três, cada um em sua área, formavam uma espécie de "Academia de Artes" dentro do Art College. Bill era o representante das letras, Stuart representava as artes plásticas e John Lennon a música. Em 1959, Stu dividia um apartamento em Gambier Terrace nº 3 com sua colega Margareth Chapman (1940-2000), que se tornou posteriormente uma grande pintora. O tio-avô da jovem, Charles  Lightoller (1874-1952) era segundo oficial do transatlântico Titanic e um dos únicos sobreviventes do naufrágio daquela embarcação. John também acabou se mudando para o apartamento do amigo e Margareth lhe oferecu o livro The Catcher in the Rye (O Apanhador no Campo de Centeio) de J.D. Sallinger.

No início de 1960, Stu acabou conhecendo os colegas de banda de John, Paul e George, que atendiam, naquele momento pelo nome de Johnny & The Moondogs, quando quando eram a banda residente do Casbah Club de Mona Best, cujo filho, Pete, se tornaria baterista deles no decorrer daquele ano. Stu havia vendido um de seus quadros pela soma de 65 libras esterlinas (um valor considerado alto) numa exposição, o que fez John convencê-lo a comprar um baixo e assim, ingressar na banda. Naquele momento, Stu era muito jovem e tocar numa banda dava status e reconhecimento com as garotas. Além disso, havia a questão da amizade que ele tinha por John. Mesmo não sendo afeito à música, apesar das parcas lições de piano que fez questão de abandonar quando em criança, Stu chegou a cantar no coral da escola e tocava clarim na Air Training Corps (Cadetes da Força Aréra Britânica). Atendendo à sugestão do amigo, foi com ele numa loja local comprar um baixo Höfner 500/5, o qual já estavam "namorando" há muito tempo. George ficou incumbido de ensinar a Stu as primeiras lições.

Em maio de 1960, os Beatles ensaiavam na casa de Paul em Forltin Road e alguns dsses ensaios foram gravados num gravador portátil. Esses são os únicos registros de Stu como membro da banda. O problema de Stu era tocar frequentemente o baixo nos shows, o que o deixava com calos nos dedos devido à falta de jeito.

Quando os Beatles começaram a tocar no Jacaranda Club de Allan Williams, Stu ainda era um pouco inexperiente. Não raro, sempre tocava de costas para a platéia. Brian "Cass" Casser, vocalista da banda Cass & The Casanovas, residente do bar, havia comentado com John que um nome como Johnny & The Moondogs era pura perda de tempo e que se usassem um nome como Buddy Holly & The Crickets seriam muito bem sucedidos. Stu, atento à conversa, rabiscou num pedaço de papel a palavra "crickets" (grilos) e pensou em alguns insetos e em seguida escreveu "beetles". Fez um jogo de palavras e chegou a Beatals, que acabou sendo adotado pelo amigo. Um tempo depois, John mudou o nome para Beatles com "a". Só que Allan Williams achava que era um nome muito curto. Assim, a banda começou a se chamar Long John & The Silver Beatles.

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stujohn8.jpg
Stu e John: verdadeiros irmãos


sexta-feira, 8 de abril de 2011

Casamentos Musicais: Gerry Goffin & Carole King

Continuando nossa série dentro do Biografias Musicais, vamos falar de um casal que ajudou a construir a música dos anos 60, sendo uma das melhores duplas de compositores daquela década.

Gerald "Gerry" Goffin nasceu no dia 11 de fevereiro de 1939 no bairro do Brooklyn em Nova York. Após se formar na Brooklyn Technical High School, ele se alistou na Marinha dos EUA. Em 1958, quando tinha 19 anos, começou a adquirir o gosto para escrever letras de músicas. Após um ano estudando na Academia Naval, ele desistiu da carreira militar e começou a estudar Química no Colégio Queens, onde ele conheceu o cantor Neil Sedaka e sua namorada Carole King. Junto com o jovem Paul Simon, os três formavam uma confraria de compositores.

Carole King, nascida Carol Klein no dia 9 de fevereiro de 1942 em Manhattan, Nova York. De família judaica, Carol aprendeu a tocar piano e tinha o sonho de se tornar uma grande artista, inclusive adicionando um "e" a seu nome e criando um novo sobrenome, para evitar conflito com os pais. Consultou a lista telefônica e gostou de "King". Começou a estudar na James Madison High School, onde formou um quarteto vocal. Quando ela foi para o Colégio Queens conheceu o jovem Neil Sedaka e os dois começaram a namorar. Neil já tinha uma certa fama como cantor e compositor e escreveu uma música dedicada à namorada, Oh Carol! que fez muito sucesso. Em resposta, ela escreveu Oh Neil!, um hit menor.

Carole e Gerry formaram uma parceria musical que culminaria com seu casamento em setembro de 1960. Foi nesse ano que eles conheceram o lendário produtor Don Kirchner que gostou da dupla e os contratou para trabalhar no lendário Brill Building, o prédio dos compositores. Um dos primeiros sucessos da lavra da dupla foi Will You Love Me Tomorrow, para The Shirelles (veja bio aqui). Essa canção seria regravada no anos posteriores por artistas como Dusty Springfield, Four Seasons, Jackie DeShannon, Bee Gees e a própria Carole King, para ficarmos nas mais famosas. Tiveram duas filhas: Louise e Sherry.

Em 1961, escreveram para Bobby Vee as músicas Take Good Care of My Baby (regravada por Dion & The Belmonts e  Bobby Vinton; os Beatles a interpretaram em seu teste na Decca Records) e Walkin' with My Angel (depois regravada pelos Herman's Hermits). Compuseram ainda Some Kind of Wonderful para The Drifters (regravada por Marvin Gaye e Carole King), Halfway to Paradise para Tony Orlando, Every Breath I Take para Gene Pitney e Don't Ever Change para The Crickets.

Em 1962, descobriram que a babá de suas meninas,  Eva Narcissus Boyd tinha talento musical e compuseram para ela, que começou a ser conhecida como Little Eva, o mega-hit The Locomotion (gravado depois por Grand Funk Railroad, entre outros) e o lado B Keep Your Hands off My Baby (que os Beatles tocaram em seus programas na BBC). Escreveram também Chains para o grupo The Cookies (que apareceu no primeiro álbum dos Beatles Please Please Me de 1963), He Hit Me (It Felt Like a Kiss) para The Crystals, Go Away Little Girl para Steve Lawrence (depois regravada por The Tams e The Happennings), Point Of No Return para Gene McDaniels, It Might As Well Rain Until September para Bobby Vee e para fechar a lista, um dos grandes clássicos dos Everly Brothers Crying in the Rain.

Em 1963, vieram Don't Say Nothin' Bad (About My Baby) para The Cookies, Old Smokey Locomotion para Little Eva, I Can't Stay Mad At You para Skeeter Davis, Hey Girl para Freddie Scott (regravada por Donny Osmond, Ray Charles e Billy Joel), e os clássicos One Fine Day para The Chiffoons e Upon the Roof para The Drifters.

Em 1964, escreveram I Can't Hear You no More para Betty Everett, I'm Into Something Good para Earl-Jean McRea (das Cookies), música que fez muito sucesso com Herman's Hermits; outra composição da lavra da dupla foi o clássico de Maxine Brown Oh No Not My Baby (regravada por Aretha Franklin, Manfred Mann e Rod Stewart). Eles eram tão queridos pelos artistas britânicos que os Beatles, quando de sua primeira visita aos EUA fizeram questão de visitar o Brill Building e conhecer o casal.

A partir de 1965, o rítmo de composições do casal começou a diminuir. Nesse ano, apenas uma composição deles foi gravada, Don't Forget About Me, para Barbara Lewis, que ficou muito longe do Top 50. Em 1966, escreveram Don't Bring me Down para The Animals, Goin' Back para Dusty Springfield (que foi mais bem sucedida com The Byrds) e I Can't Make it Alone para P.J. Proby (regravada por Dusty Springfield). Em 1967, escreveram dois clássicos: Pleasant Valley Sunday para The Monkees e You Make me Feel (Like a Natural Woman) para Aretha Franklin (música regravada por Laura Nyro e Rod Stewart). Nesse ano, Carole já começava a compor sem Gerry. Em 1968, Gerry e Carole decidiram se divorciar mas mantiveram a parceria. Escreveram Porpoise Song para The Monkees (tema do filme Head) e Wasn't Born to Follow para The Byrds. Carole começou a atuar como cantora e Gerry começou a colaborar com outros compositores como Barry Mann (Something Better para Marianne Faithful), Russ Titelman (o clássico Yes I Will gravado por Monkees e Hollies), Barry Goldberg (It's Not the Spotlight para Rod Stewart) e Michael Masser (So Sad the Song para Gladys Knight & The Pips).

No começo da década de 70, eles escreveram as últimas composições como dupla. Hi-De-Ho para Blood, Sweat & Tears (1970) e Smackwater Jack para Carole em seu premiado álbum solo Tapestry (1971). Nesse mesmo disco há um dos maiores hits de Carole King sem Gerry Goffin, It's Too Late (coautoria de Tony Stern). Outro grande sucesso dela como compositora  é You Got a Friend para James Taylor,  também gravada por Dusty Sprongfield e pela própia Carol posteriormente.

Se por um lado Carole teve um grande êxito em sua carreira solo como cantora, gravando muitos discos e frequentando às vezes as paradas de sucesso, Gerry Goffin fez ótimos trabalhos de comsposição e produção. Até hoje, ele só gravou dois discos como artista individual: It Ain't Exactly Entertainment (1973) e Back Room Blood (1995). As duas filhas do casal tornaram-se cantoras e compositoras, seguindo o exemplo dos pais.

Em 1990, eles foram introduzidos como dupla no Rock and Roll Hall of Fame e até hoje são reverenciados como uma das mais talenrosas duplas de compositores de todos os tempos.

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.history-of-rock.com/carole_king_and_gerry_goffin.htm
Carole King e Gerry Goffin: parceiros musicais

quinta-feira, 7 de abril de 2011

The Beatles Saga: o início dos Quarrymen

John decidiu formar sua banda de Skiffle e o violão que a mãe lhe comprara naquele ano de 1956 era o passaporte para levar a cabo seus planos. John e o vizinho Eric Ronald Griffiths (nascido no dia 31 de outubro de 1940 em Denbigh, North Wales) começaram a ter noções de violão com Julia Stanley, mãe de John. Só que o que ela ensinava eram acordes de banjo. As primeiras músicas que a dupla aprendeu a tocar foram Maggie Mae (tradicional) e That'll Be The Day de Buddy Holly de quem John era fã incondicional.

Os dois frequentavam a mesma escola, Quarry Bank High School, junto com o amigo de infância de John Peter (Pete) Shotton (nascido em Liverpool em 4 de agosto de 1941). Eles formavam uma gangue, se é que podemos chamar assim, liderada por Lennon. Eles não eram delinquentes juvenis mas eram a típica "turma do fundão" que aprontava com alguns alunos, puxavam o cabelos das meninas, enfim tudo o que estudantes de 15 ou 16 anos faziam. John era míope mas se recusava a usar óculos, temendo ser vítima dos valentões da escola por ter visual de nerd. Sua pose intimista e o olhar desafiador (graças à miopia) faziam com que sempre evitasse ser achincalhado por outros e se impor como líder do grupo. Estava tudo certo sbre suas funções na banda: Eric e John seriam os guitarristas e Pete ficou na tábua de lavar, já que não sabia tocar nenhum instrumento e a mãe concordou em lhe emprestar o apetrecho. Perto do fim daquele ano, Rod Davis (banjo) foi chamado por Eric e Pete convidou outro colega de escola, Bill Smith (baixo de caixa de chá), fechando a formação da banda, que foi batizada por John como The Blackjacks, por causa das jaquetas pretas de teddy boys que o grupo usava.

Em janeiro de 1957, descobriu-se que já tinha na vizinhança uma banda chamada Blackjacks e então tiveram que mudar de nome. Foi quando John e Pete tiveram a ideia de usar The Quarrymen, um trocadilho com a palavra "quarry men" (algo como pedreiros), usando uma estrofe do hino da escola que dizia Quarrymen, old before our birth (os homens de Quarry são velhos antes de seu nascimento). Tudo isso aliado ao fato de que todos eram alunos de Quarry Bank fez com que o novo nome fosse aceito.

Logo nos primeiros meses de vida, a banda teve uma baixa: Bill Smith havia tocado em uns dois shows e nunca estava presente nos ensaios. Resultado: foi limado da banda, levando seu baixo improvisado consigo. Para seu lugar, John chamou um de seus melhores colegas da Quarry Bank, Len Garry. John e Pete conversaram com os pais de Bill Smith e eles concordaram em ceder o instrumento do filho à banda. Em contato com Colin Hanton, um outro colega de Quarry, Eric ficou sabendo que ele havia adquirido um kit de bateria e prontamente o convidou para o grupo. Assim, naquele momento, os Quarrymen estavam completos. Como Len Garry não poderia dispor de tempo integral para atuar na banda, John arrumou dois amigos que poderiam quebrar um galho no baixo de caixa de chá. Eram eles Ivan Vaughan e Nigel Whalley. Este último, além de tocar de vez em quando, fazia as vezes de empresário da banda por ser muito bom de papo. Assim, os Quarrymen foram levando sua vida. Em julho de 1957 aconteceu um encontro que mudaria os rumos da história da música. Mas isso fica para um futuro post.

Fonte:
Wikipedia (em inglês)

Uma das primeiras fotos dos Quarrymen
(Da esq. p/ dir. Colin, Eric, John, Len, Pete e Rod)

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O Rebelde e a sua causa

Se estivesse vivo, ele estaria completando na última segunda feira, dia 4 de abril seu 53º aniversário. Rebelde, poeta, contestador são só algumas palavras usadas para descrevê-lo. Hoje vamos falar da voz de uma geração. Viva Cazuza!

Agenor de Miranda Araújo Neto nasceu no Rio de Janeiro no dia 4 de abril de 1958, filho de João Araújo, divulgador da gravadora Emi Odeon e de Lucinha Araújo. Seu apelido foi dado pela mãe desde que ela soube que estava grávida de um menino. É o nome dado a uma espécie de vespa e também o personagem central de um livro de mesmo nome do grande escritor Viriato Correa, contando suas histórias de infância.Seu nome de batismo foi imposto pela avó, Dona Alice, como homenagem ao avô, o Agenor de Miranda Araújo original. Cazuza nunca gostou de seu nome de batismo. Isso até descobrir que um de seus compositores prediletos, Cartola também se chamava Agenor.

Tendo nascido e crescido em Ipanema, Cazuza frequentava uma escola cara para os padrões de seus pais que não eram ricos mas queriam o melhor para o filho. Como os pais trabalhavam, Cazuza passava os dias com Dona Alice e talvez por ser muito solitário, era um menino muito quieto e comportado. Sua capacidade de compor era precoce. Aos 7 anos, já se aventurava em escrever letras que só a avó conhecia. Entre suas influências estavam Cartola, Dalva de Oliveira, Dolores Duran, Noel Rosa e Lupiscínio Rodrigues, com suas músicas cheias de carga dramática

Quando chegou a adolescência, porém, sua rebeldia começou a aflorar. Fã incondicional de roqueiros da pesada como Rolling Stones, Led Zeppelin, Janis Joplin e Jimi Hendrix, os quais conheceu quando de suas férias em Londres, o jovem vivia na boemia com amigos do Baixo Leblon. "Seo" João tentou colocá-lo nos eixos, chegando a fazer um acordo com ele para que se formasse em alguma coisa. Se fosse aprovado, ganharia um carro. O jovem escolheu estudar Comunicação. Irrequieto que ele só, Cazuza ficou pouco tempo no curso e voltou à sua vida transgressora de jovem roqueiro carioca, mergulhado no mundo regido pelo trinômio sexo, drogas e rock and roll. Metia-se em confusões e lá estava sempre o pai e a mãe sempre livrando-o das barras mais pesadas.

Para evitar mais problemas, o pai arrumou-lhe um trabalho na gravadora Som Livre, onde era presidente. Cazuza estava fazendo 18 anos mas seu espírito ainda estava perturbado. fez diversas coisas na gravadora, estudou fotografia nos EUA, mas ele ainda não estava sossegado. Isso só veio a aocntecer quando ele começou a estudar teatro com Perfeito Fortuna do lendário grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, de onde emergiram futuros nomes da TV e da música como Evandro Mesquita, Regina Casé, Patrícia Travassos e Luiz Fernando Guimarães, entre outros. Não que Cazuza quisesse ser um ator. Cazuza queria cantar e o fez quando concluiu o curso num musical montado por aluo chamado Pára-quedas do Coração. A convivência com grandes nomes da MPB como Elis Regina, Caetano Veloso, Gal Costa, João Gilberto, Novos Baianos, entre outros, que eram amigos de seus pais valeu a pena. Também gostava muito de Rita Lee e até chegou a escrever uma letra que ela musicou.

Em 1981, sua grande chance de encontrar uma turma adequada para suas pretensões veio quando o amigo Leo Jaime, o indicou para uma banda que estava sendo formada na Zona Sul. O próprio Leo havia sido convidado a integrar aquela banda mas seu estilo de cantar não era o ideal. A banda era formada por Roberto Frejat (guitarra), Maurício Barros (teclados), Dé (baixo) e Guto Goffi (bateria). O vocal gritado/vomitado de Cazuza combinou com o som proposto pela banda. Nascia assim, o Barão Vermelho (o nome já existia antes de Cazuza integrar o time). No início, eles faziam alguns covers e quando Cazuza estava bem familiarizado com seus novos amigos, mostrou-lhe suas letras.

Em 1982, a banda chamou a atenção do produtor Ezequiel Neves que ouviu a fita demo dos meninos e gostou. Convenceu o produtor da Sim Livre Guto Graça Melo a gravar um disco da banda mas eles esbarraram num problema: o veto do pai de Cazuza que não queria trabalhar com o filho com receio da pecha de nepotiismo. Depois de algumas conversas, João concordou em gravar o Barão. O primeiro disco chamado simplesmente Barão Vermelho tinha alguns clássicos da banda como Todo Amor que Houver Nesta Vida, Bilhetinho Azul, Down em Mim e Billy Negão. Havia mescla de músicas bem básicas e juvenis e alguns Blues mais contundentes e densos. Apesar da energia do disco, ele teve uma vendagem muito modesta.

Em 1983, veio o segundo álbum Barão Vermelho 2 e a parceria de Cazuza e Frejat ficou mais madura e coesa, dominando quase todo o disco, que tem o clássico do barão Pro Dia Nascer Feliz. A vendagem foi boa e a banda começou a fazer shows. A banda contava com alguns padrinhos de peso como Caetano veloso que apontava Cazuza como o poeta da nova geração e Ney Matogrosso (interesse amoroso do cantor) que ao gravar uma versão de Pro Dia Nascer Feliz abriu o intersse das rádios da época na música do Barão. Até então, eles tinham a pecha de banda maldita.

O estouro da banda veio em 1984 quando eles gravaram seu terceiro álbum Maior Abandonado, cuja faixa título e Por Que que a Gente é Assim? garantiam presença nas paradas. Outra faixa famosa, o clássico da banda, Bete Balanço foi usada no filme homônimo, estrelado por Debora Bloch e Lauro Corona.

Em 1985, começaram alguns desentendimentos internos no Barão por conta da vontade que Cazuza tinha de se dedicar a compor e criar e não ficar seguindo agendas de shows, visto que a banda tinha ssumido inúmeros compromissos. Mesmo assim, fizeram um show impecável no primeiro Rock In Rio, tendo sido uma das bandas mais destacadas daquele festival. Nesse ano também, houve um boom de bandas nacionais criando o advento do Rock Brazil, onde destacaram o Barão, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e Titãs. Num show controverso da banda, Cazuza acabou anunciando sua saída do Barão, o que abalou sua amizade com Frejat por anos. Após uma breve parada para tratar uma pneumonia, Cazuza empreendeu seu primeiro vôo solo no álbum Exagerado, lançado no final daquele ano. Além da faixa título, outros destaques eram Codinome Beija Flor e Só as Mães são Felizes que teve problemas com a censura.

Até o final da década de 80, Cazuza foi trabalhando seus discos solo e shows. Em 1986, saiu o segundo álbum Só se For a Dois, o primeiro fora da Som Livre, que havia dissolvido seu cast. Fechou assim com a Polygram, por recomendação do pai. O disco destaca a faixa título e O Nosso Amor  Gente Inventa (Uma Estória Romântica), destaque de uma novela da TV Globo. Em 1987, começou a ter problemas de saúde que o fizeram procurar o médico para um novo exame de HIV já que o primeiro feito em 1985 tinha dado negativo. Ele era bissexual e tinha uma vida muito promíscua e desregrada. Infelizmente, os temores de Cazuza se concretizaram: ele era soropositivo. Começou um tratatamento a bse de AZT nos EUA. De volta ao Brasil em 1988, gravou seu trabalho mais significativo, o álbum Ideologia, com letras políticas profundas, como se pode comprovar na faixa título e Brasil, que se tornou um hino contra a corrupção no país e foi um grande sucesso na voz de Gal Costa. Ainda se destacam o Blues da Piedade e o lirismo de cazuza em Faz Parte do Meu Show, uma homenagem a João Gilberto. Em 1989, veio o álbum ao vivo O Tempo Não Para, com destaque para a faixa título e outras dos discos anteriores. Mesmo sentindo os problemas acarretados pela AIDS, Cazuza mostrou disposição e coragem nunca vistos. Ao invés de se entregar à autopiedade, começou a lutar como podia para se manter vivo, sempre apoiado pela família, sobretudo dona Lucinha, sua mãe. Nesse ano, gravou seu derradeiro álbum Burguesia, onde sua crítica política era muito mais corrosiva a partir da faixa título. Cazuza já estava na fase terminal da doença e gravou as faixas numa cadeira de rodas. Sua voz já não tinha a força que o caracterizava como intéprete.

No primeiro ano da década de 1990, os problemas se agravaram ainda mais e Cazuza foi muitas vezes internado. No dia 7 de julho, o Brasil perdia um de seus jovens mais talentosos e os amantes do Rock brasileiro ficavam órfãos de um de seus grandes intépretes que deixou um acervo de composições considerável, sendo muitas músicas inéditas.

Lucinha Araújo, sua mãe passou a se engajar na luta pela melhora de vida dos portadores do vírus da AIDS e contra a discriminação que muitos deles sofriam através da associação Viva Cazuza. Se houvesse no Brasil um Rock and Roll Hall of Fame, Cazuza com certeza estaria lá ao lado de outro ilustre roqueiro que também tombou vítima da AIDS, Renato Russo.

Fonte:
Wikipedia
http://www.cazuza.com.br/sec_biografia.php?language=pt_BR&page=6


Melhores musicas Cazuza
O irrequieto e rebelde Cazuza em sua melhor fase
Foto: O Globo

terça-feira, 5 de abril de 2011

O Grande Poeta do Soul finale

Após a morte da grande parceira Tammi Terrell, Marvin ficou devastado e não queria mais fazer outro disco de duetos, tamanha foi a comoção da perda. Pensou por um momento até em desistir da carreira para jogar futebol americano (acredite se quiser). Mas como o tempo cura todas as dores, Marvin levou 3 meses para começar a voltar a tocar o barco. The life must go on.

Entrou em estúdio para gravar algumas músicas, entre as quais What's Goin' On, uma de suas composições mais reflexivas e um verdadeiro clássico. Contando com a parceria de Renaldo "Obie" Benson dos Four Tops e Al Cleveland para escrever a letra, era a primeira vez que ele saía do lugar comum sobre o sentimento entre um homem e uma mulher para falar coisas sobre a ecologia, brutalidade policial e sentimentos contra a guerra, realidades duras de sua época. Isso gerou um certo mal estar com Berry Gordy que o conselhou a não lançar a música. Não que ele fosse contra um artista do cast da Motown fazer críticas ao status quo. The Temptations e Edwin Starr já haviam feito isso antes. O problema era que Marvin era um artista com uma imagem de cantor romântico e sensual e tal inclinação política poderia comprometer a carreira do cantor.

Com o veto do chefe, Marvin recusou-se agravar o que fosse para a gravadora. Essa queda de braço entre Marvin e Berry durou até 1971, quando o big boss da Motown deixou que a música fosse gravada, tendo como lado B God is Love. Surpreendido pelo sucesso e o retorno comercial, Gordy pediu que Marvin fizesse um álbum com outras músicas assim. Aí, foi gravado What's Goin' On, o álbum, que além da música que fez um imenso sucesso tinha outras músicas que falavam de abuso de drogas, apelo contra a violência e a guerra, poluição e eoclogia. São deataque nesse álbum as músicas Mercy Mercy Me (um hino negro à Ecologia), Inner City Blues (Make Me Wanna Holler), What's Happenning Brother? e Save The Children, entre outras. O álbum foi um dos mais importantes da carreira de Marvin Gaye e um divisor de águas na história da música negra dos EUA.

Em 1972, Marvin gravou a trilha sonoroa do filme de blaxpolitation The Trouble Man, a exemplo do que Isaac Hayes (com Shaft)e Curtis Mayfield (com Super Fly), dois nomes de peso do Soul já haviam feito. Esse é um dos álbuns com músicas assinadas por Marvin sozinho. Ele faz uma ponta no filme.

Em 1973, ele gravou o álbum Let's Get It On, onde Marvin vira o jogo e deixa de ser o típico romântico que gosta de andar de mãos dadas e dar uns beijinhos na testa da namorada para ser um pouco mais, digamos, levadinho, no sentido erótico da coisa, querendo ir direto às vias de fato (o título do álbum significa numa tradução mais literal "vamos transar"). Além da faixa título, podemos citar Please Stay (Once You Go Away), Keep Get It On (muito mais sugestiva) e Just to Keep You Satisfied. Ele acabou conhecendo uma garota de 17 anos chamada Janis Hunter por quem ficou muito interessado. Nesse ano, Marvin gravou com a cantora Diana Ross o álbum Diana & Marvin, seu derradeiro disco de dueto com cantoras, onde se destacam, entre outras coisas You Are Everything e Stop, Look Listen (que foram sucessos com The Stylistics), My Mystake e uma releitura linda e emocionante de Pledging My Love de Johnny Ace.

De 1974 até o fim da década, Marvin voltou a fazer turnês, o que não fazia desde 1970, quando estava ás voltas com sua depressão por causa da saúde da parceira Tammi Terrell. Isso acabou gerando Marvin Gaye Live! (1974), o segundo álbum ao vivo do cantor em quase onze anos (o último havia sido Marvin Gaye Live on Stage de 1963). Marvin e Janis estavam muito apaixonados e tiveram uma filha, Nona. Desse relacionamento extraconjugal, nasceu-lhe, em 1975, o segundo filho, Frankie. Em 1976, veio o álbum I Want You que não teve um grande êxito comercial. Seu casamento com Anna estava chegando a um nível insuportável por causa da relação com Janis e então eles acabaram se separando. Em 1977, veio o último álbum ao vivo de Marvin chamado Live at London Palladium, de onde saiu o clássico Got to Give It Up, ao mesmo tempo em que o divórcio entre Marvin e Anna se consolidava. Em 1978, tendo Janis por esposa, com quem se casara no final do ano anterior, gravou o álbum duplo Here My Dear com destaque para a faixa título, Everybody Needs Love e Falling in Love Again, que não tem nada a ver com o clássico dos anos 30 interpretado pela atriz alemã Marlene Dietrich no filme Der Bleue Angel (O Anjo Azul). Seu relacionamento com Janis também começoua desandar, pois Marvin havia se tornado um mulherengo contumaz.

Chega a década de 80 e com ela o fim do relacionamento de Marvin com a Motown. O álbum In Our Lifetime de 1981 é o derradeiro trabalho dele com a gravadora após 20 anos. Destaque para Praise e Ego Tripping Out. Nesse ano, Marvin e Janis se divorciaram

Em 1982, vida nova, gravadora nova. Marvin fechou contrato com a Columbia Records, onde gravou o álbum Midnight Love (que seria seu último disco em vida), com destaque para faixa título, Joy e seu grande clássico Sexual Healling, uma de suas músicas que segue a linha de Let's Get It On. A divulgação desse álbum e a elaboração da campanha para Sexual Healling através da veiculação através de videoclips fizeram com que Marvin se reaproximasse do velho amigo e mentor Harvey Fuqua. Essa música acbou sendo a antrada de Marvin Gaye nos anos 80, dando-lhe grande prestígio e seus dois primeiros e únicos Grammy Awards, sendo um deles pela Melhor Performance Masculina.

Em 1983, ganhou alguns prêmios e cantou Star Spangled Banner, o Hino Nacional dos EUA durante um jogo da NBA. Teve sua última performance durante as comemorações dos 25 anos da Motown, quando reencontrou o velho amigo e ex-chefe Berry Gordy, numa prova que qualquer rusga entre eles não mais existia. Na ocasião, Marvin cantou seu grande sucesso What's Goin' On. Durante esse ano, Marvin começou a apresentar sintomas de problemas de desgaste mental, aliado a uso de drogas, o que o fez entrar numa pane (dizem que até tentou o suicídio). Ficou recluso na casa dos pais para se reabilitar.

Em 1º de abril de 1984, um dia antes de completar 45 anos, veio a fatalidade: ele foi alvejado com um tiro pelo próprio pai e morreu. Após anos de desentendimento com o pai, Marvin entrou numa acalorada discussão com ele sobre alguns documentos perdidos e o saldo foi trágico. Uma das mais belas vozes da música era calada por uma arma de fogo, tal qual John Lennon em 1980. Marvin Sr. foi preso e condenado a seis anos de prisão pelo crime, sentença alterada quando se descobriu que ele estava com um tumor cerebral. Acabou morrendo em 1998 após contrair uma pneumonia. Que Deus tenha piedade de sua psicótica alma.

Marvin tinha admiradores tanto no Soul quanto no Rock e sua morte foi muitíssimo sentida. Nos anos seguintes, sua memória foi mantida através do lançamento de muitas coletâneas e discos póstumos. Ele foi intrduzido ao Rock and Roll Hall of Fame em 1987 e recebeu uma estrela na Calçada da Fama em Hollywood em 1990.

Em duas ocasiões diferentes, seus colegas de Motown prestaram-lhe lindas homenagens: Diana Ross com a música Missing You ( de autoria de Lionel Ritchie)  de 1984 e The Commodores com Nighshift, de 1985, onde também homenagearam outro grande Soulman que também havia morrido em 1984, Jackie Wilson.

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.history-of-rock.com/marvin_gaye.htm


Marvin e Diana Ross: outro grande dueto


segunda-feira, 4 de abril de 2011

O Grande Poeta do Soul parte 3

Em 1966, Marvin Gaye já era um nome consagrado no Soul e muitos artistas britânicos o consideravam uma influência em suas carreiras. Gravou o álbum Moods of Marvin Gaye que, entre outras múscas, contém dois clássicos dele: I'll Be Doggone e Ain't That Peculiar (uma parceria com Smokey Robinson). Gravou nesse ano também seu segundo álbum de duetos, Take Two com a cantora Kim Weston, cuja música It Takes Two se tornou um clássico da Motown.

Em 1967, Marvin realizou seu melhor dueto com a cantora veterana Tammi Terrell, que já havia trabalhado com James Brown. Marvin e Tammi tinham uma química nunca vista antes em parcerias entre homens e mulheres, o que gerou algumas fofocoas no meio musical de que os dois estivessem tendo um caso. Ambos negaram todos os boatos emergentes, dizendo que sua relação era fraterna. Marvin era muito bem casado com Anna Gordy e Tammi estava firme no seu namoro com o vocalista dos Temptations David Ruffin'. Pode-se dizer que o "casal 20" da Motown emplacou 3 álbuns nos anos seguintes. O primeiro foi United, com o super-clássico do Soul Ain't No Mountain High Enough, uma composição de Ashford & Simpson. Além dessa música, considerada o carro-chefe do disco, ainda há outra composição de Asford & Simpson Your Precious Love e uma versão de Something Stupid, música que foi sucesso com Frank Sinatra e sua filha Nancy Sinatra e aqui no Brasil, como Coisinha Estúpida de Leno & Lilian.

Em 1968, Marvin e Tammi repetiram a parceria e gravaram o álbum You're All I Need com destaque para Ain't Nothing Like the Real Thing e You're All I Need To Get By, ambas de Ashford & Simpson, entre outras. Numa apresentação da dupla, Tammi desmaiou nos braços de Marvin, o que preocupou a produção. Pouco depois, constatou-se que a cantora tinha um tumor malígno e teve que fazer uma cirurgia para retirá-lo. Paralelo ao trabalho com Tammi, Marvin gravou um disco solo I Heard It Through the Grapevine, cuja canção título havia sido gravada por Gladys Knight & The Pips alguns meses antes. Esse é um dos grandes clássicos do Soul e do Rock and Roll (sua versão com Creedence Clearwater Revival fez um grande sucesso). Aquelas deliciosas harmonias da versão de Gaye foram gravadas pelo grupo feminino The Andantes, que já trabalhava com o cantor desde seu primeiro disco pela Motown. Outro destaque do disco é o clássico Some Kind of Wonderful de Goffin & King.

Em 1969, veio o derradeiro álbum de Marvin e Tammi, Easy com quase todas as músicas compostas por Ashford & Simpson, com destaque para The Onion Song e Good Lovin' Ain't Easy to Come By. Há também versões para clássicos do Soul como I'm Your Puppet (original de James & Bobby Purify) e Baby I Need Your Lovin' (The Fout Tops). Tammi ainda estava adoentada e participou de algumas sessões do álbum. Em muitas delas, Valerie Simpson  (coautora das músicas do álbum) ajudou Marvin nas partes das harmonias vocais. As partes solo foram gravadas pela própria Tammi em sessões antes do agravamento de seu estado de saúde. Nesse ano, Marvin também gravou uma coletânea chamado Marvin gaye and His  Girls, apresentando duetos variados com cantoras do cast da Motown como a própria Tammi, Valerie Simpson, Mary Wells e Kim Weston (as duas últimas haviam gravado os duetos anteriores). Ao mesmo tempo dessa compilação, Marvin gravou o álbum M.P.G. (as iniciais de seu nome de bastismo), investindo no Soul Psicodélico, uma tendência na época. Destaque para as músicas Too Busy Thinking About My Baby (original dos Temptations), That's the Way Love is (Isley Brothers)e sua versão para o clássico dos Drifters This Magic Moment.

Em 1970, gravou o álbum That's the Way Love is (repetindo o título de uma canção do álbum anterior) que tem como destaque a versão de Marvin para o clássico dos Beatles Yesterday (uma das mais belas versões da música), o grande clássico Abraham, Martin and John (homenagem a dois presidentes americanos, Abraham Lincoln e John F. Kennedy e o grande líder Martin Luther King, todos assassinados), o carro-chefe do disco Gonna Give Her All the Love I've Got (original de Jimmy Ruffin') e Groovin' (original dos Rascals). Em março daquele ano, a tragédia: a querida parceira, amiga e irmã, Tammi Terrell faleceu aos 24 anos de idade apenas. Marvin, que já estava em depressão por causa da doença, ficou devastado com a morte de Tammi.

continua no próximo post

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.history-of-rock.com/marvin_gaye.htm

84889158, Redferns /Redferns
Marvin & Tammi: um dos mais belos dueto do Soul
Foto: Getty Images



domingo, 3 de abril de 2011

O Grande Poeta do Soul parte 2

Em 1961, Marvin Gaye trabalhava com o amigo Harvey Fuqua e sua esposa Gwen Gordy em seus selos Harvey Music e Tri-Phi Records quando conheceu o cunhado de Harvey, Berry Gordy que naquele momento estava fundando uma gravadora que revolucionaria a música negra nos anos 60. As histórias sobre o encontro entre os dois tem muitas versões. Numa delas, Gordy teria conhecido Marvin quando os New Moonglows faziam um show numa casa noturna. Berry teria ficado impressionado com a performance de Marvin e feito o convite para fazer parte de sua futura gravadora. Noutra, Marvin teria se convidado a Gordy para cantar na festa de Natal da Motown e durante uma performance ao piano e voz do clássico do Doo wop Mr. Sandman, chamou a atenção de Berry. Houve uma negociação do "passe" de Marvin junto a harvey que teria pedido 50% da porcentagem de ganhos de Gaye. Um ano depois, as gravadoras de Fuqua e Gwen foram absorvidas pela Motown e todos se tronaram sócios.

Nesse seu início na gravadora, Marvin atuava mais nos bastidores, compondo, produzindo e tocando (principalmente bateria) em músicas dos artistas da casa como The Marvellettes (os clássicos Please Mr.Postman, Beechwood 4-5789 e Playboy), o jovem Stevie Wonder (Fingertips), Martha & The Vandellas (Dancing in the Street, uma composição de Marvin), The Supremes e The Contours. Ao  trabalhar como baterista da banda de apoio do grupo The Miracles, tornou-se grande amigo do vocalista Smokey Robinson, com quem fez algumas parcerias ao longo da carreira. O primeiro álbum de Marvin pela Motown foi Soulful Moods of Marvin Gaye, misturando jazz com R & B.

Em 1962, Marvin começou um relacionamento com Anna Gordy, irmã do big boss da Motown, com que se casou em 1964. Marvin continuava seu trabalho nos bastidores e gravou seu segundo álbum That Stubborn Kind of Fellow, cuja canção Stubborn Kind of Fellow se tornou um clássico do cantor. O álbum tem outros dois clássicos\; Hitchchike e Pride and Joy. Essa segunda música foi um grande hit no ano seguinte, chegando aos primeiros lugares das paradas. Ainda nesse ano, começou a excursionar com as estrelas da gravadora no show Motortown Revue.

Em 1963, veio seu primeiro álbum ao vivo Marvin Gaye Recorded Live on Stage. Seu single Can I Get a Witness/I'm Crazy 'bout My Baby ficou no Top 40 mas foi reposnável em apresentar Marvin a uma leva de grandes nomes do Rock and Roll na Inglaterra, entre os quais Beatles, Rolling Stones (que gravaram um cover da música) e Rod Stewart, entre outros. Marvi se tornou referência entre produtores, entre os quais Phil Spector.

Em 1964, gravou o álbum When I'm Alone and Cry e vários singles como You're a Wonderful One, Try It Baby, Baby Don't You Do It e How Seet It is (To Be Loved By You), que chegou ao segundo lugar nas paradas e What Good Am I Without You, um dueto com Kim Weston. Fez aparição em inúmeros programas de TV, entre eles o T.A.M.I. Show. Veio seu casamento com Anna, sua consagração como um dos grandes nomes da Motown. Nesse ano gravou ainda o álbum Hello Broadway onde ele canta vários standards de musicais, entre os quais Hello Dolly e What Kind of Fool Am I. Nesse ano, Marvin começou a gravar seus famosos discos de duetos com grandes nomes femininos da Motown. Para inaugurar a série, ele fez dueto com Mary Wells no álbum Together. Os Beatles quando fizeram sua primeira viagem aos EUA mostraram o quanto eram fãs de Marvin. Quando o DJ Murray The K perguntou que música eles querem ouvir, Pride and Joy foi a resposta de Paul McCartney, um fã incondicional da verve romântica do cantor. De volta á Inglaterra, Lennon & McCartney compuseram You Can't do That, uma música que emulava Hitchhike de Marvin.

Em 1965, foi gravado o álbum How Seet It is To Be Loved By You, homônimo do single de sucesso lançado no ano anterior. Os singles lançados em 1964 também figuram no disco. Desse ano também e o álbum Tribute to the Great Nat King Cole, onde canta grandes pérolas desse grande cantor, uma das mais belas vozes de todos os tempos. Algumas músicas: Mona Lisa, Too Young e Unforgetable.

Continua no próximo post


Wikipedia (em inglês)

73992292,  /Michael Ochs Archives
Marvin Gaye cantando com Martha & The Vandellas (1962)
Foto: Getty Images



sexta-feira, 1 de abril de 2011

O Grande Poeta do Soul parte 1

Ele foi um grande cantor, um dos fundadores da gravadora Motown e o primeiro artista negro a compor temas a favor da Ecologia. No dia 1º de abril de 1984, véspera de seu aniversário, um dos grandes expoentes do Soul era assassinado, deixando-nos órfãos de seu carisma e sua bela voz. Estamos falando do grande e saudoso Marvin Gaye.

Marvin Pentz Gay Jr. nasceu no dia 2 de abril de 1939 em Washington D.C., capital dos EUA, filho do pastor evangélico Marvin Pentz Gay Sr. e da dona de casa e professora Alberta Cooper Gay. Marvin, seus pais e seus irmãos Jeanne, Zeola e Franklin viviam num bairro segregado da capital americana chamado Deanwood. Marvin Sr. atuava como pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia e tinha um rigoroso código de conduta baseado no Judaísmo Ortodoxo e Pentecostalismo, o que lhe atribuía um perfil violento. O pai de Marvin ficou ainda mais violento depois que a igreja não o escolheu como bispo daquela comunidade. Marvin Jr. começou a cantar no coral da igreja aos 3 anos e aprendeu a tocar vários instrumentos. A música era a válvula de escape contra as constantes surras que levava do pai. Quando estava no ginasial, Marvin cantou num grupo chamdo The Dippers com seu melhor amigo Johnny Stewart, irmão do célebre cantor Billy Stewart, que se consagrou nos anos 60 com sua versão do clássico de George Gershwin Summertime. Depois, começou a tocar bateria num grupo local chamado DC Tones  que tinhsa como membros outro grande amigo Reese Palmer e a cantora Sondra Lattisaw (cuja filha Stacy Lattisaw tornou-se um grande nome do Soul nos anos 80). Paralelo á banda, ele fazia um bico como carregador de tacos de golfe.

Após deixar o ginásio, Marvin se alistou-se na Força Aérea Americana, onde ficou até 1957. Ele foi dispensado por alegar ter uma doença mental. Não tendo mais a obrigação militar e reencontrando Reese Palmer, velho amigo e ex-colega de DC Tones, ele passou a se dedicar exclusivamente à música ao formar com Palmer o grupo de Doo wop The Marquees, seu primeiro grupo mais regular. Além de Marvin (segundo tenor) e Reese (primeiro tenor), James Nolan (barítono) e Chester Simmons (baixo)completavam o time. Marvin resolveu adotar seu nome artístico adicionando um "e" ao seu sobrenome, inspirado pelo grande cantor Sam Cooke (veja bio aqui), que fez a mesma coisa [seu sobrenome era Cook]. Ainda em 1957, o grupo gravou seu primeiro single Wyatt Earp (lado B Hey Little Schoolgirl). Depois, ainda fariam apoio ao cantor Billy Stewart em seu single Billy's Heartache (lado B Baby You're My Only Love).

Em 1958, o grupo foi descoberto pelo grande Bo Diddley numa apresentação num clube da capital e foi convidado a fazer apoio em seu single I'm Sorry (The Marquees não participaram da música do lado B, Oh Yeah). Foi nesse momento que os Marquees conheceram Harvey Fuqua, líder do famoso grupo de Doo wop The Moonglows. Fuqua recrutou-os para uma nova formação de sua consagrada banda, trocando assim seu nome por The New Moonglows, onde Marvin atuava como baterista. O grupo passou a atuar como apoio a grandes nomes da lendária gravadora Chess Records como Chuck Berry e Etta James. Harvey e Marvin tornaram-se grandes amigos, sendo que o líder dos Moonglows tornou-se produtor e empresário do cantor nas décadas seguintes. O single lançado pelo grupo, Twelve Months of Year fez um certo sucesso. Ali, Marvin fazia um monólogo falado num trecho da música. Em 1959, Marvin fez sua estréia como vocalista principal do grupo ao cantar Mama Loochie. O single fez sucesso em Detroit. Nessa época, Marvin e seus colegas foram presos por porte de uma pequena quantidade de maconha.

Em 1960, Harvey decidiu dissolver a banda mas manteve Marvin consigo, ao mesmo tempo em que conheceu Gwen Gordy com quem começou a desenvolver uma relação amorosa e profissional. Depois de se casarem, Harvey e Gwen fundaram dois selos: Harvey Records e Tri-Fi Records. Marvin assinou com o casal e começou a trabalhar com eles junto com alguns cantores iniciantes como David Ruffin (futuro vocalista dos Temptations) e Junior Walker (cuja banda The All-Stars faria muito sucesso na década de 60). Marvin tocou bateria no primeiro grande hit da Tri-Fi, o single That's What a Girl Are Made For (lado B Hebbie Jeebie) do grupo The Spinners (que se consagraria nos anos 70). foi mais ou menos nessa época, que Marvin conheceu Berry Gordy, fundador da lendária Motown.

Continua no próximo post

Fonte:
Wikipedia (em inglês)
http://www.allmovie.com/artist/11:hifrxqe5ldke
http://www.marvingayepage.net/
http://www.history-of-rock.com/marvin_gaye.htm


Marvin Gaye e The Marquees: início de carreira